MillsCheguei na escola um pouco antes do horário. Peguei meu material e fui direto para a sala de aula. Não vou negar que sentia um frio na barriga. Seria a primeira vez que encontraria Swan desde o meu aniversário. A regra de não nos evitarmos ainda existia, eu acho. Mas também concordamos em não mais nos beijar, e fizemos exatamente o contrário, então como seria hoje? Estava insegura. E não foi apenas um beijo, foi o que Zelena denominou como um belo de um amasso. Revirei os olhos ao lembrar do surto que minha irmã teve quando contei que tinha deixado Mal sozinha em casa, e passado o resto da noite com Swan. Aquela maluca quase me deixou surda ao telefone.
Ficamos até tarde na praia aquela noite. O tempo ao lado dela passava rápido. A impressão que uma garrafa de vinho foi pouco, ficou subentendida. Mas apesar do álcool nos comportamos. Eu não sei explicar em palavras como foi bom passar aquele tempo abraçada à ela. Como me fez bem. Ela salvou espontaneamente a comemoração de meu aniversário. Mesmo não tendo colocado expectativa nenhuma na data. Foi maravilhoso.
Depois da praia a levei em casa. Fizemos o caminho em silêncio, mas não era um silêncio ruim. Esperei até que fechasse a porta. Em casa, fui direto tomar um banho para tirar a areia do corpo. Ainda sentia o seu toque em meus braços, o seu cheiro em mim. Swan era carinhosa. Carinhosa de um jeito que assustava, justamente porque eu nunca fui de me encantar por isso. Não até agora.
Paralisei ao chegar na porta da sala. Para a minha surpresa, Swan já estava lá. Lia algo com a cabeça baixa.
— Caiu da cama, Swan? — perguntei, fingindo não estar surpresa. Ela permaneceu como estava, e só então percebi que usava fones de ouvido. Me aproximei mais.
— Caiu da cama, Miss Swan? — repeti, levando a mão direita a seu ouvido e retirando o fone. Ela deu um pulinho na cadeira de susto. Levantou a cabeça, e abriu um sorriso ao me ver. Senti um frio na barriga. Não importa o que acontecesse, aquele olhar sempre seria o meu ponto fraco. Sorri de volta.
— É, eu... — gaguejou — Eu tinha que colocar algumas leituras em dia. — parecia envergonhada — Minha professora é exigente! — brincou.
— Entendi! — ergui uma sobrancelha — Senhorita Swan uma aluna dedicada? Realmente não dá para acreditar. — disse usando um tom irônico.— Estou me esforçando. — falou , e suas bochechas coraram, ficou ainda mais linda.
— Agora sem ironias. — voltei à seriedade e coloquei meu material em minha mesa — Tem alguma dúvida sobre o conteúdo? — me virei novamente para ela. Swan soltou o ar, amassou um pouco os papéis que segurava.
— Já li e reli a definição de paradoxo e Antítese, mas não consigo distinguir qual é qual dentro das estrofes. — disse vencida. Achei encantador o seu pequeno desespero. E me repreendi mentalmente por conseguir achá-la ainda mais linda a cada expressão nova que conhecia em seu rosto.
— Fique tranquila. — levantei a mão com a palma virada para ela — A maioria das pessoas confundem isso. E nem todos os teóricos chegam a um consenso. — peguei uma cadeira e coloquei ao seu lado. Ela observou meus movimentos. — Aqui! — virei as folhas que segurava e apontei com o dedo. — Você tem um exemplo de antítese, “Em contínuas tristezas e alergias”. A ideia de oposição de termos. Já aqui ... — apontei na outra folha — Tem uma ideia de oposição também, mas acaba por se perguntar “como isso é possível no mundo real?”— fiz aspas com os dedos — Toda vez que se questionar, tem um paradoxo.
— Então há paradoxo em... — inclinou a cabeça para ler o verso na folha — “É um cuidar que ganha em se perder?” — virou o seu rosto novamente para mim — Por que o que se ganha em se perder? aprofundou o seu olhar no meu.
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Cinza das Horas (Swanqueen)
FanfictionRegina Mills é ex-prefeita de Storybrooke, volta a lecionar Literatura na escola da cidade depois de dois mandatos bem-sucedidos. No seu primeiro dia de aula, conhece Emma Swan, uma jovem atleta, que será sua aluna. Emma não pretende ficar muito tem...