"Olha quem é ela..."
"Essa não é aquela que passa os dias na biblioteca?"
"Coitada não deve ter mais nada com que se divertir." Ouvem-se alguns risos.
*
"Olha para ali meu."
"Aquilo é um zé-ninguém puto."
"Ya mas é toda boa."
"Caga nela, só serve para copiar nos testes."
*
"Oh florzinha" Ignorei. "Florzinha estou a falar contigo." Ouvi passos a aproximarem-se de mim mas continuei a andar. "Vais-me ignorar?" Encostou-me à parede.
"Nã-ão" Gaguejei.
"Vais fazer a composição de português por mim, não vais?" Não respondi. "Não vais?" Fez com que batesse com as costas na parede onde me encostara com força.
"Si-im." Fechei os olhos com força pois estavam a doer-me as costas.
"Ótimo." Senti-o a afastar-se e suspirei de alívio.
*
Os meus dias são quase todos assim, cada um pior que o outro e é isto porque eu sou nova nesta escola e, pelos vistos, não me consegui integrar bem. Já lá vai um período e amanhã começa um novo. Se tenho amigos? Não, quer dizer, mais ou menos. O Ronald é uma pessoa espetacular e de vez em quando fala comigo, mas eu sei que ele não me dirige muito a palavra porque tem vergonha de ser visto ao pé de mim. Eu compreendo, se fosse a ele também tinha porque, quem é que quer andar com a miúda nova e que não é capaz de dizer um simples "olá" a alguém? Todos gozam comigo porque sou uma desastrada e fico toda atrapalhada quando estou nervosa. Eles dizem que só sirvo para copiar nos testes e fazer os trabalhos de casa deles, quando me pedem. Feita parva eu aceito mas é porque os rapazes são muito intimidantes dado que são quase o dobro do meu tamanho. As raparigas gozam todas com as minhas roupas simples e práticas e com o meu penteado, um simples rabo-de-cavalo ou então um coque quando não tenho assim muito tempo para me despachar. Elas dizem que eu venho da lixeira pelo meu aspeto mas também eu não sou rica como a maioria delas é, não sou nenhuma modelo para andar toda maquilhada como elas andam, não sou nenhuma vadia para andar quase sem roupa como elas se vestem. Eu sou diferente desta gente que estuda nesta escola, e sinto-me horrível por não poder fazer nada para o mudar. Se já falei com os meus pais sobre o que está a acontecer? Bem os meus pais morreram quando eu era muito pequena, tinha cerca de dois anos, e desde aí que tenho vivido com os meus avós paternos dado que os maternos abandonaram a minha mãe quando souberam que a minha mãe estava grávida de mim. Sim, eu nunca fui muito bem recebida na minha família e os meus avós paternos sempre foram aqueles que me apoiaram em tudo e pelo que percebi, aqueles que realmente acompanharam a gravidez da minha mãe ajudando em tudo o que necessitavam. Mas eu não falei com ninguém sobre ser gozada na escola, eles são daquele tipo de pessoas maravilhosas e que têm orgulho em mim, e por isso mesmo eu não quis dizer nada para não parecer mal. Mas a verdade é que tem sido muito complicado, dia para dia, esconder o pesadelo que é o meu dia-a-dia. Não quero ser problema para ninguém muito menos para os meus avós que são, sem dúvida, as pessoas mais maravilhosas que eu alguma vez conheci. Como devem de calcular eu sou boa aluna, muito boa aluna até, não consigo passar um dia sem estudar ou pelo menos, rever um pouco da matéria que demos. Mas também sou assim porque desde pequena que me habituei a não ter ninguém com quem falar ou brincar, eu não sei o que é ter um amigo porque nunca tive um. Não estou a dizer que o Ronald não é meu amigo porque isso não é verdade, eu considero-o como tal mas ele não me dá tanta atenção como eu gostaria. Ele foi o único que se deu ao trabalho para vir conversar comigo no primeiro dia que cheguei à escola, mas no dia seguinte ele disse que tinha coisas combinadas com os amigos e deixou-me sozinha o dia todo, e cada vez que o via com o seu grupinho ele olhava para mim mas desprezava-me, tem sido assim todos os dias desde então. Ele apenas fala comigo quando vem cá a casa e inclusive os meus avós já o tratam como "neto" e dizem que eu e ele namoramos. Óbvio que por mais vezes que diga que eu e o Ronald não somos nada, eles continuam a insistir tanto que já nem digo nada. Só costumamos estar juntos aos fins-de-semana mas mesmo assim nem são todos porque muitas vezes ele vai ter com os seus colegas e esquece-se de mim. Quer dizer eu não posso dizer que se esquece, mas como disse antes, ele tem vergonha de ser visto comigo por isso é claro que se tem de escolher entre mim e o seu grupinho, ele vai para o seu grupinho sem pensar duas vezes. Mas sinceramente eu já nem me importo com isso, já é tão natural que eu já estou habituada mas mesmo assim não deixa de magoar um pouco não é?
Mas a questão não é esta. O meu pior pesadelo não é ser gozada por todos, o meu pior pesadelo tem um nome, e esse nome é designado por Hayes Grier: O rapaz mais popular e desejado da escola. Eu sinceramente não sei o que as raparigas veem nele, eu não o acho assim tão bonito, apenas os olhos, e além disso ele é um estúpido. Ele faz-me coisas horríveis, ele mais os seus amigos. E o pior de tudo é que é em frente da escola toda, e sabem onde é a escola costuma estar quase toda reunida? Exatamente, no refeitório, por isso cada vez que vou almoçar e o vejo a chegar-se perto de mim, já sei que não vem dali coisa boa e acerto sempre. Todos os dias é algo novo e eu tento ao máximo ir almoçar ao bar ou então a um café que existe mesmo em frente da escola, mas como devem de calcular isso não acontece muitas vezes porque os meus avós não são ricos então não posso estar sempre a gastar o dinheiro que me dão como mesada, o que não é muito. Se eu gostava de ter uma vida melhor? Claro que gostava mas isto não é nenhum filme, isto é a vida real e nós temos de aprender a vivê-la.
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Dating Text ▲ H.G
Fanfiction"Olá." "Que queres?" "Conhecer-te :)" E foi assim que tudo começou. [BOOK ONE OF "DATING TEXT" TRIOLOGY] | ATENÇÃO: HAVERÁ LINGUAGEM QUE PODERÁ SER AGRESSIVA, E PODERÃO SER, AINDA, UTILIZADOS ALGUNS PALAVRÕES. CENAS DE VIOLÊNCIA E SEXUAIS PODERÃO T...