Capitulo 36 ▲ Fine, I'll tell you

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Enquanto Hayes me ajudava a arrumar a cozinha ouvimos a porta de entrada a abrir, dando a entender que Nash tinha chegado. Assim que este passou pela porta da cozinha eu dei-lhe um pequeno sorriso, sendo rapidamente retribuída.

"Bom dia." Falei e este sentou-se à mesa puxando o cabelo para trás.

"Seja muito bem-vindo irmão." Hayes aproximou-se do irmão velho e abafando-lhe o ombro. "A noite foi longa, hum?" Dito isto riu-se.

"Cala-te puto." Depois de ambos soltarem uma leve gargalhada Hayes abandona a divisão e Nash apenas revira os olhos.

"Fiz-te uns ovos." Disse colocando o prato que tinha guardado para ele à sua frente.

"Obrigada Abigail, estava mesmo com fome." Depois de lhe dar um garfo ele começou a comer de imediato, e eu apenas me sentei à sua frente. "É bom ter-te cá em casa." Dei-lhe o meu melhor sorriso. A verdade é que ele já tem feito tanto por mim que eu sinto que, de alguma forma, me estou a aproveitar dele. Acho que está na hora de voltar, voltar para Cameron.

"Fizeste tanto por mim Nash, fico-te a dever uma, e uma das grandes." Ele abanou a cabeça negativamente e depois de engolir o que tinha na boca responde.

"Nada disso Abigail, tu não tinhas para onde ir por só fiz o que qualquer amigo faria por ti." Se tivesse amigos, acrescento nos meus pensamentos.

"Mesmo assim não sei como te agradecer, a sério."

"Não tens de agradecer, eu gosto imenso de te ter aqui em casa."

"Eu acho é que já estou a abusar da tua bondade, de certa forma." Comecei e quando ele ia a protestar eu continuei o que ia a dizer. "É melhor eu voltar Nash." Ele colocou o garfo em cima do prato antes de este ter oportunidade de chegar à sua boca.

"Estás a sério?" Eu assenti. "Foi o Hayes? Ele fez-te alguma coisa, não fez?! Eu vou matar aquele gaj-"

"O teu irmão não me fez nada!" Rapidamente o impedi de continuar a insultar o rapaz mais novo.

Se ele ao menos tivesse uma pequena ideia do que se tem vindo a passar nas suas costas...

"Eu apenas não quero estar a mais, e além disso o meu lugar é ao lado do Cameron, é com ele que vivo. Aliás, ele já deve de andar à minha procura..." A verdade é que eu tenho certas saudades deste rapaz de olhos castanhos, saudades de quando ele era bom para mim.

"Eu gostava de saber o que é que realmente aconteceu naquele dia para tu me teres ligado e eu te encontrar naquele estado. Estavas lastimável." Engoli seco. Eu sei que não devia de contar as coisas que o Cameron me fez pois não é propriamente correto, mas eu sei que posso confiar neste rapaz de olhos azuis à minha frente com o cabelo quase pelos ombros. Eu confio nele.

"Está bem, eu conto." Respirei fundo, pronta para finalmente contar a alguém o inferno e os momentos agradáveis que tenho vindo a passar. Talvez eu me sinta melhor depois de desabafar com alguém sobre este assunto.

Contei-lhe tudo, desde que o Cameron apareceu lá no orfanato pela primeira vez, até àquela noite e no nosso momento no sofá no último dia de aulas. Ele ia-me fazendo algumas perguntas a meio do meu discurso e eu respondia calmamente sem lhe esconder nada. Confesso que senti um certo peso a sair-me pelos ombros e um grande alívio por ter falado disto.

Estava lavada em lágrimas por recordar estes pequenos momentos que não aconteceram assim há tanto tempo como parece. Contei-lhe também da noite em que Cameron me levou a sair e eu fiquei de certa forma bêbeda, e onde Cameron mais uma vez me bateu e eu fiquei inconsciente indo parar àquele café na manhã seguinte, onde ele me foi buscar.

"Nós temos de ir à polícia Abigail, agora!" Disse ao fim de um tempo a processar a informação que lhe acabara de dar.

"Não Nash!" Falei rapidamente pois a última coisa que quero é causar confusões para o seu lado. Ele definitivamente que não conhece Cameron nem sabe aquilo que ele é capaz de fazer, ou até mesmo Mr. Olsen. "Por favor promete-te que não vais fazer nada de maluco! Eu consigo tratar do assunto, não te preocupes." Garanti-lhe mesmo sabendo que o estava a fazer mais para mim mesma.

"Não me preocupar? Abigail como é que me podes dizer para não me preocupar depois do que me acabaste de contar?! Isto é grave Abigail, muito grave! Sabe-se lá a quem mais ele fez este tipo de abusos... Ele merece apodrecer na prisão é o que é!"

"Por favor Nash..." Implorei mais uma vez, não quero mesmo que ele corra este risco.

"Tu não podes voltar para casa dele, nunca mais! Ficas connosco."

"Não posso Nash. Vou só causar mais incomodo e além disso é mais uma pessoa para sustentares, e já para não falar que eu tenho as minhas coisas na casa do Cameron. Nem te quero mais a dormir no sofá da sala." Ele rolou os olhos com a minha resposta.

"Não se fala mais no assunto Abigail, e quanto às tuas coisas não te preocupes que eu trato disso ainda hoje." Olhei-o confusa.

"Nash a sério eu-"

"A conversa acaba aqui."

Dito isto Nash abandona a divisão deixando-me completamente sem qualquer reação. Eu não acredito que ele me está a obrigar a ficar aqui com eles, eu simplesmente não posso!

"É verdade aquilo que disseste?" Assustei-me quando ouvi a sua voz olhando para a porta da cozinha e vendo Hayes em pé encostado à umbreira e de braços cruzados.

"O que queres dizer?" Será que ele ouviu a minha conversa com o irmão?

"Eu ouvi a conversa que estavas a ter com Nash." Respondeu aos meus pensamentos. Não acredito que ele o fez! Apetece-me gritar com ele e dizer-lhe que isso é uma falta de respeito tremenda, mas simplesmente não posso.

"Porque é que ouviste?" Decidi perguntar de uma maneira mais suave e permaneci com os meus olhos nos meus dedos em cima da mesa.

"Responde-me Abigail, não desvies o assunto." A sua voz estava de certa forma severa e não sei realmente o que pensar disso.

"O que queres exatamente saber?" Eu sei que quando ele faz estas perguntas é necessário que ele se especifique pois ainda acabo a dizer algo que me vá arrepender.

"Foste mesmo violada por aquele anormal Abigail?" Olhei-o e este tinha o olhar em mim e agora já estava à minha frente, em pé.

"Hayes..." Eu não sei se devo contar realmente, não gosto de falar deste assunto e, além disso, são coisas pessoais minhas. Quem me dera ter coragem para dizer estas palavras sem me preocupar com a sua reação.

"Apenas responde Abby, por favor." Sem nunca deixar o contacto dos nossos olhos respirei fundo e finalmente lhe dei a tão desejada resposta.

"Sim."

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