Afrodite é a deusa grega do amor, da beleza e da sexualidade. Loki é o deus nórdico da trapaça e da enganação. Um não poderia ser mais diferente do outro. Porém, quando Afrodite se descobre sem poderes e banida do Olimpo nos dias atuais, Loki vê nel...
Olhei as cartas sobre a mesa. Um Sete, um Dez e um Valete de Ouros chamavam minha atenção. O Oito eu já tinha. Se ao menos eu pudesse transformar aquele inútil Seis em um Nove, seria um lindíssimo Straight Flush. Mas desde que Afrodite recuperara seus poderes, era simplesmente impossível trapacear contra ela. Sentidos aguçados demais.
— O que foi, asgardiano, está com medo? — ela provocou, um sorriso petulante brincando em seus lábios.
Encarei-a por um momento, perdendo-me na visão à minha frente. Ela continuava deslumbrante, como sempre fora. Mas agora, a aura sobrenatural em seu olhar era quase insuportável de tão sedutora. Se eu já não a amasse, me apaixonaria naquele instante.
— Só estou pensando no prêmio que eu vou receber quando ganhar essa rodada — senti meu sorriso alargar.
Seu rosto adquiriu um leve rubor, mas eu vi a malícia e o desejo preencherem sua expressão.
Alguns meses haviam se passado desde nossas intensas experiências no Olimpo.
Depois da inesperada explosão que restaurou os poderes de Afrodite e me trouxe de volta à vida, o corpo de Ares desapareceu completamente. Várias buscas foram realizadas, mas seu paradeiro não foi localizado, nem vivo, nem morto.
Zeus, muito a contragosto, foi obrigado a restaurar a posição dela entre os deuses olimpianos. Afinal, ela mesma recuperou a própria imortalidade ao oferecer-se em verdadeiro sacrifício. Não era a melhor das convivências, mas a deusa era atrevida o suficiente para lidar com ele sem grandes problemas.
Devolvemos Gungnir pessoalmente em Asgard, mas resolvemos guardar o Disco de Festos. Era bastante útil para certas visitas entre reinos. A humanidade, entretanto, estava enlouquecida com o desaparecimento de um artefato milenar. Andavam falando até de atos sobrenaturais.
Pela porta de vidro da casa de Creta, observei a chuva forte que anunciava a proximidade do inverno enquanto Afrodite decidia sua próxima jogada. Nossas partidas de poker haviam se tornado uma espécie de tradição. E as apostas cada vez mais divertidas.
— Espere só pra ver o que eu vou fazer com você quando eu ganhar — ela desafiou o meu blefe.
Joguei a cabeça para trás e gargalhei alto. Aparentemente, eu venceria de qualquer forma. Sem hesitar, empurrei todas as minhas fichas para o centro da mesa. Por ela, eu sempre apostaria tudo.
Fim
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