"Então, agora já me podes contar o que aconteceu?" Hayes falou assim que entrámos numa das salas de aula.
"É complicado..." Suspirei e encostei-me numa das mesas à sua frente.
"Tenho tempo." Encolheu os ombros.
"O Cameron foi preso." Hayes olhou para mim com os olhos arregalados e rapidamente se levantou da mesa onde se tinha sentado segundos antes.
"Como assim preso?"
"Quando me vieram buscar disseram-me que Cameron não estava disponível e por isso é que aquele rapaz veio."
"Rapaz? Qual rapaz?" Cruzou os braços no seu peito e eu rolei os olhos.
"Deixa-me acabar, por favor." Pedi gentilmente e Hayes apenas assentiu. "Um rapaz chamado Shawn é que me veio buscar na suposta tarde em que eu 'desapareci'." Fiz aspas com os dedos nesta última palavra. "Ele disse-me que o Cameron estava demasiado ocupado para me vir buscar então teve de vir ele. Em vez de me levar para casa Shawn levou-me para uma casa de madeira que quase parecia abandonada."
"O quê? Mas porquê?"
"Se me deixares acabar..."
"Ok, desculpa." Ele voltou a sentar-se na mesa, calado.
"Óbvio que eu fiquei assustada ao início, eu não o conhecia, não sabia nada dele. Mas ele contou-me que Cameron tinha sido preso. Há algum tempo que ele já era procurado pela polícia e naquele dia finalmente o tinham conseguido apanhar."
"Graças a Deus." Rolei os olhos.
"Hayes..."
"Hayes nada Abigail!" Interrompeu-me. "Aquele gajo fez um monte de merda contigo, o mínimo que ele merecia era ser preso e pagar pelo que fez."
"Posso continuar?" O rapaz de olhos azuis assentiu. "Eu perguntei-lhe o que é que estava ali a fazer e o porquê de ter sido ele a ir-me buscar, mas Shawn disse que não me era possível dizer, não até os outros dois chegarem." Ele olhou-me confuso.
"Que outros?" Rolei os olhos por ter sido interrompida uma vez mais.
"Um homem e uma mulher mais velhos." Expliquei. "Eles apresentaram-se e começaram a explicar-me tudo." E imagens daquele dia começaram a surgir.
"Bem eu acho melhor começarmos a explicar o que se está a passar." Os senhores olharam para Shawn e assentiram.
"Muito bem." A senhora falou e em seguida sorriu-me. "Eu e o meu marido somos ambos agentes da polícia. Já trabalhamos lá há uns largos anos e gostamos imenso do que fazermos." Eu assenti sem saber muito bem aonde é que a senhora queria chegar. Será que foram eles que apanharam Cameron?
"Desculpe mas eu não estou a perceber..."
"O que nós te estamos a tentar dizer Abigail é que nós quisemos que tu pensasses que tínhamos morrido." O quê? O que é que ela está a tentar dizer? Diz-me que não... "Nós somos os teus pais Abigail." A senhora falou antes de eu conseguir acabar o meu pensamento.
Eu estava chocada, eu não sabia o que pensar nem o que dizer naquele momento. Eu não estava acreditar que ao fim de 15 anos eles estavam aqui, à minha frente e a dizerem-me que estão vivos. Não isso não é possível! Os meus pais morreram quando eu tinha cerca de 2 anos num acidente de automóvel, foi o que os meus avós disseram. Não é possível eles chegarem agora e dizerem que estão vivos, quando eu sei que estão debaixo da terra!
"Isso não é possível, os meus pais morreram quando eu tinha 2 anos." Falei negando completamente a sua afirmação. Os meus avós não iam esconder uma coisa dessas de mim, tenho a certeza!
"Nós é que quisemos que fosse assim filha." O homem falou pela primeira vez que aqui entrou e eu rapidamente o mirei.
"Não ouse chamar-me de filha." Gritei para ele ao mesmo tempo que me levantava. "Vocês não são meus pais! Os meus pais morreram há 13 anos num acidente de carro e eu não sei quem são os senhores ou o que querem de mim mas não vos admito que tragam este assunto para a mesa!" Eu estava enervada, completamente passada com esta história. Mas quem eram eles para chegarem aqui e dizerem que são meus pais?
A senhora levantou um pouco a camisola de modo a ver-se apenas a sua barriga.
"Estás a ver esta marca aqui?" Apontou para uma pequena marca que quase parece um pequeno anjo. "Isto mostra que tu és uma Pipper." Ela apontou para a minha barriga e assim que eu a levantei vi a mesma marca mas um pouco mais perto da anca.
"Pipper?" Olhei-os confusa. "Eu não sou Pipper, o meu apelido é Clarckson, devem-me ter confundido com alguém."
"Não." Shawn falou. "Eles tiveram de te mudar o nome, não podias continuar com Pipper senão saberiam que tinhas alguma relação com os agentes.
"Já não estou a perceber nada, alguém me explica por favor?"
"Eu e o teu pai tivemos o nosso primeiro filho um ano depois de casarmos. Nós criámo-lo já com algumas dificuldades devido à profissão que exercemos mas mesmo assim nunca baixámos os braços a nada. Mas dois anos depois tu nasceste. Nessa altura eu e o teu pai estávamos a resolver um caso bastante complicado e digamos que não correu da melhor maneira. Não conseguimos apanhar os criminosos e depois de tudo aquilo a que os fizemos passar eles juraram vingança. Com isto nós tivemos de fugir mas com dois filhos pequenos era demasiado complicado. Então nós decidimos que o teu irmão iria para um colégio interno enquanto tu ficavas com uns velhos amigos nossos, os Clarckson. Pedimos-lhes que te tratassem como se fosses da família e que mais tarde voltaríamos. Dissemos-lhes que não ia demorar, talvez uns meses ou até mesmo um ano, mais que isso não estava nos nossos planos. Mas o caso agravou-se e houveram problemas que para agora não interessam e demorámos mais tempo que o previsto. Pedimos aos senhores para te dizerem que tínhamos morrido num acidente de viação para deixares de perguntar por nós e habituares-te a viver sem a nossa presença, e sem contares que poderíamos sequer aparecer. Até lhes dissemos para te mudarem o nome para nem sequer haver a chance de te procurarem para nos atingirem, sabíamos que era isso que os criminosos estavam à procura, do nosso ponto fraco." Lágrimas escorriam pela minha cara e eu encontrava-me na dúvida se acreditaria na sua história ou
"E porquê agora? Porque é que só agora é que se lembraram de me procurar?""Quando nós soubemos que os teus 'avós' tinham morrido nós viemos logo à tua procura e descobrimos que estavas num orfanato. Queríamos que assim continuasse porque ao menos estavas segura, mas quando foste para casa daquele Cameron as coisas mudaram. A polícia andava maluca à procura dele, então nós contactámo-lo e dissemos que te queríamos de volta." Então a conversa que eu ouvi do Cameron com o seu pai era mesmo verdade. Os meus pais estavam mesmo vivos... "Até lhe propusemos limpar-lhe o cadastro criminal se ele nos desse a nossa filha, mas ele parecia ter alguma obsessão por ti que nem isso ele cedeu." Olhei-a confusa.
"Vocês iam cometer um crime se isso significasse ter-me de volta?"
"Nós estávamos desesperados por te ter meu amor." A senhora aproximou-se mas eu dei um passo para trás, tentando não tropeçar na cadeira. "Nós só queríamos ter uma família normal, nós os quatro e felizes."
"E o meu irmão?" Perguntei tentando desviar o assunto. "Ele ainda está onde o deixaram?" Eles falaram em colégio interno, será que ele ainda está lá?
"Eu sou o teu irmão Abigail." Ouvi Shawn a falar e mais lágrimas caíram pela minha cara.
Eu não estou a acreditar nisto...
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Dating Text ▲ H.G
Fanfiction"Olá." "Que queres?" "Conhecer-te :)" E foi assim que tudo começou. [BOOK ONE OF "DATING TEXT" TRIOLOGY] | ATENÇÃO: HAVERÁ LINGUAGEM QUE PODERÁ SER AGRESSIVA, E PODERÃO SER, AINDA, UTILIZADOS ALGUNS PALAVRÕES. CENAS DE VIOLÊNCIA E SEXUAIS PODERÃO T...