Capitulo 15

218 18 2
                                    

Na volta do passeio fomos para a casa do Christoph, ele não estava mais morando com os pais. Ele morava num pequeno chalé, e no quintal da casa o mar vinha de encontro com um muro de pedras. Era lindo.
Na entrada, havia um brasão com a letra V no portão, passando por ele uma grama verde e bem cortada se estendia como um grande tapete, algumas árvore e arbustos pelos cantos. A casa era antiga, mas conservada.

-Essa casa foi dos meus avós, os Voughan. Foi aqui a primeira casa, em seguida começaram a construir a cidade. Vínhamos muito aqui quando eu era criança, antes de nos mudarmos definitivamente para a ilha. Eu adorava subir naquela árvore. -ele apontou para uma árvore gigante atrás da casa.

Quando entramos Christoph foi direto para o banho enquanto eu fazia uma ligação. Peguei o celular e disquei o número do meu trabalho, minha chefe não estava lá, então, ao invés de deixar um recado eu mandei mensagem para ela. Em seguida liguei para Lina.

-Achei que tinha se esquecido dos humildes. -ela disse assim que atendeu.

-Imagina! Mas eu preciso te dizer que não estarei voltando amanhã.

-O quê? Porquê? Aconteceu alguma coisa no casamento?

-O casamento foi perfeito! E bota perfeito nisso. -eu disse sorrindo.

-Não acredito! Vocês... ele veio falar com você? -ela perguntou de modo desesperado.

-Sim. E adivinha...

-Pare de me deixar ansiosa Pietra! Conta tudo de uma vez.

-Eu e Christoph estamos real oficial namorando de novo.

Ela deu um grito empolgante que me fez afastar o celular do ouvido.

-Tem mais?

-Ele vai comigo pra São Francisco. Vamos daqui três dias, ele só precisa organizar algumas coisas.

-AI. MINHA. NOSSA!! Eu nasci para presenciar esse momento. Senhoras e senhores... Pietra Von Uckermann vai finalmente se casar! -ela riu histérica e eu comecei a rir junto.

-Que exagero.

-Eu estou extremamente feliz por você Piet, de verdade. Parece aquelas histórias de livros. É tão emocionante.

-Demais, não é! Bom... eu preciso ir agora, quando tiver retornando eu te ligo. Como está o Eustáquio?

-Mais gordo do que antes. Você acredita?

-Acredito.

-Fica tranquila, ele está bem.

-Obrigada por cuidar dele.

-É um prazer, eu adoro esse gato gorducho.

-Até depois.

-Até.

Segundos depois de eu desligar o celular, Christoph desce as escadas.

-Está com fome?

-Estou.

-Está com muita fome?

-Não.

-Se eu fizer uma macarronada?

-Eu vou comer.

-Você prefere outra coisa?

-Humm... -coloquei a mão no queixo e olhei para cima como se estivesse pensando. -Não. Macarronada está ótimo.

Ele sorriu para mim, e chegou perto me dando um leve beijo na ponta do nariz, e em seguida, outro nos lábios.

-Quer tomar banho antes ou comer primeiro?

-Tomar um banho, por favor.

-Certo. Enquanto você toma seu banho eu vou preparando a comida.

-Onde tem uma toalha?

-No banheiro, na gaveta do meio.

-Certo, eu volto em um instante.

Dei um beijo rápido nele, ficando na ponta dos pés e subi de dois em dois degraus as escadas.

-Pode usar o banheiro do meu quarto, o chuveiro do outro não está esquentando. -ele gritou lá de baixo.

Caminhei pelo corredor tentando adivinhar qual das quatro portas era a do quarto dele, decidi ir de uma em uma. A primeira porta à esquerda era um escritório, uma estante grande com vários livros ficava atrás de uma mesa com um computador, um lustre pendia sobre o meio do teto. Na primeira porta à direita dava para um banheiro, mau reparei nele e logo fechei a porta. Na segunda porta à direita havia um quarto simples, não havia nem lençol na cama. Deduzi que fosse quarto de hóspedes. Enfim a segunda porta à esquerda era um quarto grande, com uma cama de casal king size, havia um edredom preto estendido na cama, as cortinas cinzas e as paredes eram brancas. Era simples, mas chique. Entrei no quarto e fui até a porta que estava entre-aberta, o banheiro era grande, com banheira e um espelho enorme com o mármore disposto com duas pias pequenas. O espelho estava um pouco embasado por causa do vapor do chuveiro. Abri o box e liguei o chuveiro para que a água esquentasse enquanto eu me despia. Fui até a segunda gaveta do armário embaixo da pia e peguei uma toalha, em seguida entrei no box e deixei a água já quente escorrer pelas minhas costas.
Acabei ficando no banho mais tempo do que o normal, o jato forte da água era tão relaxante. Me enrolei na toalha e fui até o quarto. Christoph trouxe minha bolsa que estava em cima de uma cadeira no canto, peguei minhas roupa e vesti. O dia ainda estava confortável então preferi ficar descalça. Com a toalha nas mãos secando as pontas do cabelo, fui descendo as escadas de vagar para não tropeçar e acabar caindo. Quando eu estava na metade do caminho ouvi vozes vindo da sala, era uma voz feminina e familiar, eu só não me lembrava de onde já tinha ouvido.
Chegando mais perto pude ver June parada apontando alguns papéis para o Christoph, que estava de costas para mim. Eles pareciam estar em uma pequena discussão, mas não havia voz alterada. Nenhum dos dois percebeu eu chegar perto até que eu falei.

-Com licença. -eu não sabia o que falar, porque eu não sabia o que estava acontecendo.

June olhou para mim, enquanto Christoph continuou parado olhando o papel já em suas mãos.

-O que é que você está fazendo aqui? -ela perguntou surpresa com a minha presença.

Foi então que Christoph ergueu a cabeça.

-Não fale assim com ela. -ele disse num tom firme.

-Por que ela está aqui Chris? -ela perguntou direto para ele agora.

-Isso não é da sua conta, mas já que está sendo tão gentil em perguntar. Eu e o Christoph estamos junto. -eu disse me aproximando deles.

-Vocês o quê? Chris...

-Pietra tem razão. Isso não é da dia conta June.

-É da minha conta saber com quem o pai do meu filho se mete.

O quê! Pai do meu filho? Como assim?

-Do que ela está falando Christoph? -olhei para ele que estava paralisado.

-June. Por favor vá embora.

-Não Christoph. Nós precisamos conversar sobre isso. Eu estou grávida, e esse filho é seu. -ela alterou um pouco a voz.

-Eu quero ficar sozinho com a minha namorada. E processar o que você está me dizendo. Por favor vá embora. Agora não é a hora de conversarmos sobre isso.

-Você vai me expulsar assim? Eu estou esperando um filho seu.

-Eu não estou dizendo que vou simplesmente ignorar isso. Eu só estou te pedindo para me dar licença. Depois conversamos.

-Você... -ela me olhou com cara de nojo.

June pegou a bolsa em cima do sofá e saiu batendo a porta com toda a força que conseguiu.

Destinado à Você  - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora