Capitulo 12 ▲ What you want?

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TER / 03 / MARÇO / 2015

Cheguei à escola já um pouco atrasada e assim que bati à porta a atenção veio toda para mim, como já era de esperar.

"Desculpe pelo atraso professor." Falei com a voz um pouco ofegante por ter vindo a correr até à sala.

"Tudo bem Abigail, sente-se e preste atenção ao resto da aula." Depois de entrar fechei a porta e dirigi-me ao meu lugar no máximo silêncio que consegui estando atenta ao resto da aula de ciências.

Assim que o toque da campainha soou todos se levantaram e eu esperei que estes saíssem deixando-me ficar para o final onde já não houvesse confusão. Depois de sair da sala fui até ao bar onde andei à procura de Hayes, como não havia nenhum sinal dele naquele espaço dirigi-me para o pátio onde o vi com os seus amigos mais umas raparigas. Ainda estive um pouco a mirá-lo para ver se iria falar com ele ou não devido às companhias com que ele se encontrava, mas acabei por ganhar coragem e fui até lá.

"Hayes." Chamei-o e este olhou-me.

"Que queres?" Respondeu rude, como já era habitual.

"Hoje encontramo-nos na biblioteca à mesma hora?"

"Não posso, já tenho coisas combinadas." A minha boca abriu-se, de espanto.

"Mas temos de estudar, não tens teste amanhã?"

"E depois? Eu até estou a pensar em baldar-me ao teste."

"Desculpa querida mas o Hayes tem planos muito mais interessantes do que estar na tua companhia." Amber Robinson, a rapariga mais cobiçada da escola. Eu não percebo a atração dos rapazes por esta rapariga, ela não tem nada na cabeça, literalmente, aquela pasta cinzenta que ela tem dentro do crânio não passa de uma pasta cinzenta completamente vazia.

"Como queiram." Não disse mais nada apenas virei costas e comecei a ouvir algumas gargalhadas vindo daquele grupinho.

Ele realmente é uma pessoa bastante complicada, do nada voltou a ser aquilo que era, arrogante, rude, mal-educado. Eu juro que não percebo o que é que ele ganha em ser assim e o porquê das suas atitudes, eu gostava mesmo de perceber este rapaz de olhos azuis mas parece que quanto mais eu me aproximo, mais ele se afasta. Fui até ao bar onde me sentei numa mesa a comer o meu lanche até que sinto o meu telemóvel a vibrar e assim que o tirei vi que era uma mensagem, o que achei demasiado estranho pois não é costume as pessoas mandarem-me mensagens ou telefonarem, a não ser que seja a gozar, e essa memória fez com que estivesse um pouco receosa se abriria ou não a mensagem. Acabei por abrir pois assim não me vejo obrigada a responder se for alguém estúpido que não tem mais nada que fazer se não chatear a vida dos outros.

Desconhecido: Olá.

Olhei mais uma vez para o número e não conhecia de quem poderia ser, só espero que não seja mesmo ninguém a gozar com a minha cara.

Eu: Que queres?

Decidi responder rude para quem quer que fosse não pensar que me tem na mão e que pode fazer aquilo que quiser de mim, eu estou diferente agora.

Desconhecido: Conhecer-te :)

Aqui foi onde eu percebi que a pessoa devia de estar mesmo a gozar comigo, é impossível alguém no mundo querer conhecer-me, eu sempre fui a excluída e a odiada por todos, até mesmo pela minha própria família.

Eu: Deves ter-te enganado no número, lamento.

Desconhecido: Não Abby, não me enganei.

Eu: Como sabes que sou eu?

Desconhecido: Estou a ver-te.

Assim que li isto comecei a olhar para todos os cantos da divisão mas não vi ninguém com telemóvel o que torna as coisas ainda mais estranhas.

Eu: Estás a mentir.

Desconhecido: Então como é que eu sei que acabaste de colocar o cabelo só para um lado?

A minha boca abriu-se e mais uma vez olhei para todos os lados verificando se alguém se encontrava com telemóvel. Como é que é possível a pessoa saber estas coisas se nem estou a reparar em ninguém com telemóvel ou a olhar para mim?

Eu: Quem és?

Desconhecido: Não te posso dizer.

Eu: Porquê?

Desconhecido: Pelo menos por agora não.

Eu: Eu sei que és uma daquelas pessoas que gosta de gozar com a cara das outras, principalmente comigo dado que todos o fazem.

Desconhecido: Eu não estou a gozar contigo Abigail, eu gostava mesmo de te conhecer.

Eu: E porque não o fazes pessoalmente?

Desconhecido: É complicado...

Nisto ouve-se o toque para entrarmos e eu agradeço-me mentalmente por ser a última aula do dia.

Desconhecido: Temos de ir para aula. Falamos depois ;)

Decidi não responder e digamos que durante a aula de Inglês não pensei noutra coisa senão nesta misteriosa pessoa que sabe da minha existência e eu nem sei se é um rapaz ou uma rapariga. Sem responder à última mensagem que me mandara coloquei o telemóvel no bolso e segui até à sala.

(...)

Acabei de chegar ao orfanato pronta para ir procurar por Nash mas acabei por encontrar Joane primeiro.

"Olá Abigail, como foi o teu dia?" A senhora demasiado simpática pergunta-me.

"Correu bem, obrigada Joane." Sorri.

"Não devias de ter ficado na escola a ajudar lá alguém?"

"Sim mas hoje o rapaz não conseguiu ir então vim para casa." Encolhi os ombros e a senhora ia a sair do meu quarto quando eu a impeço. "Joane." A mulher vira-se para mim novamente.

"Sim?"

"Por acaso não viu o Nash? É que eu precisava de falar com ele."

"Acho que ele está na cozinha a ajudar as meninas com o lanche." Eu assenti. "Mas aconteceu alguma coisa de grave?"

"Não Joane, não se preocupe." A senhora suspirou de alívio. "Mas obrigada pela preocupação."

"Ora essa querida, tu fazes parte desta família e é meu dever ajudar e cuidar de vocês." Eu sorri e vi a senhora a abandonar a divisão onde nos encontrávamos. Senti o meu telemóvel a tremer novamente e assim que o tirei do bolso vi que tinha uma mensagem do mesmo número.

Desconhecido: Olá outra vez :)

Rolei os olhos e coloquei o objeto em cima da cama saindo do quarto e descendo as escadas à procura de Nash.

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