Capítulo 26

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Desde que entrei no carro Christoph não me olhou nenhuma vez.

-Para onde estamos indo tão cedo?

-Surpresa.

-Aconteceu alguma coisa?

-Não. –ele estava com a voz tão calma.

-Estamos bem Christoph?

-E porque não estaríamos, ma chérie?

-Você está todo estranho. Correndo logo cedo, agindo de forma esquisita.

-Esquisita como? –ele parou no sinaleiro.

-Assim, todo esquisito. -gesticulei com a mão.

-Não consigo entender o que é esquisito. –seus olhos estavam fixos nas luzes se alternando de vermelho para verde.

Ele engatou a primeira marcha e continuou o caminho.

-Não sei explicar. Só sei que está. –ainda sem olhar para mim ele pegou minha mão e encostou os lábios nos meus dedos.

-Impressão sua. Bem, vamos fazer uma pausa por um momento, tudo bem?

-Okay.

-Precisamos conversar um pouco.

Senti um arrepio percorrer meu estômago até os dedos dos pés quando ele disse isso. Antes que eu pudesse questionar qual seria a pauta da nossa conversa, ele estacionou o carro no meio fio e como em um passe de mágica já desligou o motor e saiu do carro. Fiquei parada observando ele dar a volta e chegar até a minha porta.

Ele abriu a porta e esperou gentilmente eu tirar o cinto de segurança. Pegou minha mão e me ajudou a descer do carro.

Assim que desci ele olhou para mim da cabeças aos pés. Aquele olhar intimidante dele fez os gafanhotos dançarem na minha barriga. Nesse instante eu tive a certeza de que se passariam cinquenta anos e essa sensação nunca mudaria. Senti uma mistura de vergonha, paixão, alegria e sensações infinitas ao mesmo tempo.

-Uau. Você está deslumbrante. –ele murmurou. –Nossa, nossa. –sorriu.

-O que foi? –perguntei sem jeito.

-De todas as dúvidas e incertezas que já tive na minha vida, amar você nunca foi uma delas. Desde o primeiro instante que pus meus olhos em você, toda arrogante e respondona, mas gentil e educada, uma combinação que só você tem. Em momento algum eu deixei de te amar, e pensei que nunca mais teria a oportunidade de te dizer isso. Foram tantas as vezes que me peguei sonhando acordado com esse momento.
Não te quero senão porque te quero, e de querer-te a não te querer chego, e de esperar-te quando não te espero, passa o meu coração do frio ao fogo. Quero-te só porque a ti te quero.

Ele recitou um poema de Pablo Neruda, e nesse momento meu coração inflou de tal maneira que achei que explodiria de paixão.

-Te amo de uma forma descomunalmente indescritível, e quero passar cada dia do resto da minha vida ao seu lado. –ele se ajoelhou. –Pietra Von Uckermann, você aceita se casar comigo?

Fiquei catatônica. Ele segurava minha mão, esperei um breve segundo ele pegar algo do bolso, mas não o fez. Senti meus olhos se encheram de lágrimas e minhas mãos começaram a tremer. Seus dedos apertaram-nas levemente.

-Sim. –sorri, e não consegui conter a lágrima de felicidade que escorreu pelas minhas bochechas.

Christoph levantou.

-Você aceitaria se casar comigo neste exato momento? –seus olhos cinzas me fitavam com ansiedade.

-Cla... claro. –eu só percebi que ainda não tinha parado de sorrir, quando minhas bochechas começaram a amortecer.

-Sério?

-Com certeza.

Ele me beijou, colocou seus braços em volta da minha cintura e me ergueu, sem separar nossos lábios.

-Então vamos. –disse me abaixando.

Christoph pegou minha mão e me guiou até o prédio à nossa frente. Quando ele estacionou, estava tão entretida achando que ele estava tão estranho que nem percebi onde estávamos. O prédio para onde caminhávamos era um cartório. Assim que abrimos a porta avistei Lina e Archie bem trajados perto do balcão. Então o Christoph havia planejado isso e eles sabiam.

-Você não me pediu em casamento no calor do momento, não é? –sussurrei para ele.

-Não. –um sorriso estonteante surgiu em seu rosto.

Eu estava tão nervosa, feliz, anestesiada, tremendo toda. As lágrimas enchiam meus olhos.

-Aiii Piet, você está a noiva mais linda que eu já vi na minha vida. –Lina veio toda animada na minha direção.

-Você sabia o tempo todo?

-O quê! Quem você acha que deu as dicas? –ela piscou para o Christoph.

-Podem me acompanhar por favor. –a secretária pediu e a seguimos.

Andamos pelo corredor até chegarmos em uma sala grade e bem arejada.

-O juiz já está vos aguardando. –ela disse fechando a porta atrás de si.

-Olá prezados e prezadas. Os noivos podem se assentar.

Christoph me conduziu até a cadeira toda estofada em veludo verde escuro, e se sentou na cadeira ao lado.

-Creio que sejam os padrinhos. –o juiz mencionou olhando para Lina e Archie.

-Sim, sim. –ela disse toda animada.

-Podem ficar aqui ao lado, por favor. –ele obedeceram. –Boa tarde a todos, em nome dos noivos Pietra Von Uckermann e Christoph Voughan III, sejam todos muito bem-vindos a esta celebração social de casamento.
Este casamento está acontecendo com efeito civil e por isso eu preciso ler algumas informações exigidas por lei.
Estão diante de mim o senhor Christoph Voughan III, nascido na cidade de Londres no dia 13 de maio de 1996, com 26 anos de idade, estado civil solteiro. E a senhorita Pietra Von Uckermann, nascida na cidade de Birmingham, no dia 09 de setembro de 1996, com 25 anos de idade, estado civil solteira.
Presentes também as testemunhas devidamente qualificadas e reconhecidas, a primeira testemunha: Amelina Bell Scottish e a segunda testemunha Archibald Griffin.
Vocês, senhor Christoph e senhorita Pietra, são parte insubstituível do seu ontem, do seu hoje e de todos os seus amanhãs. Escolheram um ao outro como sua família, e hoje estão celebrando o amor que já começou e que vai continuar crescendo ao longo dos anos. Pois o casamento é a união, é uma caminhada rumo a um futuro, que envolve abrir mão do que somos, separados, em prol de tudo o que podemos vir a ser, juntos.
Pietra e Christoph, vocês já foram muitas coisas um do outro , amigos, companheiros, namorados, noivos. Agora, com as palavras que vocês estão prestes a trocar, vocês passarão para a próxima fase.
Pois, com estes votos, vocês estarão dizendo ao mundo: "este é meu esposo", "esta é minha esposa".
Christoph, é de livre e espontânea vontade que você aceita a Pietra como sua companheira em matrimônio?

-Com toda certeza, sim. –ele disse olhando para mim.

-Pietra, é de livre e espontânea vontade que você aceita o Christoph como seu companheiro em matrimônio?

-S... sim. –minha visão estava turva, pois as lágrimas enchiam meus olhos. Não conseguia conter, elas escorreram pelo meu rosto como pequenas cachoeiras.

-Podem pôr as alianças. –o juiz disse.

Christoph colocou a mão no bolso de dentro do blazer e tirou uma caixinha de veludo azul marfim, abriu e pegou uma aliança, ele pediu minha mão esquerda e colocou no meu dedo anelar. Ele entregou a caixinha para mim e eu peguei a aliança, colocando em sua mão esquerda no dedo anelar.

-Agora, a noiva passa a se chamar Pietra Von Uckermann Voughan. Peço a gentileza dos noivos para que assinem a certidão.

Com a mão ainda trêmula peguei a caneta e assinei meu novo nome. Passei a caneta para o Christoph que assinou também.

-Agora as testemunhas, por favor.

Lina assinou e depois Archie.

-Perante a lei, agora eu vos declaro, marido e esposa. Pode beijar a noiva.

Destinado à Você  - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora