Capitulo 11 ▲ You can count on me

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Cheguei à biblioteca e encontrei Hayes sentado numa mesa e com livros à frente. Devo dizer que nunca imaginara presenciar algo deste género vindo deste rapaz, mas agrada-me. Aproximei-me da sua mesa e o seu olhar rapidamente se levantou para junto do meu.

"Olá." Ele falou.

"Olá." Respondi sentando-me ao pé dele. "Vejo que já começaste."

"Sim decidi ir adiantando algumas coisas."

"Fizeste bem." Olhei para o que estava a fazer e reparei que estava a estudar matemática. "Está a conseguir?"

"Sim, eu acho." Entregou-me o caderno e eu comecei a verificar o que tinha feito.

"Hayes isto está tudo mal." Avisei o rapaz que se encontrava concentrado naquilo que eu dizia.

"A sério?" Coçou a parte de trás do pescoço.

"Sim, tu tens de ter atenção às prioridades nas equações." Coloquei o caderno mais para si de modo a ele perceber o que eu estava a explicar. "Tu aqui em vez de somares porque vinha em primeiro lugar, tinhas de multiplicar porque nas equações as multiplicações e as divisões vêm primeiro que as somas e as subtrações."

"Eu não percebo nada disto." Encostou-se para trás na cadeira. "Agora percebes por que razão eu não dou a mínima para a escola? Estas cenas são demasiado complicadas para mim."

"Tem calma, vais ver que quando ganhares a prática de estudo consegues." Ele começou a rir-se e eu fiquei um pouco confusa.

"Acredita Abigail eu nunca vou ganhar práticas de estudo." Eu rolei os olhos.

"Só não ganhas porque não queres, se te esforçares tu consegues grandes resultados Hayes."

"Eu não quero ter bons resultados porque isso envolve demasiado trabalho e tempo que eu não estou disposto a perder."

"No futebol também não tens de trabalhar para evoluir? Aqui é igual!" Tentei explicar-lhe o melhor que consegui.

"Eu não vou falar disto contigo! Se eu já disse que não vou trabalhar não trabalho e acabou!"

"Porquê essa bipolaridade agora?" Falei sem perceber o seu tom rude de agora. "Eu pensei que estivesses a fazer um esforço para mudar, juro que pensei mesmo. E eu até estava a gostar deste novo Hayes."

"Lamento desiludir-te mas as pessoas não mudam, muito menos por alguém." Dito isto pegou nas suas coisas e saiu da divisão.

Eu não percebo o porquê desta sua atitude agora, será que eu disse algo de mal e nem me apercebi? Eu não me lembro de ter mencionado algo que o pudesse ter afetado, só disse que se ele se esforçasse poderia obter resultados muito melhores do que aquilo que obtém. Ele é um rapaz muito complicado, eu já vi, e realmente gostava de saber o que se passa com ele ou o que se passou na sua vida para ele ser assim. Gostava de o ajudar de alguma maneira, mesmo sabendo por aquilo que eu já passei devido à sua pessoa, ele precisa de alguém e é por isso que ele faz destas coisas. Talvez os pais não lhe dêem a devida atenção que ele deseja.

(...)

"Tudo bem?" Nash interrompe a minha leitura ao entrar na biblioteca.

"Sim." Tentei sorrir o melhor possível.

"Não acredito em ti, mal chegaste vieste logo para aqui, nem foste comer alguma coisa, e já para não falar que ao jantar também não comeste nada de jeito." Depois de marcar a página onde me encontrava fechei o livro. "Sabes que podes contar comigo Abby."

"É um rapaz." Ele ajeitou-se no seu lugar.

"Namorado?" Eu ri-me.

"Claro que não!" Neguei. "É um pouco complicado porque acho nem amigos somos..."

"Mas tu gostas dele, é isso?"

"Não Nash não é nada disso." Ele olhou-me confuso. "Digamos que ao início, quando eu entrei para aquela escola ele gozava comigo e humilhava-me, obrigava-me a fazer os trabalhos de casa dele e coisas assim. Depois o diretor da escola lançou um desafio aos alunos com melhores notas ajudarem aqueles que tinham mais dificuldades e eu acabei por ficar a ajudar esse rapaz. A verdade é que passado um tempo ele mudou, passou a ser mais simpático comigo, eu achei até que ele se estava a aplicar mais para tirar melhores notas. Mas hoje eu reparei que afinal ele não mudara nada, e que talvez ele precise de ajuda e não tem a quem socorrer. Eu até pensei que de alguma maneira os pais não lhe dêem a atenção que ele quer então ele comporta-se assim para chamar a sua atenção. O que eu quero dizer com isto é que, por mais coisas horríveis que ele me fez passar eu gostava de o ajudar, a sério que gostava, porque eu vejo que ele não está nas melhores condições e talvez esta esteja a ser uma parte complicada da sua vida, quem sabe." Nash olhava atentamente para mim enquanto eu proferia cada palavra.

"Tens a certeza que não sentes nada por esse rapaz Abigail?"

"Claro que não Nash, eu apenas vejo que ele consegue ser uma pessoa melhor do que aquilo que demonstra."

"Então fala com ele, diz-lhe que estás disposta a ajudá-lo no que ele precisar e que estarás sempre lá para ele."

"Tu não o conheces, ele vai mandar-me dar uma volta."

"Se não tentares nunca vais saber, quem sabe se ele não tem uma postura diferente contigo? Talvez ele estivesse à espera de alguém como tu para ajudá-lo."

"O problema é que ele nem assume que não está bem, mas eu consigo perceber que algo de errado se passa com ele. Mas não acredito que ele me vá deixar ajudar, ele afasta as pessoas sem dar por isso."

"Eu sei o que é isso, eu tenho um irmão mais novo que é um bocado problemático devido à morte dos meus pais, ele nunca soube lidar bem com a situação e só causa problemas para chamar a atenção. Eu já tentei falar com ele várias vezes e ainda hoje tento todos o dias, quem sabe se tu não fizeres o mesmo com esse rapaz ele não acaba por se tornar aquela pessoa que tu achas que um dia pode vir a ser?"

"Desculpa Nash, eu não sabia que estavas com esses problemas."

"Tudo bem, tu deves saber o que estou a sentir e desabafar faz sempre bem à alma." Ele sorriu-me e eu contribui.

"Eu vou tentar então."

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