Destinado à Você - Livro II

Capitulo 11

-E ele não te beijou?

-Não.

-Em nenhum momento?

-Em momento algum!

-Eu não acredito! -minha irmã exclamou em indignação.

-Ah Ennye... está acontecendo tudo de novo. Eu não sei se aguento isso. É mais do que lógico que ele não quer nada do que somente amizade comigo.

-Você não sabe. Você também pensou isso da outra vez e olha que vocês namoraram.

-Dessa vez é diferente.

Logo depois que eu cheguei do passeio com o Christoph, eu corri até o quarto da minha irmã contar para ela. Eu estava frustada. Furiosa. Mas também estava completamente feliz e apaixonada.

Christoph foi como sempre, perfeitamente cordial. Voltamos do passeio de balão falando menos do que enquanto estávamos indo. Quero dizer... eu quase nem falei e ele não parava de tagarelar. Eu achei que ele fosse me beijar enquanto observávamos o sol descansar do alto do balão, achei que quando ele pegou na minha mão ele iria me trazer para mais perto dele e finalmente iríamos nos beijar. O cenário era romântico demais, e minha imaginação não parava de criar cenas sobre isso, eu estava precisando disso, do carinho dele. Eu sentia saudade, uma saudade que chegava a doer. Mesmo estando tão perto dele de novo, nós estávamos mais longe do que jamais estivemos.

-Você deveria confrontar ele. Perguntar o que ele realmente quer com você. Ele te ama, e isso é óbvio. Só não entendo porque tanta enrolação. -ela revirou os olhos.

-Eu não vou fazer isso! Que patético. Ele não sabe que eu ainda o amo. Que eu o amo ainda mais, seja isso possível ou não.

-Por isso mesmo. Deve ser por ele não saber que está agindo com tanta cautela.

-Ou pode ser que ele não esteja tão interessado. E como ele disse, só somos amigos de novo.

-Você me deixa nervosa, sabia Pietra?! Você é muito boba as vezes. Você tem que tomar atitude e confrontar ele. Deixar de ser tão iludida e ser um pouco mais realista. Parar de criar teorias e perguntar a verdade.

-É fácil você dizer isso. Nunca teve qualquer tipo de conflito no seu relacionamento com o Ian.

-Ainda bem que não! Não esse tipo pelo menos. Ai Piet... Eu detesto te ver assim. Saber que vocês estão separados por que são dois bobocas apaixonados que não tem coragem de falar isso um para o outro.

-Eu não quero me arriscar a perder tudo. Aliás, daqui alguns dias eu estou indo embora e tudo vai voltar a ser como antes. Vou estar ocupada demais com meu trabalho para pensar no Christoph ou na chance que eu perdi mais uma vez.

-Você quem sabe. Eu já disse minha opinião. Agora se você prefere ficar sofrendo à toa...

Não é que eu estaja sofrendo à toa. Minha irmã não entendia o caos que estava dentro de mim. Eu jamais pensei que teria a amizade dele de volta. Agora ter ele como meu namorado de novo já era pedir demais. E se ele realmente só quisesse ser meu amigo de novo, por causa dos negócios que tem com meu pai. E se ele tivesse encontrado alguém e esqueceu completamente de mim. Afinal, foram sete anos longe. Sete longos e miseráveis anos. A insegurança e covardia em mim eram mais fortes, e estavam em um complô contra minha coragem e determinação.
Acontece que o medo de ser rejeitada por ele parecia doer mais do que perdê-lo. E eu estava cansada de sofrer.

Mais dias se passaram, e as breves vezes que eu quase se esbarrava com o Christoph, eu dava um jeito de fugir. Não vê-lo facilitaria a minha volta para casa.

-Pietra amanhã no casamento você vai entrar de madrinha junto com o Christoph. -minha irmã comentou enquanto estávamos fazendo a última prova dos vestidos.

-Porque é que você não me contou isso antes? -era a última coisa que eu esperava.

Nem sei porque não pensei nisso.

-Se eu te contasse antes, você iria querer trocar com alguém. E agora já é tarde demais pra qualquer mudança.

-Ennye, você sabe que é bem mais fácil pra mim não passar tanto tempo perto dele.

-Você tem que parar de ser infantil Pietra. Por favor, se nessas duas semanas que você está aqui ele te chamou para sair só uma vez, talvez ele esteja super ocupado com o trabalho. E não por que não quer saber de você.

-Ah... lógico. Até por que, quando se quer estar perto de alguém você a ignora completamente.

-É você quem está fugindo dele.

-E você sabe muito bem o motivo.

-Eu não vou mais discutir sobre isso com você. Amanhã é meu casamento e eu já estou nervosa o suficiente por nós duas. Então eu agradeceria se você parasse de tentar bancar a difícil e fosse o par do Christoph durante a cerimônia.

Certo, ela tinha razão. Eu poderia fazer isso, seriam alguns minutos apenas. E depois do casamento eu voltaria para a minha casa e pararia de me iludir com ele de novo. Acontece que quanto menos eu o via, mais fácil era eu não pensar sobre nós juntos, e nem desejar nós como um casal.

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O dia já amanheceu um verdadeiro caos. Estavam todos correndo de um lado para o outro, arrumação daqui, organização dali. Minha irmã estava pirando, e eu estava tentando mantê-la calma.

-Vamos a maquiadora está nos esperando. -eu disse a chamando.

O casamento seria no hotel, com vista para o mar, ao ar livre. A previsão do tempo mostrava que haveria sol o dia todo e o céu estaria limpo à noite.

Quando chegamos na suíte presidencial, a qual havia sido reservada justamente para a noiva, as maquiadoras já estavam nos aguardando. Minutos depois as outras madrinhas estavam entrando, havia uma maquiadora para cada uma das cinco e para a noiva. Horas pareciam ter se passado, mas o tempo estava mais devagar e isso só deixava minha irmã ainda mais nervosa. Depois de terminada a maquiagem e o cabelo era hora do vestido. Os vestidos eram Candy color, rosa em tom pastel rendado na parte de baixo, longo até os pés, na parte superior era de alça fina de bordado e brilho em forma de flores, uma fita em tom de rosa um pouco mais escuro pendia na cintura. Era lindo e delicado.

Toda a decoração do casamento foi feita para lembrar a primavera. Um arco de flores estava posto na entrada, com um tapete sobre o gramado verde. A frente as cadeiras posicionadas para os convidados. Logo adiante mais um arco com flores estava onde os noivos iriam ficar e fazer seus votos. Estava tudo muito deslumbrante.

Ao sair do quarto depois que todas já estavam prontas, a cerimonialista foi nos organizando para que pudéssemos ir até o lado de fora do hotel e então finalmente o casamento iria finalmente começar. Se eu estava nervosa e ansiosa, imagine minha irmã. Fui até ela é a abracei.

-Estou tão feliz por você Enn. -disse em seu ouvido. -Eu sinto a sua felicidade.

Seus olhos se encheram de lágrimas.

-Eu não posso chorar agora. -ela logo abanou os olhos para as lágrimas não caírem.

-Te amo.

-Te amo

E então fui caminhando novamente para o meu lugar.

-Dessa vez não deu para fugir de mim.

A voz grave do Christoph estava perto demais do meu ouvido. Me virei e encontrei seus lindos olhos cinzentos olhando fixamente em mim.