"O que lhes restará quando não houver mais ninguém, somente moedas a tintilar pelo chão, sujas e sem qualquer valor?"
Pela manhã, Kim Taehyung bate o excesso de neve das botas de montaria e sobe à prancha de acesso ao esplendoroso navio Frances lll para negociar diretamente com o proprietário. Falaria com o Duque Kim SeokJin pessoalmente, afinal, este e o príncipe tinham o desagradável costume de protagonizar um verdadeiro show de horrores quando dentro de um mesmo ambiente. Ambos tinham total asco um pelo outro deste moleques, talvez porque seus egos fossem muito maiores do que o bom senso.
— Por Deus, os invernos não costumam ser tão agitados – se reclamou Taehyung, chegando ao deck do navio e desviando dos carregadores de mercadorias que desciam e subiam até ali por todo o dia. — Onde se enfiou aquele pavão, afinal de contas? Oh, com licença, senhor! Procuro o Duque Kim SeokJin, comandante e proprietário do navio. Veja bem, marquei uma prosa para este horário mesmo.
O homem de idade média ao qual chamou atenção apontou para o corredor extenso à esquerda, mostrando ali uma fileira de cabines intermináveis dentro do campo de visão de Taehyung. Este caminhou até ali com pressa para fugir do frio que fazia e leu as placas douradas sob as portas das cabines de descanso.
Por fim encontrou o nome do comandante rodeado de firulas e suspirou zombeteiro: SeokJin lhe parecia extremamente óbvio.
Ele bateu à porta ao menos três vezes e esperou com alguma impaciência. Se virou um instante para olhar a vista do sol nascendo sob às suas costas e se arrepiou, satisfeito com os primeiros raios trazendo o mínimo de calor para a estação. Pelo visto, aquele não seria um dia com mais tempestades de neve.
— Posso saber a razão da urgência, Sr. Kim?
De repente, Taehyung se voltou para a porta e encarou com espanto o homem de porte médio e olhos grandes, mas cansados. Perdeu o decoro ao analisá-lo de cima a baixo no momento em que o percebeu com os cabelos pretos oleosos e a pele — sempre tão limpa e macia — escamosa e ressecada. Aquele era mesmo Kim SeokJin, o vaidoso Duque que um dia conheceu num radiante baile de primavera?
— Por Deus, homem, o que ocorreu com sua figura? Muito me parece que o senhor não se lava com o mínimo de zelo a dias. Ugh, este cheiro de enxofre provém da sua cabine ou de vossa graça? Santo Deus!
SeokJin lhe deu às costas e deixou a porta aberta na intenção de evidenciar o seu convite para entrar, arrumou os três casacos de pele sobre os ombros e resmungou uma dezena de palavrões pelos ares. Não estava com humor para zombarias, tão pouco lhe interessava ouvir o óbvio. Ele sabia que se encontrava em frangalhos, mas é claro que sim.
Soou frustrado ao sentir o olhar afiado queimando suas costas:
— Sou como uma flor de primavera, Sr. Kim: Preciso do calor do sol para me manter vivo e belo. Mas tudo o que vejo é branco para todos os lados, seguido deste frio impiedoso que me leva a desejar cortar os pulsos todas as manhãs, logo ao acordar. Por azar o meu, o senhor acaba de atrapalhar um momento pessoal e dramático.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ômega De Valor - Jikook (ABO)
FanfictionPark Jimin, um simples aldeão, considera ter nascido sem sorte quando descobre em seu primeiro cio que é ômega; o único homem ômega de todo o vilarejo. E devido a esta descoberta que surpreendeu a todos, até mesmo à família real, ele será alvo de co...