Acordei com o feixe da luz do sol passando pelo fresto da cortina. Eu não fazia ideia de que horas poderia ser, e como era sábado, eu não iria me importar em levantar agora. Me espreguicei, me estiquei toda pois meu corpo ainda estava cansado da viagem. Espera? Cadê o...
Me sentei na cama o mais rápido que consegui e olhei ao redor pelo quarto. Christoph não estava aqui, mas sua mala estava no canto perto da cômoda, o que significava que eu não estava imaginando todo o acontecimento dos últimos dias, e ele realmente estava aqui em casa, comigo. Me deitei novamente, dessa vez sobre o travesseiro que ele dormiu e pude sentir o cheiro do seu perfume.-Boa tarde dorminhoca.
Ouvi a voz dele e levantei a cabeça para ver de onde vinha, ele estava parado no batente da porta com os braços cruzados, usava uma camiseta preta e uma calça de moletom da mesma cor.
-Tarde? -perguntei com a voz rouca.
-Já são quase duas da tarde.
-Porque não me acordou antes?
-Você precisava descansar. Não quis interromper seu sono.
Ele estava vindo na minha direção, sentou do meu lado e começou a mexer no meu cabelo.
-Está com fome?
-Sim.
-Que bom. Pois eu preparei o almoço.
-A é? E o que fez de bom?
-Bem... eu não necessariamente fiz, mas comprei. Temos filé ao molho e macarrão.
-Hummm... Só de falar minha barriga já roncou de fome.
-Já está na mesa.
-Você já comeu?
-Não. Estou esperando por você.
Me levantei e fui até o banheiro para lavar o rosto, enquanto isso Christoph foi até a cozinha, quando entrei a mesa já estava posta. Almoçamos tranquilamente enquanto conversávamos coisas aleatórias, era tão bom estar com ele, eu não me preocupava com o tempo, se teria algo para fazer ou não, eu me sentia tão em paz ao seu lado.
-Preciso ir buscar o Eustáquio.
-Quer ir depois do almoço?
-Pode ser. Eu só preciso confirmar se a Lina vai estar em casa. Podemos passar no Palace of Fine Arts antes pra você conhecer. É lindo lá, e dependendo da hora que você for, a luz do sol deixa a vista ainda mais linda.
-Eu adoraria. -ele disse com um sorriso de canto.
Eu não sei dizer se estou num sonho perfeito ou numa linda realidade, mas tudo parece obra da minha incrível imaginação. Depois do almoço eu fui tomar um banho e me arrumar para sairmos, quando saí do banheiro Christoph estava com uma roupa despojada, calça jeans e uma camisa de rock. Confesso que não lembrava do gosto musical dele, além do clássico. Falando em clássico lembrei que sonhei com ele tocando piano, ele estava sem camisa e tocava uma música linda.
-Podíamos comprar um piano pra você. -mencionei enquanto procurava a roupa.
-Eu não toco mais.
-Desde quando? -me virei para olhar para ele.
-Desde que você foi embora.
Eu não podia acreditar nisso.
-Não tinha mais sentido pra mim, perdi totalmente o gosto.
-Christoph...
Eu ia dizer desculpa, mas a palavra ficou engasgada na minha garganta.
-Mas quem sabe agora eu não volto a tocar. Hein? -ele abriu um sorriso e veio até minha direção. -Falando nisso, você está linda demais ma cherie.
-Bobagem. -ele me abraçou e começou a fazer cócegas no meu pescoço com a barba rala.
-Bobagem nenhuma. Eu te acho linda, maravilhosa e se me permite ser atrevido, posso dizer aquela palavra com a letra g?
-G? -perguntei me fazendo de desentendida.
-Gostosa. -ele sussurrou no meu ouvido.
Senti um arrepio percorrer da minha orelha até meu pescoço.
-Não fique me iludindo com palavras. -sorri.
-Eu não te iludo. Jamais.
Ele beijou meu pescoço, depois minha bochecha e enfim meus lábios. Joguei meus braços em volta do seu pescoço e fiquei nas pontas dos pés.
-Ah Pietra... -ele disse entre o beijo.
Mordisquei seu lábio inferior e ele apertou minha cintura em sinal de reflexo.
-Se um dia eu deixar você ir embora novamente, pode mandar alguém me matar.
-Quanto drama. -eu ri.
-Estou falando sério.
-Uhum. Eu contrato um mercenário, fique despreocupado.
Ele me beijou de novo, e ficamos ali por alguns instantes.
➵. ➵. ➵.
Estávamos indo com o meu carro, eu estava dirigindo tão concentrada que nem percebi quando o Christoph ligou o rádio.
-Você pode tentar ligar pra Lina de novo? -eu disse apontando para o meu celular que estava no console.
Ele pegou o celular e ficou segurando.
-Qual a senha?
-Não tem senha.
-Certo. Ligações diretas?
-Sim.
Christoph apertou para ligar e assim que começou a chamar colocou no viva-voz. Chamou, chamou e nada dela atender.
-Bem, vamos no Palace, mais tarde passamos na casa dela. -eu disse já mudando a rota.
Caminhei pela grana descalça e quanto a Christoph segurava minhas sandálias, o fim da tarde estava tão próximo, o céu mesclava tons de rosa e laranja. Perto do lago os pássaros voavam sobre a água para pegar peixes, cisnes nadaram tranquilamente. A imagem parecia uma pintura, porém de uma forma muito realista e ao mesmo tempo parecia que eu estava em um sono profundo, e estava tendo o melhor sonho de todos.
Vimos ali o sol se pôr, as luzes se acenderem.
-Acho que ela já deve estar em casa agora. -comentei.
-Quer ir já?
-Podemos?
-Claro.
Cheguei no prédio onde a Lina morava e fui logo entrando, o porteiro já me conhecia, além de eu ter a chave do apartamento dela.
-Boa noite senhorita Pietra. Estava sumida por esses dias.
-Boa noite Fred. Eu fui pro casamento da minha irmã, fiquei alguns dias fora. Esse aqui é o Christoph, meu namorado.
Era tão estranho apresentar ele como meu namorado. Mas eu adorava a sensação.
-Boa noite. -Christoph estendeu a mão para cumprimentar Fred.
-Boa noite senhor.
-Só Christoph está ótimo. -ele sorriu.
-Fred, sabe se a Lina está? Estou ligando pra ela o dia todo e ela não atende.
-Cheguei no turno agora a pouco senhorita, mas acredito que esteja, o carro dela está no garagem. E ela não vai na esquina a pé. -ele riu.
-É mesmo. -eu ri também. -Bom... eu vou entrar. Deixei meu gato para ela cuidar enquanto viajava, estou morrendo de saudade daquele monte de pelos.
-Até mais tarde.
Entrei no prédio e caminhamos até o elevador. O apartamento da Lina ficava no quarto andar, quando o elevador parou, peguei a chave no bolso da jaqueta e caminhamos pelo corredor até chegar na última porta à direita.
Quando abri a porta fiquei catatônica, eu não podia acreditar no que estava vendo, era constrangedor e ao mesmo tempo eu estava surpresa.-Lina? -eu disse e ela virou a cabeça para a porta.
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Destinado à Você - Livro II
RomanceCertas coisas nunca mudam, outras apenas se mudam para outro lugar. Depois de passar alguns dias em São Francisco, Pietra acaba fixando raizes no lugar, concluiu sua faculdade e tem um emprego instável. Até que certa manhã sua irmã liga a convidan...