Capítulo V

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Afrodite

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Afrodite

O mundo girava em direções estranhas ao meu redor, entrando e saindo de foco, ora veloz feito uma lebre, ora quase em câmera lenta. O ar tinha desaparecido e os sons pareciam abafados e sem sentido, como se eu estivesse submersa numa piscina. Como os últimos segundos de fôlego antes do afogamento. Tudo que eu conseguia sentir era terror. Nojo. Raiva. Dor.

Eu sabia que precisava lutar. Uma parte da minha consciência ainda gritava incessantemente para que eu combatesse aquele predador nojento. Ele se esfregava contra meu corpo com uma volúpia doentia, enquanto lutava para abrir a própria calça com uma mão e me tapava a boca com a outra. A dor na minha cabeça, entretanto, era esmagadora demais e se sobrepujava a todo o resto. 

Não entendi nada quando, sem mais nem menos, todo o peso do homem que me prensava na parede desapareceu de cima de mim. Meu corpo, despreparado para a mudança brusca, desabou no chão e eu arfei profundamente.

Eu me esforçava para manter os olhos abertos e entender a movimentação ao meu redor, mas nada fazia sentido. Acho que vi um vulto, seguido de uma espécie de rugido. Ou seria um grito? Um som gutural, como se alguém se engasgasse e uma pancada abafada.

O mundo começava a desaparecer ao meu redor.

Logo antes de apagar, entretanto, senti que um par de mãos quentes segurava meu rosto com urgência.

— Merda!

***

Loki

Observando-a ali, finalmente adormecida, ela parecia tranquila e confortável. Sua respiração profunda e uma leve flutuação de seus olhos sob as pálpebras me diziam que ela estava sonhando, mas provavelmente nada relacionado aos acontecimentos das últimas horas. Essa noção ajudou a abrandar um pouco o incômodo que havia se instalado no fundo da minha garganta desde aquela cena no museu.

Levei o copo de whisky à boca quase inconscientemente enquanto me lembrava com desprazer algumas das sensações do dia. O choque ao me deparar com aquela situação, o ódio ao me livrar daquele verme nojento, a aflição enquanto dirigia às pressas para o hospital, pois não poderia me teleportar com seu corpo inerte. Mesmo quando a médica me garantiu que nenhum dano físico mais sério havia sido infligido e recebi a liberação para levá-la embora, nem assim meu coração desacelerou.

Não que eu fosse algum exemplo de conduta ou nutrisse um apreço particular por Afrodite. Sempre acreditei que devemos usar os meios necessários para conseguirmos o que queremos – e quanto mais divertido, melhor. Mas nenhum homem, mortal ou imortal, jamais tem o direito de se forçar sobre uma mulher. Não era para ter sido assim.

Sendo assim, só me permiti um primeiro suspiro de alívio ali, vendo-a ressonando em um quarto seguro da minha casa de Creta. Densas cortinas cobriam as grandes janelas de vidro, deixando o ambiente numa penumbra confortável.

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