Ser é ser percebido

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Derek havia pego um calção e uma camisa no mínimo dois números maior que o seu. Foi uma velha maneira, que muitos usavam, que encontrou para de disfarçar a sua pança. Os olhares que atrai a passaram a lhe incomodar desde que perderam a definição perfeita do seu abdômen. Ele quase podia ouvir os sussurros, a reprovação. Era uma forma de tentar passar despercebido.

Após amarrar os cadarços do tênis ele se aqueceu ali mesmo no seu quarto. Alongando os braços e pernas, uma corridinha sem sair do lugar. Saiu do cômodo já pronto para sua caminhada crepuscular.

Ele caminhou com certa pressa e foi só quando passava pelo corredor, já alcançando da porta, foi que se lembrou do seu inquilino. Derek parou ali mesmo sem saber o que fazer. Não achava uma boa ideia deixar Stiles ali sozinho.

O evoo passara o dia sozinho, meio recluso e avoado. Um retrocesso em comparação ao dia em que se livrou da coleira e os dias seguintes destes. Derek ainda não o entendia muito bem. E evitou enche-lo de perguntas. Sabia como era doloroso reviver lembranças difíceis. E Stiles parecia cheio delas.

Ali mesmo Derek tomou uma decisão. Logo rumou para sala e espiou o interior, olhando ao redor. O cômodo estava em silêncio, a televisão estava desligada. O que era estranho, dada a fixação do evoo por programas aleatórios.

O moreno começou a se perguntar se ele não estaria no quarto de hóspedes – onde passou a ficar – quando sentiu uma brisa suave balançar seus cabelos. Percebeu que a porta da varanda estava aberta, as cortinas esvoaçavam, e notou que as portas estavam escancaradas.

Derek caminhou até o local, encontrando o evoo ali. Stiles estava sentado em uma das cadeiras. Os olhos grudados no manual de instruções, que mais uma vez folheava. Já havia perdido as contas de quantas vezes pegou o castanho lendo aquilo. Ele não fazia ideia de o que tão interessante poderia haver ali.

— Está muito ocupado? — Perguntou, se aproximando e se sentando na outra cadeira.

Stiles ergueu os olhos e o encarou, de cima a baixo, com atenção.

— Mais ou menos. — Disse-lhe. Os olhos pareciam tremer como se quisessem voltar para as páginas. — O que foi?

— Nada. — O moreno garantiu. E antes que o evoo tornasse a fitar o punhado de papéis falou: — Só queria saber se você não está afim uma volta.

Propôs. “Dar a volta” era o sentido literal da palavra. Ele mesmo não saia desde que o evoo chegara ali.

— Dar uma volta? — O evoo franziu o cenho. — Tipo, sair daqui?

Derek assentiu fazendo uma careta. Pensando nas escolhas de palavras e em como elas poderiam soar estranhas. Ele apontou para um ponto ao lado do prédio em que estavam, onde sempre se exercitava.

— Você está falando lá fora?

Stiles exclamou surpreso. O que, de início, Derek não entendeu muito bem.

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