Capitulo 4

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Quando finalmente chegamos na cidade, Daneth foi cortejada até a saída da estação pelo Christoph, seus olhares cruzados na minha direção deixavam minha cabeça girando, mas ele sabia como me ignorar de uma forma constrangedora. Era difícil demais desvendar ele, ele sempre foi um mar profundo e desconhecido e era exatamente isso que me deixou fascinada por ele.


Vough-Island estava muito diferente desde a última vez que estive aqui, é incrível como em pouco tempo ela pôde se desenvolver tanto.

-Senhor, a chave do seu carro, quer que leve a bagagem? -um homem com um uniforme verde musgo e preto se dirigiu ao Christoph todo cordial.

-Por favor, e da Senhora Willerhard também, e se não for muito incomodo traga as da senhorita Uckermann. Obrigado.

-Não precisa, eu pego um táxi.

-Não me custa te oferecer uma carona. -foi a primeira vez desde que nos reencontramos, que ele dirigiu a palavra para mim. -Afinal, tenho negócios a tratar com seu pai, de qualquer forma eu vou acabar indo para o mesmo lugar que você.

Pensei em recusar, mas preferi ficar quieta, ele estava muito frio e distante, mas afinal o que é que eu esperava, que quando eu chegasse ele estivesse com um buquê de flores e juras de amor? Eu é quem fui embora, depois de tanto tempo eu amadureci minha percepção sobre certas coisas, e vi que errei em ter ido embora sem antes por as cartas na mesa, e esclarecer a situação. Não era como se ele estivesse esperando por mim todos esses anos, eu estava enganada em pensar que tudo voltaria a ser como antes, mas como Fitzgerald citou uma vez "Não podemos repetir o passado", e definitivamente, nem por uma fração de segundos, nada permanece como era antes.

O senhor que entregou a chave para o Christoph pegou nossa bagagem e colocou num carrinho e foi nos guiando até o carro, um Range Rover cinza escuro estava parado ao lado de fora em frente à porta, o tal homem se encaminhou até o porta malas e colocou cuidadosamente minhas coisas e as da Daneth. Enquanto Christoph abria a porta da frente para a senhorinha amigável que veio conosco, mas ela se vira para mim com uma expressão tranquila.

-Se importa querida? Estou com os pés inchados da viagem, preferiria ir atrás para esticar as pernas.

Ele ficou olhando para mim com aquele olhar gélido, sem expressar nenhuma reação, era difícil decifrar o que ele poderia estar pensando, aliás sempre foi difícil demais qualquer coisa relacionada a ele, pois ele era misterioso e intrigante, e nem se esforçava para isso.

-Tudo bem. -respondi enfim, ele ainda estava em pé ao lado da porta.

Assim que sentei, ele cuidadosamente fechou a porta, vi sua silhueta abrindo a de trás para a senhora Willerhard que se acomodou no lugar. Durante o trajeto até o hotel, permaneci calada, a melodia da música ecoava pelo carro, era como se estivesse apenas nós dois ali, de canto de olho eu notava ele trocando a marcha, um anel com a inicial V no dedo anelar da mão direita, com pedras em rubi deixavam sua mão ainda mais máscula.

-Pretende ficar quanto tempo senhora Willerhard? -ele quebrou o silêncio, me tirado do meu transe entorpecente.

-Apenas alguns dias meu jovem. Preciso voltar para o recital da minha netinha, ela ficaria tão magoada se eu não estiver lá.

-E seu neto, conseguiu entrar para o time de basquete?

-Sim, Carl joga tão bem, você precisa ver como ele cresceu desde a última vez que estive aqui.

-Você não joga mais? -perguntei agora olhando pra ele, só por curiosidade.

Ele se virou e me encarou por cinco segundos, e então respondeu.

Destinado à Você  - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora