capítulo 15

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Narrado por, ______ Clark

Sexta-feira, 26 de Junho

[1O:35 a.m] — estrada para a praia.

Meus olhos observavam atentamente a paisagem à direita no banco de trás. O carro estava mais do que bem humorado ao som de Candy de Baekhyun, um cantor estrangeiro que diga-se de passagem é muito talentoso. Meus pais conversavam paralelamente no banco da frente e vez ou outra me incluíam no assunto.

Talvez eu estivesse um pouco mais do que inerte nos meus próprios pensamentos, e mal prestava a atenção de fato no que estava sendo falado por eles. Como seria uma viagem um pouco longa resolvi usar uma blusa mais larguinha — mas que ainda marca a circunferência da minha barriga e um short de tecido confortável, por baixo das roupas já estava usando meu biquíni, que logo em breve já não me servirá.

Faltam só três meses até a chegada do bebê, e embora as coisas estejam fluindo bem em casa com o quartinho e eu já tenha quase tudo pronto, me sinto um pouco insegura agora que parece ainda mais real do que se parecia a três semanas atrás.

Além de fazer yôga e tricô comecei a fazer acompanhamento no psicólogo, meu médico é um homem — o que eu acho engraçado até pelas circunstâncias —, mas ele tem me orientado bem, disse que conversas frequentes com o bebê podem me ajudar a pôr as ideias em ordem e também ajudam ao bebê reconhecer a minha voz.

Dá para dizer que a voz da minha mãe elu conhece muito bem, já que ela passa mais tempo conversando com a minha barriga do que comigo ultimamente — chega a ser frustrante que minha mãe tenha me trocado pelo neto, que ainda nem nasceu.

— Chegamos. — papai alerta, trazendo minha atenção de volta à realidade. Um amigo dele emprestou a casa de praia para passarmos o dia no litoral.

Como de costume, comeríamos em alguns dos quiosques espalhados pelo calçadão, mas teríamos a casa para passar o dia e dormimos a noite, só iríamos embora amanhã cedo.

Ajudei a levar algumas coisas para dentro, coisas leves como bolsa com roupas e coisas assim. Depois de deixar tudo na sala caminhei até o deck que dá vista para a praia.

Não dá para dizer que a casa é exatamente na areia, uma via de mão dupla divide a parte residencial da parte do calçadão. Acredito que deva ter mais casas ao redor da costa, que sejam exatamente na areia.

— O que foi filha? Está quieta. — papai diz enquanto se aproxima.

— Não é nada... — hesito por um momento em dizer, não quero encher ele ou a minha mãe com meus problemas, mas é o meu pai. — É só medo mesmo.

— Do que exatamente? — murmuro e me afasto do parapeito do deck, sentando-me no que tinha por ali e o observando fazer o mesmo e se acomodar ao meu lado. — Olha, você não é mais aquela garotinha que eu colocava no colo e ouvia chorar, mas ainda pode contar comigo. E chorar aqui no meu ombro.

O que meu pai diz me faz sorrir, mas também me faz questionar se ele ainda diria isso se soubesse que eu e Levi estamos juntos nessa agora, depois dele ter me deixado — duas vezes seguidas.

Se bem que na segunda vez eu deixei ele livre para escolher.

— Não é nada demais. É só... Alguns problemas de autoestima. Olha, eu 'tô enorme. — brinco, desviando o assunto. Na hora certa irei dizer a eles. — E também porque o bebê 'tá chegando.

— Não se preocupe, filha. Se o pai dele, dela ou delu não está aqui. Eu estou, eu serei pai e avó ao mesmo tempo.

— Obrigada, por me dar essa força, pai. — não contenho o sorriso sincero, segurando a mão dele.

Tenho orgulho de ser filha do senhor Clark, temos as nossas histórias, brigas e birras, mas não quer dizer que nos amamos menos ou mais, quero criar essa relação com meu bebê quando ele nascer.

Uma relação que não importa a merda ou a situação, mas que ele, ela ou elu — como bem pontuou o meu pai —, possa sempre contar comigo para tudo.

(...)

Passamos o resto da manhã pela casa, minha mãe queria ter certeza de que ficaríamos confortáveis para passar a noite e irmos embora de manhã, como previsto almoçamos em um quiosque na beira da praia.

Comemos frango empanado, peixe e fritas, — na minha opinião, a combinação perfeita. Depois aproveitamos a tarde para ficar na areia e tomar um banho de mar, na verdade meus pais, preferi ficar sentada na cadeira debaixo do guarda sol aproveitando com o meu corpinho e um livro.

— A água está ótima, querida! Vamos dar um mergulho. — minha mãe comenta alegremente.

— Estou bem aqui. — expresso de forma preguiçosa.

— Qual a graça de vir à praia e não se banhar no mar? — pondero e reviro os olhos, antes de me levantar e caminhar junto a ela para a água, que por sinal não estava muito fria e muito gostosa de fato, mas o sol não cooperou muito para que eu ficasse por mais de dez minutos.

Essa parte da costa fica próxima ao local de construção do resort, e dado o tempo desde o lançamento do projeto já dá para ver alguns maquinários altos de onde estamos.

O tempo passou rápido ao lado dos meus pais, e mesmo estando em local público eles brigaram feito crianças, me causando constrangimento e risadas pela infantilidade. Acabou que minha mãe ficou realmente chateada e fomos mais cedo para casa, meu pai pegou pesado com ela falando algo que a mais velha claramente não gostou nada, pegou suas coisas e saiu em direção a casa.

Sobrou para mim ajudar meu pai a levar o que ficou e ainda por cima ouvir as reclamações dele. Apenas disse que não ia me meter e que eles deveriam se resolver o quanto antes, com resultado disso, estou "trancada" no quarto vendo filmes aleatoriamente escolhidos por mim.

Tudo parece bem silencioso do lado de fora, talvez tenham saído, bom tanto faz. O que era um passeio em família acabou se tornando em uma reconciliação, que engraçado né?

Um pouco cansada de apenas assistir televisão me levanto de onde estava e procuro um vestido soltinho, pego a primeira rasteirinha que vejo e minha bolsa, daria uma volta no calçadão só para sentir um pouco o cheiro do mar e da boa comida sendo preparada. Se eu der sorte posso acabar comprando alguns espetinhos.

Antes de sair conferir se alguém estava em casa, e após ter a certeza, deixo o local indo até o cais, haviam algumas embarcações por ali, mas não acho que seja muito seguro andar por lá a noite, ainda mais estando sozinha, visando que a iluminação não seja das melhores.

Continuei meu passeio por longos minutos e na volta para casa comprei alguns espetinhos e um refrigerante médio, me sentando em um banco aleatório virado para o mar e passei a comer.

— Gostando do passeio? — indago soprando um pouco o espetinho em minha mão. — Eu 'tô gostando, 'tava mesmo precisando pegar uma corzinha. — faço uma breve observação, olhando meus braços. — Embora tenha ficado pouco tempo na água... Seu pai me mandou mensagem, perguntou se queríamos algo. — um leve suspiro escapa de meus pulmões. — Sabe, até quero, mas ele diria não.

Não me alongo nos meus pensamentos em voz alta sobre o que queria pedir ao Ackerman rabugento. Depois de muito comer voltei para casa, e encontrei com meus pais enquanto andava pelo corredor para ir ao meu quarto. Estavam abraçados, sinal que estavam bem agora e eu poderia dormir sem ter que ouvir os gritos deles.

Nem fiz muitas perguntas, entrando no cômodo que tenho usado, troco de roupa pondo um pijama confortável, faço minha higienização básica e logo me deito para dormir.

S.O.S Levi vai ser pai!Onde histórias criam vida. Descubra agora