Capitulo 7

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Ao voltar para casa encontrei com a minha irmã, passamos o que pareciam horas infinitas conversando, tanto sobre minha vida em São Francisco, como sobre o casamento dela. Na manhã seguinte acordei bem desperta e renovada, as lembranças do dia anterior já não passavam mais pela minha cabeça como um disco velho e riscado, fiz questão de empurrar para um canto esquecido e escuro da mente.

-Você precisa ir comigo até a cidade vizinha para ver algumas decorações para a festa. -minha irmã começou a falar.

Estávamos todos sentados em seus devidos lugares na mesa tomando o café da manhã.

-Okay. -respondi já bebericando um pouco de café.

-E depois que voltarmos de lá, precisamos ir no salão ver como vai ficar a organização para o jantar.

-Que jantar? -perguntei confusa.

-Pro casamento. Onde Nossas famílias e amigos se reúnem, e comemoramos a data do casamento. E... onde os padrinhos fazem um discurso para os noivos, incluindo você. A madrinha suprema. -ela disse com um sorrisinho.

-O quê? Como assim? Eu não estou sabendo de nada disso.

Minha mãe riu de mim, enquanto minha irmã me encarava.

-É lógico que tem. E você vai se sair muito bem, aliás não é você a escritora da família?

-Escritora sim. Agora metida a palestrante, não!

-Não se preocupe docinho, você vai se sair bem no discurso.

-Mãe, a senhora sabe que eu odeio falar em público.

-Não seja infantil Pietra. -disse meu pai. -São só algumas palavrinhas, e sua irmã só vai se casar uma vez. Eu espero.

-Não fale assim pai. Credo. -ela murmurou. -E aproveite que estou te avisando a tempo. Se bem que eu deveria ter deixado pra te contar só no dia.

-Ahá!

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A viagem levaria cerca de uma hora e meia de carro, durante o caminho acabei sendo tomada pela minha curiosidade, não resisti e acabei perguntando para a minha irmã.

-Você conhece aquela tal de June?

-Sim, ela trabalha na empresa do Christoph, e alguma coisa como contadora ou algo assim. Por quê?

-Nada não. É que no outro dia na praia eu acabei me esbarrando com ele, e ela estava lá toda atirada pra cima dele, e depois se fingiu de namorada super protetora e praticamente me disse pra não chegar perto dele.

-Não acredito! Mas que piranha arrogante.

-Só imaginei que talvez eles estivessem juntos.

-Até onde eu sei, ela é do tipo que se atira para todo e qualquer cara rico que vê pela frente. Eu particularmente nunca vi os dois juntos, mas o Ian disse que viu os dois saindo de mãos dadas de um restaurante uma vez.

-Hum...

-Se eu fosse você não me preocuparia com isso. Ele nunca teve ninguém de verdade depois de você. Sabe como é, a mamãe e a Genevieve sempre estão falando de tudo.

-Eu não estou preocupada.

-Sei.

-É que as vezes eu imagino como teria sido, se eu não tivesse agido por impulso.

-Você pensou que tinha sido traída. Está bem que você foi embora de uma forma muito melodramática, não chegava a tanto. Mas eu te entendo, eu teria feito o mesmo. Quando se ama muito alguém e você é machucado por essa pessoa, você só quer fugir da dor, e por mais longe que vá, a dor sempre vai estar com você.

Permaneci em silêncio. Eu confesso que senti uma raizinha de ciúmes nascendo em mim, mas poderia arranca-la pela raiz. Eu teria que me conformar que não teria o Christoph de volta, e que ele não sentia mais o mesmo por mim.

Passei o resto da tarde indo de loja em loja com a minha irmã, aproveitei para comprar algumas revistas de casamento para aprender a ser uma madrinha. Fizemos um lanche e quatro horas depois estávamos voltando para a ilha. Minha irmã estava indo a caminho do hotel ao invés de retornar para casa.

-Prometo que dessa vez não vamos demorar. -ela disse já estacionando o carro.

A segui caminho a dentro. Eu já tinha vindo aqui outro dia para conversar com a Daneth, mas só tinha ido até a área de alimentação que fica próximo ao hall de entrada. O hotel era grande e ainda no primeiro piso haviam mais três portas e uma delas dava para um grande salão, suponho que seja onde minha irmã vá fazer o jantar. Ela conversou com uma moça que estava ali por uns dez minutos, e então voltamos para o carro.

-Eu disse que não íamos demorar.

Quando estávamos na porta da entrada do hotel, dei de cara com ele. No mesmo instante eu senti meu rosto queimar.

Droga. Como é que eu vou esquecer ele se o vejo em todo canto que vou?!

-Oi Christoph. -minha irmã disse toda animada.

-Olá Ennye. Pietra.

-Oi Christoph. -seus olhos estavam fixos nos meus.

-Hum... Viemos ver o salão para o jantar de amanhã.

Assim que ele ouviu que minha irmã estava falando com ele, ele se virou para ela e fingiu prestar atenção.

-Ah... Bom, muito bom. Espero que esteja tudo em ordem. Se precisar de alguma coisa, por favor me avisa.

-Está tudo indo de encontro á perfeição. Espero você lá. O jantar começa ás oito.

-Eu vou estar. -ele disse isso olhando para mim, mas seu olhar não durou muito. -Mande lembranças ao Ian por mim. Eu preciso ir agora, tem alguns assuntos para resolver.

-Certo, eu vou dar o recado.

-Até mais.

-Até. -eu e minha irmã dissemos em uníssono.

-Ai. Meu. Deus! Você viu isso?! -minha irmã disse pausadamente e eufórica demais.

-Isso o quê?

-Ele não tirava os olhos de você. Você como ele disse "Eu vou estar" olhando fixamente pra você? -ela disse a fala dele engrossando a voz para imitá-lo.

-Pare de bobagem.

-Bobagem nenhum! Eu conheço ele. O Christoph é formal demais para falar com alguém do jeito que ele falou com você.

-Ele só disse meu nome em forma de cumprimento Ennye, não pira.

Começamos a andar até o carro.

-Eu não estou inventando isso. São fatos. Eu vi.

-Você não está me ajudando muito.

-A quê? Superar ele? Minha irmã, você pode até tentar superar aquele homem. Mas escuta o que eu estou te dizendo: Ele não superou você, nem em sete anos e não vai superar nem em um milhão de anos.

-Que exagero.

-Mais exagerada que você, jamais. -ela disse rindo. 

Destinado à Você  - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora