Capítulo 10

261 19 1
                                    

Os próximos três dias depois do jantar foram extremamente corridos. Eu nunca imaginei que organizar um casamento dava tanto trabalho. Uma semana já havia se passado desde que eu cheguei, tínhamos só mais alguns dias antes do *Glorian Day.
Era sábado, eu estava tão exausta por estar organizando alguns detalhes da decoração com a minha irmã até tão tarde da noite que nem me preocupei em acordar cedo hoje. Eu dormi, e dormi até meu corpo dizer chega e ainda assim acordei com sono.
Era onze e meia da manhã, eu levantei e fui direto ao banheiro, liguei o chuveiro e a água morna começou correr pelas minhas costas, coloquei o shampoo no cabelo e deixei fazer muita espuma. Depois de longos e relaxantes minutos no banho eu coloquei a roupa mais confortável que tinha, eu esperava passar o dia todo jogada no sofá assistindo qualquer coisa na tevê e tirando breves intervalos de um cochilo bem profundo. Quando estava chegando no final dos degraus a campainha tocou e logo minha irmã surgiu do além e foi até a porta abrir. Ouvi ela sussurrando com alguém e fui direto para a cozinha, minha barriga estava roncando de fome.

Questão de um minuto depois eu estava com a cara na geladeira tentando decidir se comia um sanduiche ou um pedaço de bolo. Então optei pelo sanduiche, estava cedo demais para comer doce. Quando me virei dei um pulo assustada, a silhueta do Christoph encostado no batente da porta com os braços cruzados estava me encarando com curiosidade.

-Que susto! -exclamei de forma dramática colocando a mão sobre o peito.

-Achei que tivesse me ouvido chegar.

-Não achei que fosse você, e muito menos que estivesse parado aí feito uma estatua. O que está fazendo aqui?

-Vim te convidar para um passeio.

-Passeio?

É O QUÊ!

-Sim, um passeio entre dois amigos que não se viam a anos.

-Humm...

Foi a única coisa que consegui pronunciar. Imagino que minha expressão estava tão surpresa quanto meu sentimento de surpresa. Pois logo em seguida ele comentou...

-Bom... Imaginei que talvez você quisesse fazer algum passeio aleatório antes de ir embora.

-Ah sim... Claro... Seria ótimo. Eu só não imaginei que você me convidaria.

-Não imaginou possibilidades então.

-Não mesmo.

-Bem... se quiser ir se arrumar, dá tempo de um almoço ainda.

-Certo... Bem... Espere um momento por favor.

Deixei o sanduíche na mesa e subi as escadas o mais rápido que conseguia sem parecer que eu estava correndo, ou desesperada para correr. Coloquei uma roupa confortável, mas não de ficar em casa, prendi o cabelo num rabo de cavalo e quase nem dava para notar o pó compacto no rosto. Quando voltei para a sala, Christoph estava sentado no sofá como se fosse da família, e conversava com meu pai sobre o time de basebol que estava jogando na temporada.

-Estou pronta. -disse parando perto do sofá.

-Bom... -ele disse se levantando. -Prometo trazê-la sã e salva senhor Urckermann.

-Certo. Bom passeio pra vocês.

Meu pai estava sereno demais, a situação toda estava um pouco estranha. Ou era eu quem imaginava uma coisa totalmente diferente da que estava acontecendo. Nunca que eu esperava que o Christoph chegaria falando comigo e fazendo as pazes, e muito menos que ele chegaria de surpresa me convidado para sair.

-Aonde vamos? -perguntei assim que saímos pela porta de casa.

-Em algum lugar. -ele caminhou até a porta do passageiro e abriu para mim entrar.

-Você não sabe ainda ou não quer me dizer? -ele já estava colocando o cinto de segurança assim que perguntei.

-Eu sei, mas acho que vamos fazer uma parada antes, que não estava no plano.

-Ah é?

-Pelo visto te tirei do seu almoço. Então vamos almoçar.

O tempo hoje estava perfeito, o céu limpo, o sol nem tão forte mas suficientemente quente. As nuvens vinham e iam. A música aleatória no radio. O semblante leve do Christoph. Tudo estava parecendo mais um de meus sonhos, os quais tive anos após anos e nunca mais achei que aconteceria. Eu belisquei minha mão levemente só para ter certeza. Meu coração parecia estar inflando, o sentimento de alegria misto de felicidade e uma pitada de paixão formavam a mistura perfeita para fogos de artifício que parecia que logo iria explodir do meu peito.

Depois de uns vinte minutos Christoph estacionou o carro e pediu para mim esperar aqui. Pouco depois ele veio com algumas sacolas e colocou no banco de trás do carro. E então seguiu caminho novamente.

Fomos conversando, nada sobre o passado, nada sobre o que já havíamos vivido, nem sobre os incidentes que nos separou. Apenas coisas boas e planos para o futuro.

-Estar no negócio da família me ajudou muito para alavancar o meu. Eu levaria anos até estar onde estou, então ...

-Mas você já tem tudo o que iria querer. O que pretende fazer mais?

-Tanta coisa. E uma delas é ter minha própria família.

-Nunca me imaginei casando.

-Nem mesmo comi... -então ele parou.

-Nós éramos tão novos, nunca tínhamos falado sobre isso, então eu nunca pensei sobre.

Ele parou o carro, e então olhou para mim.

-Chegamos. -ele sorriu de canto, eu que fez os gafanhotos no meu estômago revirarem.

Quando olhei ao redor o campo lindo e enorme estava em nosso redor. Ao longe dava para ver as montanhas, haviam alguns carros estacionados próximo a algumas árvores.

-O que vamos fazer?

-Primeiro vamos ao um piquenique improvisado. Depois você verá má cherie. -ele deu uma piscadela e foi pegar as sacolas no carro.

Caminhamos mais uns dez minutos até parar perto de uma árvore. Christoph pegou um pano de dentro de uma das sacolas e estendeu no gramado, em seguida foi tirando alguns produtos.

-Já que não estava nos planos, peço desculpas pela falta de organização.

-Falta de organização? -eu disse rindo.

-Imagino que esteja com muita fome.

-Na verdade eu estou.

-Então pode atacar. -ele disse se sentando e colocando refrigerante num copo de plástico.

Ficamos ali, conversando, comendo, olhando o céu azul. Sem se importar com o tempo, sem pensar muito. Só ali, como dois bons e velhos amigos.

Depois que organizamos tudo, caminhamos mais um pouco até eu conseguir ver grandes e coloridos balões. Não eram balões de aniversário. Eram balões de passeio. Várias pessoas andavam para lá e para cá, chegamos em uma fila.

-Vamos andar de balão?

-É... bem, na verdade não vamos conseguir ir muito longe, já que tem uma corda que segura o balão a ir até determinada altura.

-Certo.

Depois do que pareceu horas na fila enfim chegou a nossa vez. Christoph me ajudou a entrar no balão, subindo logo em seguida. O instrutor já estava ligando os equipamentos e não demorou muito para o balão começar a subir.

Ou foi a demora durante a fila, ou o horário em que Christoph chegou lá em casa, ou até mesmo a parada para o piquenique. Mas nesse exato momento o crepúsculo ia surgindo, o céu estava um mesclado de rosa, lilás e azul. O céu estava lindo, parecendo uma tela de arte, mas em uma grandiosidade muito maior. De repente senti a mão quente do Christoph encostar na minha, seus olhos cinzas estavam mesclando com um tom esverdeado escuro, ele me olhava fixamente. Um sorriso no canto do seu lábio apareceu de forma discreta, mas charmoso. Meu coração acelerou e eu sabia que ele podia ouvir o quão alto ele estava batendo.

Destinado à Você  - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora