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S/N CLIFFORD
NEW YORK


- O que você está fazendo aqui
na minha casa? - Eu forço a
minha voz para que ela pareça
firme enquanto mantenho a
faca apontada para a ameaça.

- Por que está apontando uma
faca para mim? - Kio pergunta
após dar uma risada nasalada. -
Você já me recebeu melhor.

- O que você está fazendo aqui,
Kio? - Repito a pergunta.

- Você não fala comigo desde
que o problema com o Partridge
aconteceu. Eu sei o que ele te
contou, mas eu não entendo o
motivo de você ter deixado de falar
comigo. - Kio dá um passo na
minha direção mas para quando eu
aponto a faca para ele novamente.

- Você esfaqueou o Louis.

- E daí?
- Ele rebate. - Sinto
muito abrir os seus olhos, S/n,
mas o Partridge não é uma pessoa
inocente. Assim como eu ele
também está nesse meio, e pior do
que eu ele faz coisas desumanas.
Eu não sou pior ou mais perigoso
do que ele, por que você o defende
tanto e me acha o vilão da história
apenas por ter tentado me
defender?

Eu não posso negar, Kio tem
razão. Louis é tão sujo quanto ele.
Nessa história não há um lado
bom da força, os dois são os vilões
da história tentando sobreviver.
Nenhum dos dois merece defesa,
nenhum dos dois merece pena. Eu
vejo nos noticiários o que pessoas
como eles fazem, não é porque o
meu coração insiste em sentir algo
pelo Louis que ele passa a ser o
bom garoto, o inocente.

- Essa briga é entre vocês, eu
não tenho nada a ver com isso. -
Digo, lutando contra as lágrimas
se formando em meus olhos. - Vá
embora da minha casa e resolva
isso com ele

- Você está envolvida nisso, baby.
- Estreito os meus olhos para ele
quando ele me chama pelo apelido
de quando nós namorávamos. -
Eu preciso te proteger dele.

- Não preciso da sua proteção,
Kio. - Abaixo a minha mão mas
continuo segurando a faca com
firmeza.

- O Louis é um filho da
puta. Enquanto você está se
apaixonando por ele, ele vê você
como mais uma que cede fácil para
ele. - A raiva de Kio parece
aumentar enquanto ele pronuncia
as palavras. - Louis seria capaz
de te matar a qualquer momento
sem dó e eu não posso deixar isso
acontecer. Você foi a única pessoa
que enxergou além de mim e
tentou resgatar o meu melhor, eu
não posso deixar você nas mãos
dele.

- Acho melhor você ir embora. -
Murmuro.

- Eu vou. - Posso ver os seus
olhos marejados quando o seu
olhar encontra o meu. - Mas eu
vou levar você comigo.

Kio se aproxima de mim
abrutamente e segura o meu
braço com força, eu cravo a faca
que eu ainda estava segurando no
seu braço e ele me larga soltando
um gemido de dor. Ele me olha
incrédulo ao passar a mão no
seu novo machucado, vendo o
seu sangue escorrer. Eu não me
encontro tão diferente dele, eu
nunca tinha machucado ninguém
dessa forma antes.

- Você está vendo no que ele está
transformando você? - Kio diz
com raiva e me mostra a sua mão
suja com o seu sangue.

- Você vai vir comigo e eu vou te
deixar longe dele, longe de tudo
o que pode te fazer mal.

O seu sorriso doentio me faz
estremecer, sinto uma lágrima
escorrer em minha bochecha.
Kio avança em mim novamente
e tira a faca da minha mão, me
deixando desprotegida. Minha mãe
e o meu irmão estão dormindo no
andar de cima, qualquer barulho
suspeito algum deles irá acionar a
polícia. Mas talvez eles acabem se
envolvendo em toda essa merda
por minha culpa, acabem se
machucando.

DARKSIDEOnde histórias criam vida. Descubra agora