Capitulo 3 ▲ Starting help

459 32 2
                                    

Acabei de chegar a casa depois de mais um dia de escola deste novo período e encontrei o meu avô na sala a ver qualquer coisa de desinteressante na televisão.

"Olá avô." Beijei a sua bochecha e coloquei a mochila em cima do sofá.

"Olá Abigail. Como correu o teu dia na escola?"

"Normal." Encolhi os ombros e fui até à cozinha onde estava a minha avó a cozinhar, provavelmente o jantar.

"Olá avó." Fiz o mesmo que fiz ao meu avô: beijei-lhe a bochecha.

"Olá neta, como foi a escolinha?" É engraçado como eles me fazem a mesma pergunta. Só mostra que são avós que se preocupam comigo. Eles são, sem dúvida, as pessoas mais importantes para mim e as únicas que eu tenho neste mundo a que posso chamar de família.

"Correu normal." Encolhi os ombros. "Sabias que a escola está a trabalhar num projeto para os alunos mais inteligentes ajudarem aqueles com mais dificuldades?"

"A sério? Então isso significa que vais ajudar algum?" Assenti. "E já sabes quem é?" Assenti novamente. "E podes dizer à avó?"

"Chama-se Hayes Grier, é um parvo que anda lá na escola." Falei desinteressada. "Sinceramente nem sei como o posso ajudar. Ele não liga nenhuma à escola e só não tem boas notas porque não quer."

"Então é isso mesmo que tens de lhe mostrar. Tens de o fazer ver que a escola é essencial, que sem ela ele não pode vir a ser ninguém na vida." Encolheu os ombros. "Por alguma razão os professores colocaram-te a ajudá-lo, eles sabem que tu és capaz." Sorri-lhe. "Agora vai lá fazer as coisas da escola que tens para fazer que eu depois chamo-te para o jantar."

"Não queres ajuda com isso?" Pergunto.

"Eu posso estar velha, amor mas ainda consigo me mexer muito bem." Ri-me. A minha avó é sem dúvida a pessoa que tem os chamados bichos-carpinteiros. Ela nunca para quieta, está sempre de um lado para o outro a fazer qualquer coisa, mesmo que seja o mais insignificante.

"Está bem, então até já." Dito isto, saí da cozinha e fui buscar a minha mala à sala. Em seguida, fui para o meu quarto onde estive lá até a minha avó me chamar para jantar.

(...)

TER / 25 / FEVEREIRO / 2015

"Então bebé ouvi dizer que és tu que me vais ajudar?" Estremeci ao ouvir a sua voz atrás de mim.

"Pelos vistos." Fechei a porta do meu cacifo e rapidamente comecei a andar, afastando-me dele o mais possível.

"Onde é que pensas que vais?" Hayes agarrou-me no braço e virou-me para si com força, o que fez com que eu chocasse contra o seu corpo e a minha mala, juntamente com alguns livros que tinha nos braços, caíssem ao chão. "A nossa conversa ainda não acabou, princesa." Eu estava a tremer porque nunca antes tinha estado tão perto dele. "Mas vá, apanha lá isso que eu tenho mais que fazer do que te aturar." Mandou-me para o chão e quando eu comecei a apanhar as minhas coisas fui puxada pelo rabo-de-cavalo. "Mas que seja a última vez que me viras costas antes de acabarmos a conversa, estamos entendidos?" Assenti e este deixou-me cair no chão novamente. As lágrimas começaram a cair e eu tentei despachar-me a apanhar tudo mas quanto mais rápido o fazia mais atrapalhada ficava. Quando eu cheguei à casa de banho das meninas entrei para um compartimento e escorreguei pela parede abaixo à medida que as minhas bochechas se enchiam de água, devido às lágrimas que estava a derramar.

(...)

Acabar com inglês é sem dúvida a pior cena de sempre, ainda por cima se a seguir tens de ir aturar alguém que passa a vida a fazer da tua um inferno. Sim, o tal projeto que o Mr. Trumer falou ontem começa hoje e é ao final das aulas, por isso, aqui estou eu na biblioteca à espera que o Hayes Grier apareça, apesar de eu não acreditar que ele o faça. Olhei mais uma vez para o relógio e eram cinco e meia, ou seja, estou aqui há uma hora à espera que ele apareça o que ainda não aconteceu. Bufei e olhei mais uma vez para a entrada mas, infelizmente, não vi nenhum rapaz moreno e de olhos azuis a entrar por esta. Simplesmente comecei a arrumar as minhas coisas para me ir embora.

"Já vais embora?" Olhei para o meu lado e vi Hayes a pousar a sua mochila em cima da mesa onde me encontrava, sentando-se de seguida.

"Não, eu pensava que não vinhas." Tirei novamente as coisas e ele fez o mesmo.

"Tive cenas mais interessantes para fazer." Encolheu os ombros. "Mas estou aqui agora, não estou? Então vamos trabalhar?"

"Ahm... estás bem?"

"Sim, porque perguntas?"

"Ahm... não é que... ahm... não sei... estás com vontade de trabalhar?" Gaguejei

"Não, mas já que tem de ser não tenho outro remédio." Abriu o livro, que me pareceu de físico-química, e tirou do estojo um lápis, uma caneta e uma borracha.

"Muito bem." Fiz o mesmo. "Tens alguma dúvida nesta matéria?"

"Achas mesmo que eu tomo atenção às aulas?" Fiquei um pouco atrapalhada. Mas é claro que ele não o ia fazer, estamos a falar do Hayes Grier.

"Não sei." Encolhi os ombros um pouco a medo. Nunca se sabe o que ele me pode fazer.

"Bem, então ficas a saber que eu não tomo e estou-me a borrifar para a escola." Colocou os pés em cima da mesa e encostou-se para trás na cadeira.

"O que é que tu queres fazer da tua vida Hayes?" Não resisti em perguntar.

"Como assim?" Colocou-se direito novamente.

"Sim, quais são os teus planos para depois da escola?" Ele encolheu os ombros.

"Mas porque é que isso te interessa?"

"Sabes que sem estudos tu ainda vais parar ao meio da rua e a morrer à fome, certo?" Ok talvez esteja a exagerar um pouco mas ele tem de perceber que precisa de se aplicar nos estudos, coisa que ele não está a fazer.

"Eu jogo futebol."

"Eu sei, e mesmo para ser jogador de futebol tu precisas de estudos. E já para não falar que ser jogador de futebol não é uma carreira efetiva, ou seja, tu tanto podes estar a jogar num clube qualquer como de repente já estás na rua e, caso isso aconteça, para onde é que vais se não tens quaisquer estudos?" Hayes não me respondeu, ficando um silêncio constrangedor entre ambos.

Dating Text ▲ H.GOnde histórias criam vida. Descubra agora