Fúria e Teimosia

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Quando o último servo se recolheu em seus aposentos, e a lua apontava alto no céu, o silêncio da noite permitia ouvir-se o uivar do vento passando por entre as janelas do palácio. Era madrugada daquele mesmo dia quando Jeon arrumou seu hobby de seda no corpo e desceu um lance de escadas para encontrar a Sra. Cecil a sua espera.

Jeon jogou os cabelos negros para trás e estalou a língua, incomodado com o jeito desconfiado da mulher:

- Sua princesa pode não ter a verdadeira compreensão do estado de saúde de seu convidado, porém, muito me espanta que a senhora tenha demonstrado total despreparo para lidar com o Sr. Park.

- Meu príncipe - amuada, ela respondeu. - De fato, o ambiente não estava ideal para uma vista da varanda esta noite. As recomendações médicas foram claras: o Sr. Park não poderia tomar friagem, é claro. No entanto, o que eu poderia fazer? A princesa costuma ser atenciosa, posso lhe jurar, mas hoje, quem sabe ela acreditou que...

- Ele tem saúde frágil - Jeon a cortou, impaciente com seu jeito tagarela. - Não apenas por conta do arsênico, senhora. E ouso dizer que o próprio Sr. Park não tem o devido zelo por si mesmo no que se refere a falta de atenção que tivemos horas atrás.

- Não há razão para se preocupar, meu príncipe. Jimin está... oh, o Sr. Park está muito bem. Dorme o sono dos anjos.

- Não estou preocupado com o homem ômega, não se engane a este ponto - de repente, Jeon franziu o cenho e apontou duramente para o fim do corredor. - O que me preocupa é o que dirão de nós quando souberem que na realeza há pessoas que compram outras como animais, em seguida, estes aparecem mortos misteriosamente. É óbvio que prezo pela reputação deste reino.

- Compreendo, meu príncipe - com mal jeito e algum asco, responde ela.

- Hm... Ele se sentiu mal? - Jeon perguntou de repente.

- Perdão? - estranhou a mulher.

- Deixe que eu vejo por mim mesmo.

Inesperadamente, a Sra. Cecil passou a seguir o príncipe pelo corredor, dando suas curtas e ágeis passadas ao tentar alcançá-lo, embora não fosse tarefa fácil. Se perguntava como Jeon poderia saber em que quarto Jimin estava hospedado, mas não ousou perguntar.

Entretanto, quando ele encontrou a porta do ômega, freou seus movimentos na maçaneta da porta branca. E foi então que a Sra. Cecil o viu hesitar pela primeira vez em sua vida. Foi possível observar as íris negras tremerem, o maxilar travar duramente. O príncipe se mostrava como nunca antes, de fato, totalmente inseguro com seus atos.

- Alteza, me pergunto se está bem. Seu comportamento mudou, se me permite dizer.

- Não quero assustá-lo - Jeon soou estranho, numa postura defensiva, ainda encarando a maçaneta. - Eu detestaria ser visto como... como o mesmo de antes, neste quarto.

- O senhor se importa - com espanto, a Sra. Cecil o viu tocar a maçaneta.

- Já lhe deixei claras as minhas razões para estar aqui.

De modo algum a Sra. Cecil acreditou que o príncipe fosse sincero, não quando se encontrava diante do homem inquieto, até mesmo nervoso diante a ideia de abrir uma simples porta. Para a mulher estava claro: O príncipe temia ser mal interpretado por Jimin, embora desejava muito vê-lo. Por Deus, era madrugada! Uma urgência se fazia presente, e Jeon não estava disposto a esperar sequer o nascer do Sol para anunciar sua visita; como qualquer outro teria a sensatez de assim fazê-lo.

Rapidamente, a Sra. Cecil se apressou a interromper seus movimentos:

- Um segundo, senhor! De todo modo, não é sensato ser tão ansioso a respeito do Sr. Park. Não basta que eu o assegure de que ele está bem?

Ômega De Valor - Jikook (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora