capítulo 27

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Quinta-feira, O5 de Agosto.
[O7:O8 p.m] — residência de ______ Clark.

Depois de enrolar por algum tempo, finalmente conseguiram achar uma data para remarcar um encontro com a doula. E ela viria hoje. Na verdade, tinha acabado de chegar.

Levi a recebeu de forma gentil e lhe apresentou. A mulher é uma senhora de aproximadamente 70 anos e além de trabalhar como doula, ela é formada como parteira. Com muitas recomendações e boas avaliações inclusive.

— Oi senhora Florence, obrigada por ter vindo. — você diz, assim que ela entra na sala. — Sinto muito que tenha enrolado tanto para esse encontro realmente acontecer.

— É um prazer querida. — sorridente, ela responde lhe dando um abraço e se acomodando no sofá. — Não se preocupe, imprevistos acontecem mesmo.

— Bem... Levi preparou chá e alguns lanches, fique a vontade. — você se senta do lado oposto ao dela, com Levi ao seu lado.

— Agradeço.

— É chá de erva cidreira, eu não sabia se gostaria de chá preto. — Levi comenta enchendo a xícara e entregando a ela. — Posso saber o que vamos fazer?

— Agora só conversar e depois faremos alguns exercícios. Tudo bem por vocês? — ela pergunta antes de beber calmamente o chá, ambos concordaram e esperaram que ela desse início ao assunto. — Pelo visto é o primeiro filho de vocês, estão juntos faz quanto tempo?

Você olha para Levi, e o percebe concentrado enquanto serve chá para si. Essa pergunta é um pouco difícil de responder, já que sem interrupção deveriam ser quase cinco anos. Mas como se separaram e reataram novamente, não tem ideia de qual tempo levar em conta.

— Namoramos por quatro anos. — Levi responde, segurando a sua mão.

— Faz um tempinho, já estão casados então?

— Não. — essa resposta foi sua, e foi bem seca, assumindo a direção da conversa. — É complicado... Nós namoramos por quatro anos, mas nos separamos faz onze meses, três meses depois eu engravidei e faz uma semana que estamos juntos de novo.

— Entendo.

— Mas estamos bem agora, estamos estáveis, queremos que esse bebê tenha todo amor e apoio dos pais.

— A história de vocês é diferente. — ela comenta com um sorriso. — Mas fico feliz que esse bebê seja uma alegria para vocês, pretendem um dia se casar?

— Não acho que seja uma coisa que tenhamos em mente agora. — olhou para Levi por alguns instantes, vendo ele sorri. — É uma decisão importante, mas não precisamos apressar.

Levi apenas murmura algo que não consegue ouvir.

— E sobre o parto? Já pensaram em fazer um parto humanizado? Ao contrário do que muitos pensam, essa opção é totalmente segura e muito mais aconchegante. Sem falar que estando no conforto de sua casa, você sente que há um controle maior sobre a situação.

— Cheguei a pensar nessa opção, mas vou me sentir segura estando em um hospital mesmo, não quero correr nenhum risco com esse bebê, ainda que até agora esteja tudo na maior paz aqui dentro.

— Entendo, mas você precisa saber que estamos lidando com um bebê, é um ser humano também, e às vezes eles podem ser imprevisíveis. — Florence adverte, de forma séria.

— Confio na minha intuição, realmente confio que o bebê vai nascer no dia certo. — sua resposta é convicta.

O que fez aquele assunto render e durante a conversa começou a perceber que contratar os serviços de uma doula talvez não tenha sido um investimento tão bom. É claro que com toda a experiência dela é uma benção, mas em certo ponto se tornou um fardo.

Mas teve seus pontos positivos. ela reforçou informações que você havia pesquisado sobre optar por wrap ao invés de canguru, porque é mais aconchegante para o bebê. Que nos primeiros seis meses é recomendado que o bebê durma no quarto dos pais, porque isso diminui o risco de SMSL (Síndrome da Morte Súbita Lactente). E também que deixar o berço debaixo da janela que tenha cortinas grandes pode representar um risco à vida do recém-nascido, uma vez que eles não conseguem retirar o tecido de seus rostinhos.

Levi foi quem mais aproveitou as informações passadas por ela, e anotou tudo no celular. Ele não sabia que teria que fazer uma mala para passar alguns dias no hospital com você, embora, como é parto normal, talvez em até 48 horas já estejam em casa novamente. Florence deu dicas de como ser reconfortante nesse momento, já que você vai estar sentindo dor e não vai conseguir pensar em muitas coisas além daquilo.

— Eu odiei. — comentou virando um pouco a cabeça para olhá-lo. Depois de cinco horas de conversas e exercícios, Florence finalmente havia ido embora e agora tomavam um banho juntos no seu quarto. — Ela só reforçou tudo o que já sei e insistiu que eu devia fazer um parto humanizado. Ela queria ganhar mais dinheiro.

Uma risada nasal escapou da parte dele que beijou sua cabeça e acariciou levemente sua barriga.

— Eu gostei. — ele responde calmo. — O que acha de fazermos uma viagem, alguns dias antes do parto?

— 'Pra onde?

— Um hotel fazenda, ficamos dois dias por lá. Aproveitando a natureza, pra você relaxar.

— Eu não sei. — suspirou, tirando as mãos um pouco da água e encarando os dedos enrugados. — Devíamos sair.

— Sim, mas aqui tá tão confortável.

— Vamos preguiçoso. — riu, enquanto ele apertava seu corpo calmamente.

Ficaram sentados por mais uns minutos até que ele se levantou e se enrolou em uma toalha, lhe ajudando logo em seguida, jogando o roupão por cima de seus ombros. Levi te deu espaço para se trocar e foi até o quarto que tem ficado para se vestir também.

Tem mantido um estilo único de roupas em casa, as mais confortáveis possíveis. Depois de colocar a calça moletom foi até o banheiro e pegou uma pomada de estria que tem passado na barriga desde o início da gravidez. Procurou não se preocupar com as estrias, afinal é um processo natural do corpo, mas isso não quer dizer que não deve cuidar delas também.

— Se importa se eu fizer? — a voz de Levi lhe chamou a atenção, enquanto ele se aproxima. — Queria participar de mais momentos assim.

— Claro, mas se for porque a doula mandou, cai fora.

— Não... — ele ri. — É porque eu quero mesmo.

Esticando o potinho para ele, que se aproxima e senta do seu lado, você o observa. O mais velho tem todo o cuidado do mundo em espalhar algumas gotas pela a sua barriga e em seguida massagear, espalhando o creme. Um sorriso discreto cresce em seus lábios, observando a mão dele.

Tem um segredo que guarda faz algum tempo, e que talvez admita algum dia em voz alta, mas gosta das mãos de Levi. As acha bonitas e levemente delicadas. O toque dele é gentil e sempre lhe arranca um arrepio, estava tão concentrada que mal notou quando ele puxou seu queixo e deixou um selar rápido em seus lábios.

Não pensou duas vezes antes de corresponder, levando as mãos até a nuca dele o trazendo para mais perto de seu corpo.

— Eu te amo. — ele confessou contra seus lábios, quase em um sussurro, como um segredo que ninguém podia saber. — Muito.

Ouvir aquela confissão fez seu coração errar algumas batidas e acelera, precisou pensar com cuidado e respirar devagar antes de dizer qualquer coisa.

— Sei que estamos em uma situação um pouco delicada, e não precisa me dizer isso agora, mas eu preciso que saiba e tenha certeza. — ele diz beijando sua testa. — Vou deixar você dormir, se precisar de mim eu tô lá embaixo. Okay?

Concordou, recebendo um último selar de boa noite dele que deixou o quarto. Terminou de se vestir e se deitou para dormir enquanto sentia borboletas batendo as asas em seu estômago.

S.O.S Levi vai ser pai!Onde histórias criam vida. Descubra agora