Capítulo Dez: Uma Perfeição Simples

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ANDREA SACHS POV

Não que eu acredite tanto, mas ouvi certa vez que chorar em frente à outras pessoas era como chorar em frente à tubarões. Não tenho tanta certeza disso, mas talvez posso concordar, e um dos lemas da minha vida era nunca deixar minhas emoções serem tão expostas, para quem quer que fosse. E eu estava fazendo isso completamente bem. Mas agora, misteriosamente ou nem tanto, cá estava eu abraçada em Miranda como uma criança assustada.

E o louco disso tudo, ela não me afastou.

E não sei dizer se isso estava me mantendo bem ou piorando a minha situação. Porque seu cheiro ao mesmo tempo em que me acalentava, ao mesmo tempo me desesperava. Seus dedos alisavam minhas costas, sua respiração estava bem audível, e ela não falou uma palavra. Somente ficou em silêncio.

Estar com ela era precisar estar pronta para grandes surpresas. E sinceramente? Eu não sei se meu coração está pronto para vê-la ser tão apaixonante assim como está sendo agora.

Ela me puxou mais para perto. Suspirou algumas vezes, parecia prestes a falar alguma coisa, mas parava no meio do caminho. O que quer que a impedia, não parecia ter pena. Eu já estava mais calma, respirava direito, e me sentia um pouco melhor. Não tanto, mas um pouco. Eu sabia que estava literalmente tentando fundir os nossos corpos, mas eu não queria que ela me largasse. Não agora.

Até que ela suspirou de novo, e disse baixinho:

- Andreah?

A voz calma foi capaz de curar minhas feridas.

- Hum? - Eu resmunguei, totalmente atenta.

- Eu só queria dizer que...

A voz dela ficou fraca mas o aperto de meus dedos não. Senhor! Eu já estava começando a me desesperar novamente. Ela alisou meus cabelos com uma mão e as costas com a outra. Também não queria me afastar, e eu fiquei feliz com isso.

Ela ficou em silêncio por mais um tempo, seu coração contra o meu, até que me encontrei sem ar quando ela disse o que eu menos esperava:

- Querida, você é tão perfeita.

- Miranda! - Lady Dimistrescu adentrou a sala, assustando-nos, provavelmente parando atrás de nós. - Oh, o que aconteceu?

Perfeita. Perfeita. Perfeita. Querida.

Eu não tinha como dar uma resposta. Congelei contra ela, e ela pareceu perceber. Se afastou de mim um tempo depois, com cuidado. Era seguro com a presença de Alcina, por mais que não mudasse tanta coisa. Eu estava em choque.

Senti falta de seu toque automaticamente, mas não sabia como me movimentar ou o que dizer. O que eu falaria, de qualquer forma? Procurei seus olhos e, quando os encontrei, eles ficaram nos meus por poucos segundos e fugiram. Mais uma vez ela estava se afastando, mais uma vez.

E sei que é tolo exigir isso, existir que ela seja tão nua comigo, sendo que ela é Miranda Priestly. Meu coração doía, mas tudo bem. Estava tudo bem, não estava?

Quis chorar novamente. Porque infelizmente eu estava apaixonada, e qualquer coisa me movimentava por dentro. Gostar de Miranda era como estar numa grande ventania em pleno mar aberto, com grandes ondas, que me cobriam a todo segundo. Era forte, e eu era só uma ingênua criatura diante disso tudo. Se eu havia chorado, já era amor.

- O que houve, Andrea? -  Alcina se aproximou de mim e seus dedos levemente gelados tocaram meu rosto. Por pouco não me derramei novamente como uma criança. Eu ainda não conseguia falar, conseguia ver pelo canto do olho Miranda ajeitar algumas coisas, ignorando-nos. - Miranda, o que houve? Me diga! Estou ficando preocupada.

Provocação e Desejo  • MirandyOnde histórias criam vida. Descubra agora