Dentro de Um livro

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Mills

Sai do evento, mandei uma mensagem para Emma dizendo que precisávamos conversar. Em pouco mais de uma hora, cheguei à sua casa. Pelo menos, consegui me tranquilizar durante o percurso.

— Aconteceu alguma coisa? — ela perguntou assim que abriu a porta.

Percorri o seu corpo com o olhar. Custava colocar uma roupa para me receber? Ela usava uma regata branca transparente, conseguia ver o contorno de seus seios com os mamilos rijos. Uma calcinha minúscula de renda vermelha. Pelo formato na frente, deduzi ser um fio dental. Senti um calor passar pelo meu corpo inteiro. Voltei a olhar em seus olhos. Respirei fundo, tentando manter o foco.

— Aconteceu! — respondi já dando um passou para dentro de sua casa. Segurei em sua mão, e dei um beijo em seu rosto.

Ela trancou a porta. A puxei em direção à sala.

— Está me assustando. — falou com insegurança na voz.

Sentei no sofá, Emma se acomodou ao meu lado.

— Sua relação com seu pai, como está? — fui direto ao assunto.

Ela fez uma expressão confusa.

— A minha relação com ele praticamente não existe. A última vez que o vi, foi ainda em Nova Iorque, antes de me mudar para cá. Ele me ligou algumas vezes, mas não o atendi. Desde então, tudo o que deseja saber, conversa com tia Ingrid. Por quê?

Passei as mãos nervosamente pelos cabelos.

— Acabei de dizer a ele que é um pai de merda. — contei, e apertei os lábios. Esperei com receio por sua resposta.

— O QUÊ? — franziu o cenho — Mas... Mas como? — gaguejou — Onde o encontrou?

— Cora — comecei a falar — A minha mãe — escolhi melhor as palavras, caso ela não lembrasse — Depois que você saiu do meu escritório no dia em que foi buscar Henry, cogitou a possibilidade de convidar você e seu treinador para participar de minha campanha ao Senado, que começa efetivamente o ano que vem. A nossa secretária te reconheceu, pois foi a um jogo. Cora disse que vem tentando uma aproximação com Kurt Flyn há algum tempo. — Emma me escutava atenta— Eu repeli a ideia, e a proibi de fazer qualquer coisa a respeito. Mas Cora é Cora! A palavra mais leve que posso dizer a seu respeito é que ela é, difícil. É triste admitir, mas o carácter de minha mãe é no mínimo falho. — Emma balançou a cabeça em entendimento — Ela investigou sobre você e descobriu, que é minha aluna, e ainda, de quem é filha. Convidou o seu pai para o evento de hoje. Me usou como isca. Por ser sua professora, seu pai achou que talvez fosse um meio de se aproximar de você. Ou algo assim, eu não sei.

— Meu pai é inacreditável! — balançou a cabeça — Sempre esteve ausente, e agora tem essa cara de pau.

— Foi praticamente o que eu disse a ele. Desculpe por isso, mas não aguentei escutar calada os absurdos que ele disse. — fui sincera.

— Deixa eu adivinhar... — sorriu irônica — Ele disse que estou perdendo tempo com o vôlei, e que deveria focar na Nolan como o meu futuro profissional? — falou como alguém que já tinha escutado muito aquilo.

— Entre outras coisas, sim. — afirmei com a cabeça, levei a mão esquerda à sua que estava no sofá, apertei. Sorri carinhosamente para ela — Sinto muito! Minha mãe não tinha esse direito. Não queria que ela trouxesse situações ruins à sua vida.

— Você não tem culpa, Regina. Nós não temos culpa pelos erros de nossos pais. — fez um carinho com o seu polegar em minha mão — Mas se sua mãe faz as coisas relacionadas à sua campanha sem permissão, por que ainda continua trabalhando com ela ?

Cinza das Horas (Swanqueen)Onde histórias criam vida. Descubra agora