Capítulo 24

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Chegamos na agência do Colin, quando estava morando com a tia Amber ele abriu uma agência em São Francisco, estava sempre cheia, volta e meia tinha promoções e pacotes de viagem muito bons.

Fomos atendidos por um rapaz muito simpático.

-Bom dia, como posso ajudá-los? –ele nos disse assim que sentamos.

-Bom dia. Eu quero verificar a disponibilidade de agenda para a Suíça. –Christoph disse todo cordial.

-Claro. Você tem ideia de qual data gostariam de ir?

-A primeira disponível, para nós seria ótimo. –Christoph pegou minha mão e ficou acariciando meus dedos.

-Vejamos... temos uma data para este fim de semana, vôo direto. Saída de São Francisco às 19:50 chegada prevista para às 15:45.

-Teria só esse voo direto?

-Infelizmente senhor.

-Tudo bem, vou querer dois leitos na primeira classe, por favor.

-Certo.

O rapaz cujo nome era Joseph, conforme estava escrito no crachá, ficou digitando o click-click no teclado do computador, ele pediu nossos documentos e voltou a teclar.

-Preciso ir ao banheiro. –sussurrei para o Christoph.

-Okay. –ele sussurrou de volta.

Levantei e fui até o banheiro, minha bexiga estava cheia. Depois que saí do box do banheiro fui lavar as mãos, o sabonete tinha um cheiro tão bom de chiclete que dava vontade de morder. Olhei meu reflexo no espelho e fiquei pensando nas coisas que tinha feito nesses últimos meses. Desde que eu fui embora por aquela balsa da ilha, eu havia me transformado em uma Pietra totalmente diferente, menos destemida, mais monótona. Eu perdi um pouco da minha verdadeira identidade, pois é isso que o sofrimento faz com a gente, ele nos destrói migalha por migalha, nos faz se sentir presos num buraco negro. Mas depois que o Christoph voltou para minha vida, eu comecei a me sentir mais revigorada, com mais coragem e mais determinada, e estar fazendo o que estou fazendo é novo e eletrizante.

Quando voltei para o hall de atendimento, o Christoph já estava em pé apertando a mãe do atendente, ele me viu um levantou as passagens e balançou no ar.

-Estou tão ansioso para essa viagem. –ele beijou o topo da minha cabeça.

-Boa viagem para vocês. –Joseph disse.

-Obrigada. –dissemos em uníssono.

Fomos caminhando até a saída.

-E qual o motivo de tanta animação? –perguntei curiosa.

-Sinto que será algo de grande importância, e muito memorável.

-Ah é?

-Pois é.

Eu sentia a alegria dele como fogos de artifício.

-Que tal um jantar amanhã, de comemoração?

-Adoraria.

-Podíamos comprar uma roupa nova, para comemorar um novo começo, que acha?

-Roupa nova?

-Sim. Você e eu. Vamos?

-Agora?

-Sim, vai ser divertido. Uma tarde de compras entre casal. –ele colocou o braço em volta do meu pescoço e me puxou para perto de si, me dando um beijo terno e rápido.

-Está bem então. –eu ri.

Christoph estava com muito tempo livre mesmo, passamos em tantas lojas a procura do terno perfeito e do vestido perfeito, ele insistia que precisava ser algo especial, para nosso momento especial em um novo ciclo. Ele estava feliz com o novo andamento do projeto com a editora, estava tão empolgado em querer me ajudar com todos os preparativos que não tive coragem de dizer não, estava parecendo uma criança quando ganha o presente tão esperado do Papai Noel.
Depois de tanta procura, eu já estava com os pés doloridos, cansada.

-Não podemos continuar amanhã? –perguntei assim que paramos em frente a uma loja.

-Essa será a última loja que veremos. Prometo.

-Mas qual o motivo de tanta ansiedade assim?

-Eu já disse ma chérrie. Precisamos comemorar um novo ciclo, um novo começo, com algo especial e novo. –ele deu ênfase no e.

-Certo.

Caminhamos dentro da loja, Christoph parou em frente a um vestido branco gelo, com cetim em desenho florido por cima, as alças também de cetim formavam um laço. O vestido era bem simples mas muito lindo e sofisticado.

-Uau. Este ficaria lindo em você. –ele sussurrou olhando o vestido em minhas mãos.

-Vou experimentar.

-Não, não... não precisa, acho que não será necessário, deixe para usar amanhã. –ele sorriu.

-Mas e se não servir. –disse olhando pro vestido e depois para ele.

-Certo, então prove, mas eu prefiro te ver com ele amanhã.

-Tá bem... –olhei de uma forma desconfiada pra ele, que sorriu e então se virou caminhando na direção dos ternos.

Sai do provador satisfeita, o vestido ficou ótimo em mim, a barra longa deixando os tornozelos a mostra deixou o visual um tanto quanto sofisticado, o único problema é que eu não tenho um sapato adequado para usar com o vestido.

-Achou seu terno? –perguntei me aproximando dele.

-Sim. –ele sorriu. –Ficou bom? –disse olhando para o vestido em minhas mãos.

-Ficou bom sim. Mas não tenho um sapato que combine.

-Isso é o de menos. Enquanto você estava no provador, tratei de achar um e acredito que acertei na escolha.

-Uau, que homem mais eficiente.

-Multifuncional. –ele piscou.

-E sempre foi.

-Vamos ao caixa?

-Sim.

Depois que o Christoph pagou as compras fomos embora, meus pés já estavam doloridos de tanto andar.

-Eu adoro a vista da sua janela.

Eu acabei de sair do banho, estava com a toalha nas mãos secando meu cabelo. Eustáquio sentou nos pés do Christoph enquanto ele estava parado na janela olhando o pôr do sol.

-É muito bonita mesmo.

-Você gostaria de morar em outro lugar? –ele perguntou mudando de assunto rápido demais.
-Sair do apartamento?

-Não. Morar em outra cidade, ou outro estado, quem sabe até em outro país.

-Sinceramente? –ele concordou com a cabeça. –Não. Eu gosto muito daqui, do clima, das luzes na cidade quando está começando a escurecer. Talvez eu voltaria pra Vough-Island em algum momento. Você quer ir embora de São Francisco?

-Eu quero estar ao seu lado. Onde você quiser estar, é onde estarei.

Ele caminhou na minha direção e deu um beijo na ponta do meu nariz, depois na minha bochecha esquerda e na direita, depois um rápido beijo nos meus lábios e enfim beijou a minha testa. Coloquei os braços em volta da sua cintura e o abracei em resposta.

-Amanhã vai ser um grande dia. –ele murmurou com o queixo sobre minha cabeça.

Destinado à Você  - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora