Capitulo 26 ▲ She belongs to you

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QUA / 25 / MARÇO / 2015

Uma semana já se passou e devo dizer que correu tudo normal. Nada de mensagens do número misterioso nem atitudes incompreensíveis de Cameron, devo dizer que se a minha vida continuar assim eu aguento e agradeço.

Cameron saiu há uns minutos e devo dizer que a minha "relação" com ele está cada vez melhor. Sim, quer dizer, eu não sei se o que temos realmente se pode chamar como tal, mas ele tem-me tratado demasiado bem comparado com os primeiros dias. Eu acho ele uma pessoa maravilhosa e tenho a certeza que ele consegue ser o homem que todas as raparigas desejam um dia ter ao seu lado, basta ele querer pois ele tem mostrado isso comigo. Eu não me quero estar a iludir para depois me cair uma bomba em cima, mas eu estou realmente a gostar de estar com ele como temos estado. Depois daquilo da semana passada na sala não tivemos mais nenhum momento íntimo e, de certa forma, eu até agradeço porque não sei se estou preparada para começar com uma vida sexual ativa.

A porta da entrada foi aberta no andar de baixo e eu rapidamente saí do meu quarto até às escadas para ir ter com Cameron, mas rapidamente me parei quando comecei a ouvir a sua voz.

"Eles vão-nos tirar a Abigail." Como?

"O que é que eles disseram?"

"Que a filha era deles por isso eles tinham o direito de ficar com ela. E não iam desistir até nós estarmos atrás das grades." O quê? Filha? Como assim? Os meus pais morreram quando eu tinha cerca de dois anos... eles não podem estar vivos, podem?

"Aqueles cabrões..." Ouvi a voz do homem mais velho e tentei não fazer barulho algum para eles não notarem a minha presença. Confesso que não estou a perceber grande coisa... acho que agora me encontro ainda mais confusa.

"Nós temos de agir pai, eles não a podem levar, logo agora que ela está a começar a integrar-se e estamos realmente a entendermo-nos. Tu sabes que eu preciso disto, não me a podem tirar!" Ele de certa forma parecia desesperado e isso fez-me ficar ainda mais baralhada. Porque é que é tão importante assim eu estar ao seu lado? Aliás, eu nunca percebi o propósito de para aqui ter vindo... Eu só gostava que as coisas fossem mais claras na minha cabeça.

"Nós não a vamos perder filho, acredita em mim." Falou certamente decidido. "Eles não lhe vão tocar, ela pertence-te e não vai sair desta casa!" Eles falavam como se eu fosse algum objeto, isso deixava-me com um certo receio com o que possa estar a acontecer sem eu me aperceber.

"Eu vou lá a cima ver como ela está." Ao ouvir isto subi as escadas o mais rápido e silencioso que consegui indo até ao meu quarto e encostando a porta. Deitei-me na cama de barriga para baixo e fingi estar a dormir. Eu não quero que ele saiba que eu estive a ouvir a sua conversa com o pai, estamos a ir tão bem não quero dar agora dois passos para trás.

O som da porta ao abrir ecoou pelo quarto e eu permaneci quieta dando a entender que estava adormecida. Ouvi a porta a ser encostada novamente e segundos depois a minha cama a mexer-se dando a entender que Cameron subiu para junto de mim. Senti os seus lábios a beijarem a minha bochecha calmamente e comecei a mexer-me parecendo que estava a acordar.

"Desculpa se te acordei" Ouvi a sua voz e esfreguei um pouco os olhos abrindo-os de seguida.

"Não faz mal." Suspirei. "Acho que adormeci depois de ires." Menti e sentei-me com as costas encostadas à cabeceira da cama. Cameron sentou-se também à minha frente e agarrou nas minhas mãos entrelaçando-as com as suas.

"Desculpa mas tive mesmo de sair."

"Tudo bem." Dei-lhe o meu melhor sorriso. "Mas está tudo bem?" Será que ele me vai contar o que contou ao pai?

"Vai ficar, não te preocupes com isso agora." Agarrou nas minhas pernas e puxou-me para si entrelaçando-as na sua cintura.

"Mas passou-se algo?" Falei quando ele começou a dar leves beijos no meu pescoço.

"São assuntos meus Abigail, não te metas!" Falou um pouco agressivo e eu apenas desviei o olhar para a sua gola. Acho que não me devia ter metido...

"Desculpa." Disse e segundos a seguir ouvi-o suspirar levantando-me o queixo obrigando-me a mirá-lo.

"Não é nada de grave, a sério, não tens de te preocupar." Eu assenti sem expressão alguma. Eu já tinha uma pequena ideia de que ele não ia dizer nada, só gostava é que me explicassem tudo para eu ficar a perceber melhor esta história toda que me está a dar cabo do cérebro.

"Cameron?" Falei quando senti as suas mãos a entrarem por dentro da minha camisola.

"Diz bebé." Ele encarou-me e eu agradeço por as suas mãos terem parado o que estavam a fazer.

"Posso-te fazer uma pergunta?" Perguntei mordendo o meu lábio inferior com medo da sua resposta. Eu tenho a certeza que depois da pergunta que eu lhe vou fazer o clima entre nós vai mudar radicalmente mas eu tenho de arriscar se não vou estar sempre a apanhar moscas.

"Diz."

"Porque é que me trouxeram para esta casa? Porque é que não me deixaram ficar no orfanato?" Senti-o a ficar tenso e a sua expressão alterou-se para uma mais séria.

"Porque é que queres saber?" Respondeu frio e eu senti um arrepio a percorrer-me a espinha.

"Eu nunca percebi realmente o motivo de o terem feito, e esta é uma pergunta que anda a pairar desde que aqui cheguei. Só gostava de saber..." Falei um pouco receosa da sua reação dado que ele é demasiado imprevisível.

"Depois de teres desrespeitado aquela regra no orfanato eu queria castigar-te e então decidi trazer-te para aqui. O objetivo era trancar-te num quarto sem comida nem água para tu perceberes que tinhas errado, mas depois pensei que talvez não tivesses o conhecimento das ditas regras e decidi que ficarias por cá, como se te adotássemos." Olhei-o um pouco confusa. Algo neste assunto não bate totalmente certo...

"Porquê?" Ele encolheu os ombros.

"Não sei, ao início era porque eu estava sempre só e então queria ter alguém ao meu lado, mas depois comecei a afeiçoar-me a ti e já não te consegui deixar ir." Esta explicação toda não me deixou totalmente confiante. Eu sei que há algo que ele me está a omitir e agora tenho ainda mais certezas disso depois de ter ouvido a conversa no andar de baixo com o seu pai. Eu só não percebo é o porquê disto tudo, dos mistérios, dos segredos, é assim tão grave contarem-me o que se está a passar? É que eu sinto a minha cabeça feita num oito com a confusão de tudo o que acontece à minha volta. Só gostava que as coisas ganhassem realmente um sentido e tudo se encaixasse onde deve de ser.

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