01 A Farsa

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"Afinal, quantas moedas eu valho?"

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Num lugar muito distante do novo mundo, perdido no tempo, um pequeno e modesto vilarejo se mantém vívido junto às flores e frutos que a terra lhes oferece com custo. Do menor ao maior, eles suam nos campos e pomares, lotando suas carroças e cestas para movimentar a feira, onde as moedas de ouro, prata e bronze rodam de mão em mão todos os dias. No entanto, algo de incomum ocorreu quando nasceu ali um homem ômega tão belo e gentil que despertou o desprezo dos homens e inveja das damas. Estas torciam o nariz para as curvas peculiares e cabelos de ouro do rapaz, enciumadas, desprezando duramente os olhos brilhantes e gestos reduzidos numa timidez aliada a certo temor.

"Um homem de cheiro doce, tal qual uma dama. Abominável!" diziam eles ao jovem de dezessete anos enquanto o observavam de suas barracas na feira, ou mesmo na caminhada de volta para suas casas. Tal caso soava inimaginável, uma falha da natureza sem qualquer perdão.

Park Jimin se considerava inadequado até o último fio de cabelo, mas se esforçava ao máximo para se encaixar naquele grupo:

— Passo o ponto, então devo cruzá-lo.

A agulha ia e vinha com seus pontos no tecido de linho junto às mãos de Jimin, o mais novo dos quatro filhos da família Park. Era preciso aprender uma nova função àquela altura, pois a convivência com os outros fora de sua casa não andava boa para os negócios da família.

— Para formar um novo arabesco.

Seus dedos pouco ágeis se encontravam doloridos por conta dos furinhos vermelhos gerados depois de descuidos, no entanto, ele persistia com as tentativas de cativar sua mãe, que o observava sentada sobre a poltrona naquela tarde abafada de fim de verão.

— Estou indo bem, omma? - perguntou Jimin, ansioso por aprovação.

— Para um homem... — o comentário nada contente da Sra. Park desanimou o filho, embora ele não expressasse aquilo ao prosseguir com o trabalho. — O que há com esta expressão desgostosa? Longe de mim lhe acusar de ser um caso perdido na única coisa que acredito ser de seu talento, Jimin.

— Eu não pretendia...

— O ponto está errado — com um olhar frio, ela o obrigou a refazer o trabalho. — Oh, por Deus, você nunca foi normal, porém, tem me dado o dobro de desânimo esses tempos, Jimin. Nossa família está imersa num rio de vergonha e, ainda por cima, posso nos imaginar sustentando sua inutilidade por toda a vida.

— Preciso... do seu incentivo — Jimin pediu, tímido e cabisbaixo. — Por favor, me ajude a ser útil em nossa família.

— Por acaso, não estou aqui para ensiná-lo a bordar? Mas agora vejam só, não posso expressar minha frustração debaixo do meu teto. Sou cruel, pois não? Que disparate!

A Sra. Park gostaria de ser totalmente sincera e dizer-lhe que estaria contente se Jimin fosse uma garota ômega - como era de se esperar - mas preferiu refrear seu impulso mais extremo diante do rapaz já tão fragilizado.

— Eu aceito o que a senhora achar melhor, omma.

— No entanto, aí estão os seus olhos cheios de lágrimas. Você chora como uma dama e deforma por completo sua imagem já tão frágil de meio homem. O que vou fazer? Eu bem que desejo não ter de lidar com isso, pois já ando tão cansada! Você não tem os dotes de uma mulher ômega de verdade, tampouco poderia ter o porte másculo que era de se esperar de um homem alfa — a Sra. Park o analisou enquanto Jimin voltou seus olhos imensos e castanhos para sua imagem endurecida. — Sua voz é suave como a brisa das manhãs, seus olhos carregam o resplendor das estrelas. Mas que desgraça, você não seria uma ômega de se jogar fora, Jimin. Entretanto, tudo isto se perde quando não há uma fenda entre as suas pernas.

Ômega De Valor - Jikook (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora