Capitulo 20

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Sentia a respiração lenta do Christoph no meu pescoço. Eu estava tão maravilhada com o que aconteceu, que não conseguia parar de pensar no quanto eu o amava, no quanto eu sentia orgulho de mim por ter esperado todos esses anos. Não é como se já não tivesse tido momentos em que eu quase... eu tive alguns romances, mas nada que valesse realmente a pena, até por que eu sentia que estava traindo alguém, como se não fosse a coisa certa a fazer. Mas com ele era diferente, eu me sentia confortável, despreocupada e em paz.
Uma vez eu li em algum lugar que dizia que se você não se sente ansiosa, então ele era a pessoa certa. Amar deveria ser assim, a confiança prevalecendo mesmo com as míseras inseguranças. O diálogo sobre tudo e qualquer coisa. O respeito, a amizade, a cumplicidade, o respeito e tudo isso formando um sentimento de paz.
Christoph se mexeu um pouco e respirou fundo, soltando o ar lentamente. Passei os dedos em seus cabelos macios, e o abracei.

-Não consegue dormir? -ele murmurou.

-Não.

-Você está se sentindo bem?

-Maravilhosamente bem. E você?

-Estou maravilhosamente bem também.

-Isso é bom.

-Com certeza.

-Está com fome? -perguntei depois que senti meu estômago roncar.

-Uhum... -ele murmurou.

-Vou preparar algo para nós.
Me movimentei para levantar e ele me segurou.

-Não, não. Eu vou arrumar algo para nós enquanto você toma um banho. Que tal?

-Excelente ideia.

Ele ergueu o tronco e ficou apoiado sobre o braço, se inclinou e me deu um beijo.
Depois que tomei um banho eu estava me sentindo mais relaxada, meus olhos começaram a arder de sono, vesti meu pijama e fui atrás de onde estava vindo aquele cheiro bom.

-Nossa, eu não imaginei que estivesse com tanta fome até sentir o cheiro da sua comida.

-Então coma bem.

Ele colocou macarrão em um prato para mim, e vinho e uma taça.

-De onde você tirou esse macarrão? -perguntei me sentando.

-Eu fiz. Foi a coisa mais rápida que achei para fazer.

Enrolei o macarrão no garfo e comi. O sabor estava divino, eu tentei comer devagar para aproveitar o sabor, mas eu não conseguia, estava tão bom e eu estava tão faminta.

-Quer mais?

-Por favor. -disse bebericando um gole de vinho.

Christoph colocou mais comida no meu prato, e dessa vez eu consegui saborear mais devagar a comida.

-Estava pensando em ir ver alguns imóveis amanhã. Quer ir comigo?

-Eu adoraria. Mas amanhã eu volto a trabalhar.

➵. ➵. ➵
A semana passou rápido, eu voltei a trabalhar, o Christoph estava atrás de um prédio para abrir uma nova filial aqui em São Francisco, ele ia me buscar todos os dias no trabalho e quando dava certo até almoçávamos juntos. A June mandava mensagem para ele vez ou outra, ele não escondia de mim, mas também não me mostrava. Ela dizia que precisava fazer o ultrassom, e que a presença dele seria muito importante, ela tentava de tudo para ele voltar, e ele sempre dizia que estava ocupado demais para se deslocar de tão longe só por causa de um ultrassom. Perguntei se ele estava feliz com a história do bebê e ele disse que ainda não tinha simulado a situação, não parecia real, e então deixava a história morrer.
Certa manhã enquanto ele estava me levando para o trabalho, depois te ter comprado um carro sem nem olhar o valor -isso me deixava desconfortável, pois sinceramente eu não tinha noção de quanto dinheiro o Christoph tem, e nem fazia questão de perguntar- enquanto estávamos parados no semáforo o celular dele tocou.

-Voughan. -ele disse em tom sério e profissional.

-Senhor Voughan, é a Meredith.

-Pois não?

-O senhor está podendo falar? É um assunto importante.

-É sobre a empresa?

-Não senhor.

Meredith era a secretária de cinquenta e poucos anos que cuidava da agenda e assuntos do Christoph.

-E precisa ser tratado agora?

-Eu creio que sim, senhor.

Assim que o sinal abriu ele estacionou.

-Pode falar Mere.

-Senhor, é sobre a senhorita June. Eu estava passando pelo corredor e ouvi ela conversando com o senhor Dorian. Eles pareciam estar discutindo, e então eu escutei ela dizer que o senhor estava sendo reluto, mas que ela iria conseguir fazer o senhor voltar, mas se não voltasse ainda assim ela sairia no lucro.

-Por qual motivo ela falaria isso?

-Bem... o bebê que ela está esperando, é... não é seu senhor Voughan. Ela está grávida do senhor Dorian.

QUÊ?!?!
Como assim essa zinha tinha a coragem e a cara lavada de enganar o Christoph desse modo? Fulaninha suja e ordinária. Senti meu sangue ferver, olhei para ele Christoph que estava olhando para a tela do rádio onde ecoava a voz de Meredith nos altos falantes.

-Tem certeza disso Mere?

-Sim senhor. Eu gravei eles conversando, e o senhor Dorian disse que eles não teriam garantia nenhuma se o senhor pedisse teste de DNA e descobrissem que o filho é dele. Eu posso te mandar o áudio.

-Por favor. E obrigado por me avisar Mere.

-Eu precisava, eu nunca confiei no senhor Dorian, e a senhorita June sempre senti um ar de segundas intenções.

-E como sempre, você sempre está coberta de razão. Qualquer coisa eu ligo mais tarde. Obrigado.

-De nada senhor.

Christoph desliga o telefone e a música do rádio começa ecoar pelo carro novamente. Olhei pra ele que estava respirando lentamente. Ele não demonstrava reação alguma, apenas respirava enquanto olhava para frente.

-Christoph...

Ele olhou para mim, seus olhos cinzas estavam ficando mais escuros, ele sorriu para mim.

-Estou extremamente aliviado. -disse.

-Eles... -eu não sabia o que dizer.

-Eles vão pagar caro por isso, óbvio. Eu não desconfiava. Como pude ser tão idiota e não perceber que estava sendo feito de otário. E caí direitinho.

Fiquei em silêncio, eu não sabia o que dizer. Confesso que mesmo com a raiva que eu estava sendo pelo o que ela fez, eu estava feliz, feliz pelo filho não ser dele.

-O que vai fazer em relação a isso?

-Fazer eles pagarem.

Destinado à Você  - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora