S.O.S Levi vai ser pai!

capítulo 24

Pela primeira vez em algum tempo me sinto nervosa, muito nervosa, em visitar alguém. Como prometi, resolvi os problemas do Zeke dentro de uma hora e fui me arrumar. Coloquei um vestido longo, na cor azul claro, que tem um tecido ótimo e super se ajusta ao meu corpo e sua enorme curva redondinha. Trancei os cabelos,  e como as minhas roupas estão uma vibe mais leve eu resolvi usar uma sandália de dedos.

A casa onde Kuchel e Kenny Ackerman moram não fica muito longe da minha, varia de 30 a 40 minutos de carro. Quando chegamos, observei a residência por breves segundos sentindo o peso do tempo que faz desde a última vez em que estive aqui. Levi, praticamente, me empurrou para dentro do lugar, afinal, do que dependesse de mim teria ficado em casa mesmo.

— ______! — ouvi meu nome ser chamado de forma gentil pela mulher de cabelos escuros, ela caminhou feliz em minha direção e me envolveu em um abraço desajeitado e aconchegante, que eu retribuí um pouco envergonhada. — Senti saudades. — ela diz sorridente enquanto analisa meu rosto e minha barriga. — É tão nostálgico. Posso?

— Por favor. — ela sorri passando sua mão cuidadosamente pela minha barriga. — Está quietinho agora, mas costuma chutar bastante quando quer algo.

— Levi disse que não quer saber o sexo.

— Não, só no dia mesmo.

— Ah, já chegaram. — a voz de Kenny se faz presente no ambiente e levo minha atenção até o homem esguio que descia as escadas, ele se aproxima o suficiente de mim e me dá um breve abraço e depois olha além de mim, provavelmente ao seu sobrinho. — Pode me ajudar com alguns números?

— Claro.

Mesmo após tanto tempo não consigo me acostumar 100% com esse tratamento que os Ackermans têm uns com os outros, em particular a forma como Kenny e Levi se tratam, ao mesmo tempo que é fria ela pode ser afetuosa, mas é preciso ler as entrelinhas dessa relação.

— Eles só concordam em algo quando números ou a minha saúde é o assunto. — a mulher à minha frente fala, chamando a minha atenção de novo a nós duas. — Deve está faminta.

— Gostaria de dizer que sim, mas tomei café a pouco. Mas, agradeço a preocupação.

— Já que não está com fome, vamos nos sentar lá fora e aproveitar um pouco o sol.

— É uma ótima ideia. — sorrio e caminho junto a ela até o jardim dos fundos, em uma área livre com alguns sofás muito confortáveis.

Kuchel é uma mulher muito bela, e ela não precisa de esforços ou adornos para mostrar toda a beleza que tem, até porque essa beleza se exala naturalmente. Nem dá para acreditar que uma mulher incrível assim já sofreu tanto por amor.

Quando mais nova, ela se apaixonou por um rapaz que fazia intercâmbio aqui na Ilha. Ele a chamava de Olympia, e como todo bom bajulador dizia que a beleza dela era tão surreal que ela só poderia ser uma deusa encarnada no corpo de uma humana, Kuchel era nova e não sabia o quão ruim as pessoas podem ser e por estar tão apaixonada ela simplesmente ignorou completamente os conselhos da família e se envolveu demais com o homem, quando descobriu que estava grávida ela sentiu medo, mas seu coração tinha certeza de que teria um final feliz para sempre ao lado dele, assim como ele vivia dizendo a ela em suas juras de amor.

Todavia, era tudo uma ilusão muito bem armada e quando ele recebeu a notícia sumiu da vida dela e do mapa também. Foi difícil para ela aguentar as pontas de ter que cuidar de um bebê sozinha, e na época Kenny não estava por perto e morava na outra parte do país e estava sempre muito ocupado, então por cinco anos foram apenas ela e Levi.

Lembro de ter sentido raiva do pai do meu ex quando Kuchel me contou sua história, mas ao mesmo tempo percebi o quão incrível ela é por ter passado por tudo isso com um sorriso no rosto, apesar da dor que sentia em seu peito, e pôr em nenhum momento ter perdido o amor pela vida. Desde então, Kuchel nunca se envolveu com outra pessoa, o que lhe permitiu se dedicar a si, além de criar seu filho da melhor forma que pôde. Quando Levi completou idade o suficiente para frequentar a creche, ela começou a estudar psicologia e hoje se dedica a ajudar mulheres que tenham passado pelo mesmo trauma que ela um dia passou.