Capítulo 23

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-Lina. –Sussurrei.

Eu estava decidida em partir para uma nova aventura, em se aprofundar de cara numa ideia que eu não sabia se daria certo, mas eu estava me sentindo esperançosa. E como dizia Coldplay "Se você nunca tentar, você nunca vai saber".
Precisava falar com a Lina sobre meus planos, eu iria gostar muito se ela fosse comigo, para ela é muito arriscado ir sem saber se realmente daria certo e lucro, mas eu estava muito disposta a tentar. Só de imaginar tudo se concretizando, meus olhos enchiam de lágrimas, eu estava muito feliz.

-Lina- dessa vez cutuquei seu ombro.

-Oi? –Ela tirou os fones e olhou para mim.

-Preciso te fazer uma proposta.

-Ai. Meu. Deus! Não faça suspense, você adora fazer suspense.

-Bem... estava conversando com o Christoph ontem à noite, e ele me deu uma ideia supimpa. Eu sei que é arriscado, e que para você poderá ser muito mais do que para mim. Mas você sempre esteve ao meu lado, e é tão boa no que faz quanto eu.

-Meu Deus Pietra, diz logo.

-Shhhhh. –Olhei para os lados, a carrancuda da minha chefe estava passando. –Acho melhor conversarmos em um lugar mais privado. –Sussurrei.

Ela revirou os olhos e respirou fundo.

-Eu odeio quando você faz isso. –Fechou a cara.
-Está bem, mas não vá fazer escândalo, por gentileza.

-Okay.

-Eu vou pedir demissão hoje.

-Quê... –ela começou, mas a interrompi.

-Deixa eu terminar... –ela se inclinou mais perto. –Eu vou pedir demissão, e vou abrir uma editora e quero que você venha trabalhar comigo. Eu sei que é muito arriscado, mas é um risco que estou disposta a tomar.

-E quer ir lá agora ou depois do expediente? –Ela se levantou da cadeira.

-Isso é um sim?

-Não. Isso é um com certeza, mulher!

Nos levantamos e fomos com passos firmes até a sala da megera. Bati na porta com dois toques, quando fui para o terceiro Lina abriu a porta e adentrou a sala.

-O que pensam que estão fazendo? –Ela nos olhou por cima dos óculos.

-Olha aqui Judite, eu e a Pietra estamos saturadas das suas grosserias e ranços. Vamos sair por aquela porta e não retornaremos mais para o próximo expediente. Okay! –Lina foi logo falando pelos cotovelos.

-Como é que é? –Ela levantou e apoiou as mãos na mesa.

-Estamos pedindo demissão. –Eu disse.

-Vocês não podem fazer isso.  –Ela olhou de uma forma fulminante para nós.

-Ah não? Fica olhando então. –Lina pegou minha mão e nos conduziu para fora da sala.

Pegamos nossas coisas e fomos caminhando até a saída.

-E vocês, seus bandos de folgados. Foi um desprazer trabalhar com vocês, espero que façam muita hora extra e no final do mês aquela mulher desconte do salário de vocês. –Ela apontou pra Judite.- Como sempre nos fez. Menos você Lu, você sempre será minha preferida nesse lugar. Depois de você Pietra. –Ela sussurrou só para eu ouvir. – E você George da Floresta, vá passar um desodorante porque você cheira a meia sebosa, seu tarado. –Demos as costas e saímos.

Lina estava completamente desvairada. Não era necessário ela fazer esse show todo, mesmo tendo sido divertido. Nós saímos dando muita risada.

-Não acredito que você fez isso. –Comentei.

-Estou me sentindo livre agora. Eu precisava proferir aquelas palavras, ainda foi pouco perto de todas as vezes que ensaiei. –ela riu.

-Então é isso? –Parei e fiquei olhando para ela.

-É isso! –Ela começou a dar pulinhos.

-Ai que tudoooo. –dissemos em uníssono e pulávamos enquanto nos abraçamos.

-Isso merece um maravilhoso café da manhã. Que tal?

-Aquele lá? –perguntei fazendo pose.

-Uhhhh... aquele lá. –ela fez charme.
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Durante nosso recheado café da manhã, ficamos conversando sobre várias ideias para a editora, pensamos em nomes, na decoração, no lugar, em tantas coisas.

Quando cheguei em casa, Eustáquio estava caminhando lentamente até seu pote de ração, ouvi um murmúrio vindo do quarto, caminhei até lá e quando abri a porta pude ouvir mais claramente o Christoph cantarolando no chuveiro.
Era a primeira vez que eu o ouvia cantar assim, tão espontaneamente, e até que ele não cantava mal.

-Bonjour mon amour. –eu disse parando na porta do banheiro.

-Bonjour ma chérie! –ele limpou o vidro embaçado do box.

Não vou nem comentar sobre a imagem que estava na minha frente, pois é digno apenas de admiração. Ele parecia uma estátua bem esculpida e formosa, imaginei na sorte que eu tinha, mas depois meu subconsciente logo me advertiu, pois eu precisava agradecer pelo homem de caráter que ele era e não apenas pelo corpo gostoso que ele tinha. Mas então, minha deusa interior disse que eu deveria aproveitar ambas as qualidades, pois não são dois Christoph's que existem nesse planeta terra.

-Tão cedo em casa?

-Pedi demissão. Lina e eu.

-Sério? Isso significa que você vai dar andamento com a ideia? – ele colocou a toalha em volta da cintura.

-Exatamente. Depois que saímos de lá fomos tomar um café da manhã e começamos a pensar em mil e uma coisas para a editora.

-Isso é incrível! –ele beijou meus lábios. –Estou tão orgulhoso de você.

-Eu também! A Pietra do mês passado nunca faria isso. –sorri.

-Mudanças são necessárias no momento necessário.

-O que vai fazer hoje? –sentei na cama enquanto ele ia até a cômoda pegar uma roupa.

-Estava planejando ir em uma agência de viagens. Eu queria fazer uma surpresa para você, mas já que está aqui e agora que tem tempo de sobra, estou planejando uma viagem para nós.

-Para onde?

-Para onde gostaria de ir?

-Poxa, tem tantos lugares. –olhei pra cima e fiquei pensando.

-Pensei bem...

-Qual era a sua ideia?

-Estava pensando na Suíça, o que acha?

-Que coincidência. Eu estava querendo falar o mesmo lugar. –sorri.

Christoph veio até mim e passou a mão em meus cabelos, ele se inclinou e me deu um beijo.

-É o destino. –ele abriu um sorriso tão lindo, tão estonteante.

Eu senti meu coração se aquecer, uma paixão florescer, gafanhotos dançavam no meu estômago. Eu realmente sou uma mulher de sorte.

Destinado à Você  - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora