Pensamentos

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Swan
 
Passei em casa, almocei mal. Minha decepção com Killian era grande. Ele não podia ser tão fraco assim, comprar drogas cada vez que algo traz a lembrança da mãe dele à tona. 
Cheguei ao ginásio com um mal humor que não tinha há séculos. 
 
Ainda na escola, Ruby tentou falar  comigo, mas me esquivei. Neal me mandou massagens querendo me encontrar, ignorei. Ele queria falar do fusca, pelo que parece tinha conversado com seu pai. Nas últimas aulas, sentei do outro lado da sala. Só não fui  para o fundo porque  não queria ficar próxima a Will Scarlet, pois se eu sentasse uma carteira mais  atrás eu quebraria a cara dele. 

— Sorte daquele idiota que Mills interveio. — falei baixo  — Regina... — suspirei. Levei as mãos ao rosto. O cheiro de seu perfume me veio à memória.  Arrepiei.   A lembrança de ter o corpo dela colado ao meu era tão viva, que ali de olhos fechados, podia sentir cada parte de seu corpo. A pele do seu pescoço tão próxima ao meu nariz. Deus, como eu quis beijar aquele pescoço!  Como eu quis morder de leve cada parte  exposta da pele daquela mulher. 

Não sei se estava me enganando, mas talvez Regina não fosse indiferente à minha aproximação. Ela tremeu com a minha respiração junto ao seu pescoço.  A vi morder o lábio e suspirar quando fiz menção de tocar sua orelha com a boca.
Me lembrei de seus lábios. Que lábios! Como eram macios. Não resisti a necessidade de fazer o contorno naquela cicatriz que me tirava o juízo desde a primeira vez que a vi. Acho que isso Regina não percebeu. Resistir ao impulso de beijar àquela boca, foi uma das coisas mais difíceis que já fiz na vida. Ter um autocontrole,  que eu não tinha  naquele momento.  Aliás autocontrole é  algo que não existe  quando se tem Regina Mills tão próxima. Sorri instantaneamente.  Balancei a cabeça.  Tenho que admitir que ela é  forte. Fácil não foi dominar aquela mulher na parede. Arisca! Arisca e linda! Deus, como era linda!
Suspirei, coloquei a tornozeleira.
 
 Ruby  chegou por trás de mim.
— Posso falar com você? — perguntou  com uma cara não muito melhor que a minha.

— Agora não, loba. Depois do treino ok? — forcei um sorriso.
 
Entramos em quadra em silêncio, enquanto o resto do time fervia em animação. Eram os últimos treinos antes do campeonato estadual. O grupo titular estava sendo definido.  Eu, depois de dois anos tinha condições reais de jogo.  Ruby,  que jogava na mesma posição que eu, também tinha.  A única chance de as duas estarem na equipe titular seria se o treinador me colocasse como ponteira passadora. Perderíamos  na altura do bloqueio,  já que eu não sou tão alta como as demais jogadoras,  mas ganharíamos no passe e defesa que   eram o meu forte. Essa era uma das características que me fizeram  subir tão jovem para a categoria profissional, ter a habilidade de jogar em mais de uma posição sem cair em rendimento.

O treino passou como o meu dia, estressante e nada produtivo. Não estava bem, e todos perceberam.
 
Não  podia deixar meu lado pessoal interferir  no profissional, mas hoje estava difícil.  Gritar descontrolada no meio do pátio sobre a morte de três mães não era o meu normal. Eu precisava me recompor.
 
— Agora tá legal pra conversar,  patinho? — Ruby sentou ao meu lado no vestiário. Estava enrolada em uma toalha e com a outra secava os cabelos. 

— Sim. — Suspirei vestindo um top, estava de calcinha,  também tinha acabado de tomar banho — Treino péssimo! Quinei a maioria das bolas.  — conclui.

— Emma Quinadeira voltou! —disse debochada. 

— Se  foder, loba! — rimos.
 
 Sentei  no banco, peguei o restante das minhas roupas.

— Kill está arrependido. —  disse com uma voz triste.

— Ele pisou na bola feio. —  respondi séria.

— Eu sei. Todos sabemos.  Vocês têm  que conversar e resolver isso. — disse baixo.

— Ele me decepcionou. Não  pode ser tão fraco assim. Tem que aprender a lidar com as situações que  lembram a mãe dele.
 
— Patinho... —  suspirou — Você sabe o quanto ele evoluiu nesse último ano. — E grande parte dessa evolução foi pelas suas broncas.  —  sorriu.
 
— Apenas fale com ele.

Cinza das Horas (Swanqueen)Onde histórias criam vida. Descubra agora