Capítulo 22

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-Que saudade de você má chérie.

-Achei que você fosse demorar mais para voltar. -disse assim que desvinculei dos seus braços.

-E eu demorei. Não via a hora de voltar para casa.

-O jantar já chegou. Só vou tirar do forno e postar a mesa.

-Que bom, estou faminto.

Christoph deixou sua mala ao lado da porta assim que a fechou e fomos para a cozinha.

-Como foi por lá? -perguntei enquanto pegava nosso jantar do forno.

-Ridículo. Fiquei extremamente estressado. June jurava que não, chorou tanto que podia juntar as lágrimas num balde.

-E aquele ordinário?

-Negou com a mesma veemência. Até que eu apertei na ferida certa e ambos confessaram.

-Cretinos.

-June pediu perdão, disse que foi chantageada pelo Dorian, e o canalha teve a cara de pau de acusar ela, dizendo que o plano foi todo dela.

-Que nojo desses dois.

-Não sei dizer de quem foi a ideia. Mas eu sei que os dois concordaram e fizeram isso. Eu acabei dando um murro na cara dele.

-Foi muito bem feito.

-E como foram seus dias sem mim?

-Um tédio. Estou exausta da minha chefe, ela é um pé no saco.

-Sabe que não precisa trabalhar com isso, não é mesmo?

-Preciso por hora. Eu não tenho outro emprego em vista, e nem posso ficar sem trabalhar.

-Mas você pode ter sua própria editora.

-Não sei, não.

Coloquei os talheres na mesa enquanto o Christoph nos servia vinho.

-Você tem capacidade de gerenciar uma editora. Você tem experiência, e tem condições de abrir seu próprio negócio.

-Quem tem tais condições, são meus pais.

-Não seja egoísta Pietra. Você tem uma boa poupança, que eu soube.

-Quem te contou isso?

-Nossas mães são super melhores amigas, se bem me recordo.

-Elas fofocam de tudo mesmo, hein.

-Pense bem. Se você decidir, eu posso até ser seu sócio.

-Não precisa fazer isso Christoph.

-O quê? Estarei expandindo meus negócios, serei sócio para lucrar e não apenas para te beneficiar. Você fará todo o trabalho duro, vai ter sua recompensa como merecido. Pois além de uma ótima profissional, você é uma mulher incrível má chérie.

-Quanto elogio. –corei.

Senti meu rosto ficar quente. Os olhos cinzentos dele me olhavam com admiração, era incrível essa sensação, de ser vista como capaz e não como mais uma entre mil rostos pela multidão. Eu senti falta disso, depois do Christoph eu nunca mais me permiti se deixar levar pelo olhar de outra pessoa, eu criei um bloqueio amoroso tão forte, que nem eu mesma conseguia quebrar, mas bastou ele chegar com esse olhar que tudo se despedaçou, virou pó, e o amor que eu senti por ele um dia voltou ainda mais intenso, mais vívido, mais apaixonante.

-Estou dizendo o que você merece ouvir, e a mais pura verdade.

-O que aconteceu com você Christoph?

-Como assim? –ele franziu a testa.

-Você não era tão delicado assim. –sorri.

-Isso é um problema?

-De forma alguma. Não é como se você não me elogiasse. Mas a doçura no seu tom de voz mudou.

-Bem... sete anos muda muito uma pessoa. E sete anos longe da pessoa que se ama, o arrependimento do tempo perdido dilacera. E você merece toda doçura, gentileza, paixão do mundo, má chérie. Eu te amo, e você sabe.

-Christoph Voughan, o romântico implacável ataca novamente. –rimos juntos.

-E as novidades? –ele perguntou, logo em seguida levou o garfo a boca.

-Vejamos, Lina e Archie estão completamente apaixonados e melosos. Isso é incrível, porque eles ficam muito bem juntos. Ennye e Ian voltaram da Lua de Mel e agora ela está louca para mexer com costura, o que é engraçado, já que ela nunca pegou uma agulha na mão.

-Ian disse que ela está assim depois de verem um desfile aleatório na Lua de Mel. –ele riu.

-Ennye é muito criativa, mas desiste rápido das coisas quando não consegue êxito imediato.

-Que estranho, parece que ela é sua irmã gêmea. –ele riu.

-Não é que eu desista, eu apenas mudo de ideia e parto para outra. –sorri.

-E seus livros?

-O que tem?

-Está com projeto novo?

-Não. Depois do primeiro, ele acabou se tornando único.

-Você não pode desistir, seu livro foi incrível. Você escreve bem.
-Não sabia que tinha lido meu livro.

-Não só li, como também comprei um para a minha mãe.

-Não acredito.

-Por quê?

-Por que é uma história muito boa. Me fez até gostar de investigação.

-Não é como se eu fosse uma Agatha Christie da vida.

-Não é, mas está no caminho. É intrigante, aquele suspense, e o final...

-Vou começar a achar que você está enchendo minha bexiga. –ele riu.

-Você e seus jargões, sempre hilários.

Continuamos rindo e conversando, o resto do jantar.

A sensação que eu estava tendo era tão pura e a paz me invadia de uma forma esplendorosa. Fiquei pensando seriamente no que o Christoph havia dito sobre eu abrir minha editora, e não era uma má ideia. Eu tenho algumas economias, experiência e disposição.

Passei a noite toda pensando em nome, logo, ideias, publicidade. Eu já tinha conhecimento de como se trabalhar dentro de uma editora. Cheguei até a sonhar que estava pedindo demissão, e esse pensamento me deixou muito feliz, uma sensação de esperança inundava meu ser, e eu cheguei decidida no meu trabalho.

Destinado à Você  - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora