Capitulo 21 ▲ Last day

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QUA / 18 / MARÇO / 2015

Último dia de aulas, não sei realmente o que esperar deste dia. Por um lado sinto-me aliviada pois o que eu penso ser um dos meus infernos vai acabar, pelo menos por duas semanas, mas por outro lado parece que outro inferno vai começar, que eu penso ser o facto de permanecer nesta casa fechada. Nos poucos dias em que aqui me encontrei eles apenas me diziam o básico da boa educação: 'olá', 'adeus', 'obrigado', coisas assim, mas de resto nunca me dirigiram a palavra para mais nada. Exceto naquela noite, quando Cameron chegou a casa naquele estado. Eu realmente tive medo e sinto que ao ficar aqui fechada duas semanas isto se vá tornar num autêntico inferno. Eu sinto que algo aqui não bate certo e que estas pessoas não são aquilo que eu realmente penso que são.

"Abigail!" Ouvi o meu nome vindo do andar de baixo e rapidamente peguei na minha mala colocando-a ao ombro, e desci as escadas encontrando Cameron à minha espera na entrada. "Finalmente! Já estou atrasado e a culpa é toda tua!" Gritou e eu engoli seco com o contacto da sua mão com a minha cara. Apenas mordi o meu lábio inferior e contive as lágrimas o máximo que consegui, não vou dar parte fraca. "Agora vamos." Pegou no meu braço bruscamente e levou-me até ao carro onde me atirou para os bancos de trás fechando a porta de seguida.

Sentei-me como deve ser e ajeitei o meu casaco que ficou um pouco amachucado devido à força que o rapaz proporcionou na peça de roupa. Respirei fundo ao mesmo tempo que Cameron entrava no carro e conduzia até à minha escola. Assim que o carro parou ele olhou para trás.

"Quando saíres vou estar aqui à tua espera, e sem atrasos, estamos entendidos?" Assenti e peguei na minha mala saindo do carro o mais rápido que consegui. Quando olhei para trás antes de entrar pelo portão o carro de Cameron já se encontrava demasiado longe devido à velocidade a que ele se encontrara. Suspirei e acabei por entrar no meu inferno onde rezei para que me deixassem em paz, afinal, hoje era o último dia de aulas.

(...)

"Abby!" Senti uma mão no meu ombro e estremeci afastando-me rapidamente com o medo que percorreu por todo o meu corpo. "Hey calma, desculpa se te assustei." Suspirei de alívio ao ver que era Ronald ao meu lado.

"Tudo bem." Voltei a olhar para a maçã que estava nas minhas mãos desde o início do intervalo e ainda não foi tocada. Não tenho fome.

"Estás bem?" Assenti sem nunca olhar para ele. "Tens mesmo a certeza disso? É que não parece."

"Sim Ronald, eu tenho." Falei já sem paciência, naquele momento eu só queria estar sozinha.

"Tudo bem, já vi que não queres falar." Não lhe respondi. "Mas sabes que eu estou aqui para ti, certo?" Olhei-o e tentei dar o meu melhor sorriso.

"Obrigada." Disse e peguei nas minhas coisas saindo do bar e indo até ao pátio tentando não chamar a atenção de ninguém pois apenas queria descanso. Mas as minhas espectativas são mandadas pelo cano abaixo quando ouço uns passos atrás de mim. Sem querer saber a quem pertenciam acelerei mais o meu passo e continuando a ouvir os passos atrás de mim a aumentarem de velocidade também. Comecei a correr quando percebi que me estavam a seguir e, sem saber muito bem para onde ir, continuei sempre em frente mas assim que me agarraram no braço e me viraram bruscamente, reparei nuns olhos azuis demasiado perto dos meu e logo percebi a quem pertenciam.

"Ontem não apareceste." Hayes disse sem nunca se afastar de mim e com a voz um pouco ofegante por ter estado a correr para me apanhar.

"O quê?" Perguntei um pouco confusa pois realmente não percebi onde é que ele queria chegar. Sentindo-me demasiado perturbada por estar tão perto dele decidi afastar-me.

"Eu ontem fiquei à tua espera na biblioteca e tu não apareceste." Ele explicou-se.

"Des-desculpa." Engoli seco. "Mas como não tinhas aparecido das outras vezes eu pensei que..."

"Pensaste mal." Interrompeu-me com o seu tom rude.

"Des-desculpa." Pedi novamente e olhei o chão. Eu pensei que ele realmente tivesse a melhorar um pouco o facto de ser rude comigo, mas pelos vistos estava enganada, como sempre.

"Vou ficar à tua espera hoje à tarde, livra-te de não apareceres outra vez." Olhei-o mas este já tinha as costas voltadas e estava a ir-se embora.

"Eu hoje não posso." As minhas palavras pararam-no e este rapidamente me olhou espantado.

"Desculpa?" Começou a aproximar-se cada vez mais e eu posso afirmar que senti as minhas pernas a quererem falhar quando ele se encontrava praticamente colado a mim. "Mas desde quando é que tu não podes?" Falou na minha cara. "Tu vais aparecer na biblioteca hoje à tarde e acabou!" Quase gritou e eu fechei os olhos estremecendo.

"Eu não posso." Falei novamente e ele empurrou-me.

"Mas tu estás a brincar com a minha cara, Abby?" O meu corpo quase que caiu para o chão mas eu fiz de tudo para me manter em pé, mas o facto é que o meu corpo estava a tremer e eu encontrava-me deveras com medo. Acho que nunca o tinha visto desta maneira, ele parecia possuído e estava a assustar-me mais do que das outras vezes. "Diz lá o que tens de tão interessante para fazer que nem queres estar comigo?" Ele disse aproximando-se de mim novamente mas mais lentamente, o que me fazia recuar cada vez mais até chocar contra uma parede na parte de trás do pavilhão da escola. Ele colocou uma mão ao lado da minha cabeça ficando apoiado na parece atrás de mim. "Não gostas de estar comigo? É isso Abby?" Ele colou por completo os nossos corpos e eu deixei de sentir a minha respiração devido à nossa proximidade. "Diz-me..." Tirou a mão da parede e colocou-a na minha anca começando a subir e levando a minha camisola junto, levantando-a. Eu fazia de tudo para controlar as lágrimas, mas sinto uma gota a escapar-me dos olhos escorrendo pela minha bochecha.

"Hayes..." Disse com a voz a falhar-me e agarrei na sua mão para o parar, mas ele rapidamente agarrou nos meus pulsos e colocou-os por cima da minha cabeça agarrando-os apenas com uma das suas mãos.

Eu confesso que estava com medo daquilo que ele me pudesse fazer, sobretudo sabendo que estamos aqui sozinhos e se eu gritar ninguém me consegue ouvir. E então imagens daquela noite começaram a aparecer e tudo o que eu fazia era chorar, com medo que aquele pesadelo se repetisse.

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