Capitulo 19 ▲ Fear

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"Ela vai comigo e acabou-se a conversa." Ouvi Mr. Olsen a sair do escritório enquanto proferia estas palavras, o que me fez estremecer. Estará ele a falar de mim?

Ele apareceu na sala de convívio, onde ainda nos encontrávamos todas, acompanhado de Joane, e rapidamente nos colocámos nas respetivas filas sem abrir a boca. Agora percebo o porquê de todos terem medo de Mr. Olsen.

"Podes ir fazer as tuas malas, vens comigo." Ele falou comigo e eu engoli em seco assentindo.

Subi o mais rápido que consegui até ao meu dormitório e agarrei na mala de viagem que tenho debaixo da cama e comecei a arrumar toda a minha roupa lá dentro. De seguida peguei noutra mala e coloquei todo o meu calçado, que não era muito, e fui até à minha cómoda onde tirei de lá a minha bolsa de higiene colocando-a juntamente com os sapatos pois era onde havia espaço livre. Peguei nas duas malas e desci as escadas com alguma dificuldade mas rapidamente dois homens, completamente vestidos de preto e com óculos de sol também pretos, pegaram nas minhas coisas e levaram-nas para fora do orfanato. Cheguei-me para junto de Mr. Olsen e este rapidamente olhou para Jo que ainda se encontrava à sua frente.

"Tenha um bom dia." Ele agarrou no meu braço e arrastou-me para fora do edifício onde me encontrei por pouco menos de um mês, e levou-me para dentro de um carro preto onde se sentou nos assentos de trás, assim como eu.

Confesso que estou com medo do que ele me possa fazer e para onde ele me possa levar. Eu não percebo o porquê destas cenas todas apenas por eu ter dito que era um prazer conhecer o dono do lar onde me encontrava. Eu estava apenas a fazer aquilo que me ensinaram, a ser bem-educada para com as pessoas, e agora pelos vistos querem-me tirar esses ensinamentos. Eu não sei o que pode acontecer na minha vida depois desta situação, que eu penso ter sido demasiado confusa e sem qualquer explicação possível. Só sei é que eu gostava de ter os meus avós de novo comigo, gostava de voltar à minha vida normal antes de eles terem tido a porcaria do acidente. Eles fazem-me tanta falta que não passa pela cabeça de ninguém. Eles eram, sem dúvida, as únicas pessoas que realmente se importavam comigo e que faziam de tudo para eu ter uma vida melhor, longe de qualquer perigo. Eu apenas gostava que percebessem que estou farta de sofrer, farta de sair magoada no meio de tudo. Porque é que não me deixam ser feliz uma vez na vida? Eu realmente queria saber qual é o verdadeiro significado da palavra felicidade, já que para mim esta palavra não faz sentido algum na minha vida.

Assim que o carro parou em frente de uma enorme mansão a porta foi-me aberta por um dos homens vestidos de preto e eu saí do veículo sem nunca tirar os olhos do edifício que se encontra diante da minha pessoa. Vi Mr. Olsen a passar por mim e decidi segui-lo sem argumentos alguns pois não quero causar mais problemas. A porta da mansão foi aberta e Mr. Olsen entrou sendo seguido por mim.

"Acompanha-me." Ouvi-o dizer enquanto se virava ligeiramente para mim e voltava a seguir caminho segundos depois.

Fui atrás do rapaz moreno e este conduziu-me até uma enorme divisão que eu penso ser a sala de estar devido aos sofás e à televisão que se encontra no centro encostada a uma parede. Ele sentou-se numa poltrona da divisão mas eu permaneci em pé pois não sabia se era meu objetivo sentar-me ou não.

"Senta-te." Ele apontou para o sofá que estava atrás de mim e assim o fiz. "O meu pai deve estar a chegar não tarda nada." Eu assinto e olho para os meus dedos que neste momento brincam freneticamente uns com uns outros. Mr. Olsen levanta-se e vai até a uma estante que se encontra imediatamente ao lado da televisão e pega num copo deitando um pouco do líquido laranja lá para dentro, bebendo-o de seguida. "Diz-me, Abigail, certo?" Apenas assenti e este prosseguiu. "Como é que foste parar à nossa instituição?

"Pensei que não podia falar consigo." Disse com o meu tom de voz ligeiramente mais baixo e sem nunca olhar para o rapaz que se encontrava à minha frente.

"Ouve bem o que te digo, piolha." Disse chegando-se perto de mim e pegando no meu braço fazendo com que me levantasse ficando demasiado perto da sua cara, o que me fez arrepiar. "Se eu te pergunto alguma coisa, seja o que o for, tu respondes-me, ouviste bem?" Não respondi, apenas engoli seco com o medo todo que se estava a atravessar por todo o meu corpo. "Responde!" Gritou na minha cara ao mesmo tempo que me abanava e eu apenas fechava os olhos fazendo com que as lágrimas não derramassem pelos mesmos.

"Si-im." Gaguejei com algumas falhas na voz e este largou-me atirando-me para o sofá.

"Agora responde à minha pergunta." Falou com a voz mais calma e virou costas indo novamente de encontro à garrafa com o líquido laranja lá dentro, e derramou mais um pouco para o seu copo sentando-se de seguida na poltrona onde segundos antes se encontrara.

"Os meus avós morreram num acidente de carro, e como não tinha mais família mandaram-me para um orfanato." Respondi olhando para Mr. Olsen mas assim que percebi que este me mirava desviei os olhar para as minhas mãos que mais uma vez se encontravam a mexer freneticamente devido ao medo.

"E os teus pais?"

"Eles morreram quando eu era muito nova." Ganhei coragem e olhei mais uma vez para ele que se encontrava com o copo na boca a beber o líquido que lá se encontrava dentro.

"Andas na escola?" Assenti sem proferir qualquer palavra. "Qual?"

"Manteo High School." O rapaz assente e ficamos durante um tempo sem dizer nada, em completo silêncio, até que eu decido quebrá-lo. "O que me vai fazer?" Pergunto um pouco receosa da sua reação e eu pondero se devia ter ficado calada ou não.

"Aqui quem faz as perguntas sou eu, tu limitas-te a estar calada!" Fala num tom severo e eu não digo mais nada, apenas baixo a cabeça e permaneço assim até ouvir a porta de entrada a abrir-se e aparecer pela divisão onde eu e Mr. Olsen nos encontrávamos um homem alto, magro, olhos castanhos mas os seus cabelos eram brancos e puxados para trás. Estava elegantemente arranjado com o seu fato preto e camisa branca mais uma gravata da cor do fato. Tinhas os sapatos devidamente engraxados e estes faziam um pequeno barulho cada vez que o senhor dava um passo. Ele chegou-se perto de nós e eu rapidamente estremeci assim que ouvi a sua voz.

"Quem é esta?" Perguntou ao rapaz que se encontrava à minha frente mas desta vez em pé, então eu decido imitá-lo colocando-me em pé também.

"Esta é a Abigail pai, e é perfeita para aquilo que estamos à procura." Vi um sorriso malicioso no seu rosto e tentei abstrair-me ao máximo do arrepio que a frase que ele acabara de dizer me proporcionou.

Onde é que eles querem chegar com isto?

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