Capitulo 6 ▲ New house

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"Bem, digamos que os meus avós morreram num acidente de carro à poucas horas e, foi tudo tão repentino. A última vez que vi os meus avós foi hoje de manhã antes de sair para as aulas porque, quando voltei, tinha um bilhete em cima da mesa a dizer que tinham ido visitar um velho amigo que já não viam há muito tempo." Limpei as poucas lágrimas que escorriam pelo meu rosto. "Eles eram a única coisa que tinha neste mundo, a única coisa que me mantinha viva." Funguei. "Agora já não tenho nada nem ninguém, estou completamente sozinha nesta vida."

"Não digas isso, querida. Tenho a certeza que tens alguns amigos para te ajudarem a ultrapassar esta fase mais complicada. E além disso, agora tens-nos a nós, nós vamos ajudar-te em tudo o que precisares."

"Acredite Joane, eu não tenho ninguém para me ajudar. A única coisa que eu tenho são pessoas que me querem ver morta, talvez seja isso mesmo que eu deva fazer, morrer."

"Acho melhor irmos dormir, ainda estás de cabeça muito quente, conversamos amanhã." Assenti e limpei a água da minha cara seguindo a mulher que entretanto se tinha levantado. "Este vai ser o teu quarto, podes ocupar a cama vaga." Disse baixinho assim que abriu a porta e eu entrei vendo dois beliches sendo que um deles tinha uma das camas vagas. "Amanhã falamos melhor, boa noite." E depois de me dar um leve sorriso saiu fechando a porta calmamente.

Comecei a dirigir-me para a minha nova cama tentando não fazer muito barulho para não acordar o resto das raparigas que estavam no quarto e, depois de ter desviado os lençóis, tirei os sapatos e deitei-me, tapando-me.

(...)

QUI / 26 / FEVEREIRO / 2015

"Quem é ela?" Acordei com uma voz a falar.

"Sim e o que faz aqui?"

"Meninas calem-se que ela ainda está a dormir." Não conseguia abrir os olhos devido à claridade por isso permaneci como estava e deixei-me estar a ouvir a conversa delas.

"Vamos falar com a Jo, ela de certeza que sabe quem é esta rapariga. Agora desçam senão ainda chegamos atrasadas." Ouvi uns passos a afastarem-se e, de seguida, o barulho da porta a abrir e a fechar o que me fez calcular que elas tenham saído.

Esfreguei um pouco os olhos de modo a tentar ver melhor, e depois de alguns segundos a habituar-me à claridade, finalmente consegui ver como deve de ser, reparando que o quarto estava vazio. Decidi levantar-me e vi que havia uma cómoda mesmo em frente à minha cama e esta tinha um espelho em cima dela, por isso, aproximei-me e ajeitei o meu cabelo de modo a ficar mais penteado do que o que estava. Depois de estar com melhor aparência abri a porta e olhei para os dois lados vendo o andar completamente vazio, deviam de estar todos lá em baixo. Desci as escadas e comecei a ouvir barulhos vindo da cozinha e, assim que entrei, estavam muitas crianças sentadas à mesa, a falarem enquanto comiam.

"Ah Abigail." A tal senhora de ontem, cujo nome já não me recordo, veio ter comigo. "Devias de estar a dormir querida, ontem não descansaste nada."

"Ahm... não, eu estou bem obrigada..." Meio que sorri.

"Deixa-me apresentar-te às meninas." Virou-se e, depois de falar um pouco mais alto e chamar a sua atenção, todas meteram os olhares em mim.

"Meninas, esta é a Abigail, vai ser uma nova colega vossa, por isso, exijo que a tratem como deve de ser e que sejam bem-educadas, ouviram?" Todas responderam em uni som que sim e a mulher sorriu para mim.

"Podes sentar-te aqui querida, trago-te já o pequeno-almoço." Assim que me sentei no lugar onde que ela me dissera, logo a rapariga à minha frente olhou para mim.

"Então qual é a tua história Abigail?" Olhei para ela confusa.

"História?"

"Sim, todas nós que estamos aqui temos uma história, qual é a tua?" Colocou um pedaço da torrada que estava a comer na boca.

"Bem, eu vivia com os meus avós antes de vir para aqui." Encolhi os ombros.

"E o que é que lhes aconteceu?" A rapariga que estava ao meu lado pergunta.

"Tiveram um acidente de carro e morreram."

"Essa é a tua história?" A rapariga à minha frente fala novamente. Mas qual é o problema dela com as histórias?

"Bem, sim..." Encolhi os ombros não sabendo bem o que dizer.

"Não ligues ao que a Tiana diz." A rapariga ao meu lado fala. "Ela passou por uma fase complicada antes de vir para aqui então faz sempre estas perguntas às miúdas novas. Não lhe ligues, ela no fundo até é boa pessoa." Falou de modo a rapariga à nossa frente, cujo nome vim a saber que era Tiana, não nos ouvisse. "Eu sou a Camila, mas podes tratar-me por Mila." Sorri.

"Aqui tens querida, espero que gostes de torradas e leite." A senhora mais velha colocou um prato com duas fatias de pão torrado e uma caneca com leite de chocolate.

"Sim muito obrigada." Sorri para a mulher e esta retribuiu-me afastando-se de seguida. Comecei a comer e devo dizer que estava mesmo muito bom. Já tinha ouvido alguns rumores de que as crianças eram muito mal tratadas nos orfanatos e que a comida não prestava, mas afinal foi precisamente o contrário, elas acolheram-me muito bem e a comida está deliciosa. Acho que afinal isto não vai ser assim tão mau como eu pensava, talvez fossem apenas coisas da minha cabeça. Como a mulher disse ontem, eu ainda estava de cabeça quente quando disse aquilo de morrer e de não ter ninguém. Eu sei que no fundo existe alguém que quer saber de mim, alguém que se preocupa, talvez não exista fisicamente mas psicologicamente talvez haja alguém.

"Em que escola estás?" Camila falou.

"Em frente à pastelaria da vila"

"A sério? Um dos melhores amigos do meu primo anda nessa escola." Informa-me.

"A sério?" Questiono.

"Sim. Hayes Grier conheces?" Congelei naquele momento. Ela conhece o Hayes? Ela parece-me tão querida e simpática, como é que se pode dar com uma pessoa daquelas? "Estás bem Abigail?" Abanei a cabeça de forma a livrar-me dos meus pensamentos.

"Ahm... sim, está tudo bem." Tentei dar o meu melhor sorriso.

"Então e conheces este rapaz, ou não?"

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