Crise da meia-idade

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O evoo via-se preso em um estado crônico entre o tédio e a inquietude. Um equilíbrio quase perfeito. Era como se seu corpo vibrasse sem sair do lugar. Um tremor interno que deixava sua respiração descompassada. As paredes pareciam encolher como se a qualquer instante fosse lhe esmagar. Esperar era um problema.

Há horas esperava por Derek. Estava cansado de esperar. O notebook jazia em seu colo, a tela escureceu minutos atrás devido ao desuso. Havia desistido de procurar aplicativos e das tentativas infrutíferas em dissecar o controle. Estava ficando frustrado. A maioria não funcionava e fazia o antivírus notificar feito louco.

De quando em quando ele virava a cabeça por cima do ombro. Encarava na direção da porta e ficava a olhar naquela mesma direção. Como se ela fosse se abrir a qualquer instante e o homem fosse entrar. Mas não aconteceu tão logo.

Os minutos se arrastaram como em um dia quente de verão. Se transformando em horas com a mesma lentidão sôfrega. Stiles tentava se distrair como podia. Mas nada funcionava de fato. Sua mente estava inquieta. A esperança que conseguira – depois de descobrir que o lugar que ocupava era do seu irmão – era frágil como seda. Era cansativo lutar contra os próprios pensamentos, em não pensar besteiras, focar nos contras. Mas a sua realidade lhe causava pessimismo. Era uma crosta de sal que ardia a pele.

Na tevê passava um documentário sobre peixes-baleias. Sempre que um aprecia – por mais breve que fosse – tentava contar as manchinhas brancas na pele azulada do animal. Os olhos percorriam o corpo de um canto da televisão a outra. Não absorveu nada do programa. Não sabia dizer se era sobre a extinção, a reprodução ou simplesmente a vida deles. Usava a contagem como um escape. Geralmente funcionava. As grades do quarto, os furinhos redondos nas portas de acrílico, a quantidade de azulejos que ia do chão ao teto. Mas ali não adiantou, perdia-se na velocidade das imagens, na quantidade de manchinhas pálidas e por não ter notícias do Hale.

Queria saber qual fora a ideia que Derek tivera. Mal lhe explicou. Apenas sabia que se tratava do amigo que lhe comprara e outro. Não negaria que estava começando a se preocupar com o moreno. Afinal ele lhe dera a palavra que não iria demorar. E Derek não parecia ser do tipo que descumpria sua palavra ou não dava notícias. Ele, Stiles, tinha isso em mente mesmo com o recente convívio.

Stiles passou a encarar o telefone também. Ficava em cima de uma mesinha de três pernas ali perto. Como se ele fosse tocar milagrosamente e Derek estivesse do outro lado. Queria ter pego número de Derek. Poderia ter ligado do fixo mas não o fez e agora se remoía.

Sua ansiedade estava acabando consigo. Ficar parado era um tortura. Há tempos havia se arrependido de não ter ido com o homem.

Um bocejo escapou da sua boca. Stiles verificou as horas no menu da televisão. Havia empurrado notebook para longe de si. Eram quase duas da manhã. Embora o cansaço fosse nítido sabia que não conseguiria dormir, tal como no dia que estivera naquela casa pela primeira vez; muito embora os motivos fossem diferentes.

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