Capitulo 10 ▲ Why you gotta be so rude?

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"Olá querida, como correu o dia?" Disse Joane ao mesmo tempo que entrava no dormitório e eu me encontrava sentada na cama a fazer trabalhos.

"Correu bem, obrigada por perguntar." Ela sentou-se à minha frente e olhou para aquilo que estava a fazer.

"A escola está a correr bem?"

"Sim." Tentei sorrir mas a verdade é que eu estava desejosa que a senhora se fosse embora para me deixar fazer os trabalhos em paz. Eu sei que não sou assim mas eu gostava mesmo de ficar sozinha, e tenho de aproveitar estes momentos quando não estão cá as minhas colegas de quarto, elas são insuportáveis.

"Eu não te quero estar a chatear com este assunto Abigail mas tu sabes que podes falar comigo, certo? Eu estou aqui para o que precisares."

"Obrigada Joane mas eu agora preciso mesmo de acabar estes trabalhos se não se importar." A senhora apenas sorriu leve e levantou-se indo em direção à porta.

"Quando quiseres sabes onde me encontrar." Eu assenti e a mulher abandonou o dormitório.

Eu realmente já não sei o que fazer, a morte dos meus avós parece que me tornou uma pessoa pior, mais rude. É claro que eles me fazem tanta falta e eu gostava tanto deles, mas eles não tinham o direito de partirem assim, eles deviam ter-se despedido, pelo menos, eu já nem me lembro quando foi a última vez que lhes disse "amo-te". Eles eram as únicas pessoas que restavam na minha vida e agora foram-se embora, assim, sem mais nem menos. Eu não merecia isto, eu não merecia ter crescido mais rápido do que o normal, nem sequer tive hipóteses de ter uma infância feliz ao lado da minha família. Eles odiavam-nos, e infelizmente nunca vou ter aquela lembrança de criança de quando ia ao parque com os meus pais e a seguir íamos todos comer um gelado. É claro que eu não quero começar a armar-me em vítima perante as pessoas, eu só quero que elas percebam que eu ainda me estou a habituar a isto tudo, a esta nova vida, é óbvio que isto ainda vai demorar e vai custar, mas eu hei de conseguir, eu sei que sim.

"E depois ele disse que também era bonita!" Ouvi dizerem ao mesmo tempo que abriam a porta. "Olá! Abigail, certo?" Eu assenti a Ana que acabara de entrar no quarto juntamente com a Sophia.

"Eu vou preparar-me para ir dormir, até já." Dito isto saí do quarto juntamente com a minha bolsinha de higiene que deixo sempre na gaveta da mesinha de cabeceira e fui até à casa de banho onde só se encontravam umas meninas mais pequenas, o que me fez agradecer mentalmente.

(...)

SEG / 02 / MARÇO / 2015

"Hey Abigail!" Ouvi chamarem-me quando entrei no edifício da escola e assim que olhei para o lado vi Hayes. "O Ronald hoje não vem porque andou à porrada no treino de ontem então foi suspenso durante o resto da semana."

"A sério? Mas ele não é nada dessas coisas, o que aconteceu?"

"Eu não percebi bem, quando reparei ele já estava a bater no gajo." Encolheu os ombros.

"Eu vou tentar falar com ele para perceber o que se passou, obrigada por me avisares." Dito isto continuei o meu caminho ao longo do corredor mas rapidamente este agarrou-me no braço virando-me para ele bruscamente. Confesso que um arrepio me percorreu ao longo da espinha quando este me virou desta maneira, talvez o verdadeiro Hayes ainda não tenha desaparecido, ou então nunca desapareceu. Acho que é mais a última opção.

"Logo sempre nos encontramos na biblioteca, certo?" Eu assenti e olhei para a sua mão que continuava a fazer alguma pressão no meu braço, e este assim que reparou retirou a mesma virando-se de costas começando a andar pelos corredores fora.

Ouviu-se o toque e rapidamente fui até à minha sala onde já se encontrava uma boa parte dos alunos a conversarem.

"Olá Abigail." Duas das raparigas que se encontravam lá dentro vieram ter comigo. "Eu pergunto-me todos os dias se tu tens espelhos em casa, mas depois percebo que tu nem sequer tens casa." Ela mais a sua amiguinha soltaram uma leve gargalhada.

"Deve ser horrível viver com raparigas como tu, sem família, sem alguém que se preocupe contigo..." A outra falou e eu confesso que me estou a esforçar para não chorar, elas não fazem ideia pelo inferno que estou a passar.

"Podem parar de me chatear, por favor? Não estou com paciência nenhuma para vos aturar." Falei com a coragem vindo de sei lá onde. A verdade é que, como eu já disse, a morte dos meus avós está a mudar-me, mas não sei se é para melhor ou pior. Provavelmente se fosse há um tempo atrás, neste momento já estava aqui toda a chorar e provavelmente iria agora mesmo a correr para a casa banho para não me verem. Mas agora estou diferente, existe um novo eu.

"Mas porque é que tens de ser tão rude?" A loira falou. "Lá no orfanato não te ensinam a ter boas maneiras?"

"Chega não aguento mais isto." Falei mais para mim do que para elas e peguei nas minhas coisas saindo para fora da sala. Estava sem qualquer paciência para aturar miúdas com falta de atenção, miúdas que se acham as maiores. Eu nunca percebi o porquê de gostarem tanto de infernizar a vida aos outros, isso traz algum tipo de benefício de que eu não estejas a par? Isso torna a vida melhor? É que se assim for eu também vou começar a tratar mal toda a gente porque eu quero que a minha melhore o mais rápido possível. Quero andar para a frente, para a parte onde já não vou sentir mais este vazio que sinto, esta dor que está constantemente presente no meu coração. Eu só gostava que as coisas voltassem ao que eram, onde eu não era completamente feliz mas tinha alguém com quem contar. Eu só gostava de ser uma simples rapariga de 15 anos a viver as aventuras de amores e de amizades como se vive com esta idade. Mas a verdade é que eu estou a viver tudo ao contrário.

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