Mills
— ELE NÃO PODE FICAR AQUI! — Cora gritava histérica por ter visto Henry entrar em meu escritório.
Já era segunda, e precisei sair uma aula mais cedo, porque a professora de meu filho teve um imprevisto, e ele foi dispensado antes do horário.
— Não grite! — falei irritada — fechando a porta de meu escritório — Henry está com fones de ouvido, mas com todo esse escândalo, pode escutar.
— Este é o seu local de trabalho. Não um lugar para crianças. — falou nervosa. Victoria nos observava de sua mesa.
— Não seja hipócrita, Cora. Nós duas sabemos porque não quer Henry aqui. — respondi já ao ponto de estourar. Não ia admitir que ela falasse mal dele.
— Por que ele não fica com o inútil do pai? — perguntou debochada, colocando as mãos na cintura.
— Robin tem uma audiência hoje. — claro que antes de decidir trazê-lo para o escritório, cogitei deixá-lo com o pai. Isso era óbvio.
— Ele sempre está ocupado, não é? — perguntou irônica — Até para oficializar os papéis do divórcio, demorou.
— Robin sempre precisou viajar muito. Apesar de você não ter nada a ver com isso. — respondi sem paciência.
— Não seja ingênua, Regina. Ele estava esperando para ver se você iria mudar de ideia. — Revirei os olhos. Ia responder, mas fui interrompida.
— O almoço tá na mão! — Zelena entrou falando alto — Mamãe, quanto tempo! — disse irônica, mirando Cora de cima a baixo. — Você está ótima! Quantas vezes as cobras mudam de pele por ano? — deu um sorriso largo.
Cora fechou o cenho, e ficou vermelha na hora. Bufou! Mais um pouco voava no pescoço de minha irmã.
— E essa agora? — falou entredentes, me encarando. — Você sabe muito bem que não a quero aqui. — apontou o dedo em riste para mim, como se Zelena não estivesse escutando.
— Nossa, Cora como você é infantil. Supera! — Zelena disse em tom debochado.
— Cora, ela é minha irmã. E tão dona desse prédio como você e eu. Henry é meu filho. Os dois vão entrar aqui sempre que precisarem. E eu não quero ter que ficar repetindo isso. — disse séria, a encarando nos olhos. Ela deu um passo para trás. E respirou fundo.
— Victoria, cancele o pedido de meu almoço. — falou alto — Perdi totalmente a fome! — se virou. Saiu pisando duro em direção à sua sala. Nem ao menos olhou para Zelena. Balancei a cabeça em negação vendo a cena.
— Eu sinto por isso. — disse baixo, olhando para minha irmã.
— Não tem problema. — sorriu, e me estendeu o pacote com a comida. — Já não me abalo mais.
— Obrigada! — sorri — Victoria, pode trazer um café para nós duas? — Victoria apenas afirmou com a cabeça, estava ao telefone, provavelmente cancelando o pedido de Cora.
Entramos em minha sala. Entreguei o almoço para Henry, e pedi que ele comesse na cozinha do escritório.
— Não vai comer agora? — Zelena perguntou, ao ver que deixei a salada que ela trouxe para mim na mesa de canto.
— Daqui a pouco. Swan chega em alguns minutos, vem buscar Henry para o treino. Mandei uma mensagem à ela.
— Nossa, já estamos nesse nível de intimidade? — minha irmã sentou na cadeira à minha frente, e cruzou as pernas.
— Não seja boba, Zelena. Eu não esperava a saída mais cedo de Henry da escola . Isso desestruturou todo o meu cronograma diário. E para piorar, é o primeiro dia de treino dele. Swan está me fazendo um grande favor. — expliquei me ajeitando na cadeira.
— Uma pena ela não poder pegar você de jeito hoje né, sis? — disse fazendo uma cara de safada. Senti minhas bochechas queimarem — O vestiário que o diga! — riu alto.
— Zelena, por favor! Não faça eu me arrepender de contar as coisas para você. — falei, envergonhada.
— O quê? — levantou as mãos, fingindo desentendimento — Só quero dizer que Emma representou na sexta! Pegou de jeito! Adorei saber! — sorriu debochado.
— Quieta, Zelena! — fingi irritação na voz, mas acabei rindo.
— Tudo bem! Tudo bem! Eu paro. — fez sinal de rendição — Mas preciso falar que mesmo você não querendo nada sério com ela. É melhor meio que “oficializar” — fez aspas com os dedos — As transas de vocês. Porque a italiana gostosa só falta sentar no colo dela. — revirei os olhos, aquele assunto me deixava desconfortável.
— Zelena, e o que eu vou dizer para uma garota de dezoito anos? Olha, eu não posso ter nada sério com você, mas não transa com mais ninguém. Ok? — disse com ironia na voz.
— Isso! — colocou as mãos sobre os joelhos, e meneou a cabeça em afirmação.
— Ridículo! — bufei.
— Só tô tentando fazer você não perder a loira. Espero que nesse meio tempo descubra logo que está apaixonada por ela. — revirei os olhos.
— De novo isso? — falei já não gostando do rumo da conversa.
— Com licença, senhora Mills. — Victoria entrou com um sorriso sem graça. Da porta ela olhou para a minha irmã, provavelmente lembrou na situação constrangedora da última vez em que se encontraram.
— Pode entrar. — ela veio à minha mesa, colocou a bandeja, começou a nos servir. Balancei a cabeça em negação ao ver o olhar descarado de minha irmã para a sua bunda. Zelena era tão sem noção que até inclinava o pescoço. Fiz um barulho, fingindo limpar a garganta. Minha irmã voltou a realidade, e se ajeitou na cadeira.
— Obrigada! — deu um sorriso, e pegou a xícara da mão dela.
Victoria abaixou a cabeça para pegar a xícara que iria me entregar, nessa hora, Zelena fez um sinal para eu olhar em suas costas. Fiquei sem entender, mas estiquei o pescoço, vi uma mancha roxa em sua pele.
— Obrigada. — disfarcei, e peguei a xícara de sua mão.
— Você tem um ótimo gosto para vestidos, Victoria. — Zelena falou percorrendo o corpo de minha secretária com o olhar. Victoria ficou vermelha, e endireitou a postura.
— Obrigada, senhorita West. — sorriu. E eu me perguntei aonde estava aquela mulher que fez o comentário preconceituoso quando estava junto de Cora. Ali, sem a presença de minha mãe, parecia outra pessoa.
— Não precisa dessa formalidade toda. — minha irmã lançou um olhar sedutor para ela. — Apenas Zelena.
E para a minha surpresa Victoria correspondeu ao seu olhar. Ficaram por alguns segundos presas naquele contato visual. Cruzei os braços, incrédula, assistindo aquele flerte inusitado.
O telefone na mesa de Victoria pôde ser ouvido. E com isso ambas saíram do transe. A loira pegou rapidamente a bandeja, pediu licença, e saiu.
— Eu não acredito nisso! — levei a mão direita à testa.
— Tenho o meu charme, sis. — rimos. — Mas que mancha era aquela nas costas dela? — falou, ficando séria.
— Não faço ideia. A encontrei na sexta, no evento, ela também estava de vestido, e não havia nada.
— Estranho! — concordei meneando a cabeça.
O telefone de minha sala tocou, era Victoria.
— Emma está subindo. — falei colocando o telefone de volta no gancho.
— Essa é a minha deixa. — Zelena falou se levantando. — Se for transar com ela aqui, tranque a porta. — Nem respondi. Como podia falar tanta besteira?
Me despedi de minha irmã. Poucos minutos depois, Victoria abria a porta para Swan entrar.
— Seu escritório tem a sua cara. — falou com as mãos nos bolsos, meio sem jeito, ainda próxima à porta.
— Eu pensei na decoração. — sorri, olhei em seus olhos. Como era bom vê-la novamente mesmo que de passagem. — Vem, sente-se aqui. — apontei para a cadeira em frente a minha mesa. — Henry deve estar terminado de almoçar. Ele está nervoso.
— É normal. Mas tenho certeza que vai se sair bem. — sorriu simpática.
— Obrigada por me fazer este favor. Eu não esperava que ele fosse sair mais cedo da escola . Me senti sem jeito em mandar aquela mensagem, mas Milah não era uma opção hoje. — expliquei.
— Não tem problema, eu já iria para lá de qualquer jeito. E sempre que precisar, já tem meu número. — sorriu ainda mais, e cada vez que ela fazia isso, eu ficava presa ali.
— Emma! — meu filho entrou, já agarrando Swan pelo pescoço.
— E aí, garoto, animado? — segurou em seus braços, e virou o rosto para olhá-lo.
— Muito! — sorriu abertamente — Mamãe, eu esqueci de pedir, posso ir à casa de Emma hoje depois do treino, jogar videogame?
— Henry! — ergui uma sobrancelha, e já mudei o meu tom de voz.
— Por favor! — fez uma voz de súplica — Eu nem tenho lição de casa. Mando mensagem quando for pra você ir me buscar.
— Eu comprei alguns jogos novos, comentei com ele na sexta. Deixe-o ir. — Swan pediu. E eu não sei quem fazia a melhor cara de coitado.
— Tudo bem. — concordei, vencida.
— Então vamos, garoto. — Henry pegou a sua mochila, e veio me dar um beijo.
Swan se aproximou para fazer o mesmo. Segurou com ambas as mãos em minha cintura. Levei a minha mão direita a seu rosto. Seus lábios tocaram carinhosamente em meu rosto. E mesmo sendo rápido, foi impossível não sentir um arrepio.
— Ele está levando, toalha, shampoo, enfim, tudo o que precisa para tomar banho. — falei assim que ela se afastou de mim.
— Ótimo!— virou para meu filho —Garoto, hoje você vai suar a camisa. — nós três rimos.
— Regina, o evento da próxima semana... — Cora entrou sem bater em meu escritório, como sempre. Parou de falar assim que viu Swan. — E essa moça? — ergueu uma sobrancelha, e fez uma expressão confusa.
— Swan. — Swan estendeu a mão para cumprimentá-la — Emma Swan! — sorriu simpática.
Cora deu um passo à frente. Analisou Swan de cima a baixo.
— Cora Mills. — apertou sua mão. Emma me olhou rapidamente ao escutar o seu nome. Provavelmente deduziu quem era.
— É a treinadora de vôlei de Henry. — me apressei em falar. — E eles já estão atrasados. — Swan percebeu o meu desconforto, pegou na mão de Henry.
— Bom, foi um prazer conhecê-la. — deu um sorriso amarelo, e saiu rapidamente com o meu filho.
Cora os olhou sair. Victoria entrou logo em seguida.
— Essa moça... — fez uma pausa organizando os pensamentos — Emma Swan não me é estranha. — Cora colocou a mão no queixo, tentando puxar algo na memória.
— É a jogadora de vôlei. — Victoria falou, e eu a xinguei mentalmente. Uma boca aberta mesmo — Fui a uma partida esses dias com Issac. Parece que ela é a aposta de revelação para Kurt Flynn esta temporada.
— Claro! — Cora estalou os dedos — Eu li uma entrevista dele algumas semanas atrás, ele falou sobre o time. Tinha uma foto sua com as jogadoras. — Regina, você é fantástica! — falou se virando para mim. Arregalei os olhos, não entendendo o motivo do elogio. Não era nem para ela ter encontrado com Swan ali.
— O que você quer dizer com isso, Cora? — perguntei já com receio do que escutaria como reposta. Dela eu poderia esperar tudo.
— Sabe quantos tempo eu estou tentado que este treinador, o tal Kurt Flynn, nos apoie? Ele se recusou a participar da campanha de Gold para prefeito, depois do seu mandato. Esse homem é um ídolo do vôlei aqui na cidade, e no Maine, como um todo. Temos que tê-lo ao nosso lado. Com ele, e sua pupila, nos apoiando a sua campanha para o Senado vai alcançar um número muito maior de eleitores. — balancei a cabeça incrédula. Como uma coisa tão rápida que foi a passagem de Swan aqui, pôde levar a imaginação de Cora tão longe?
— Cora, ninguém vai envolver o pessoal do vôlei nisso. — disse séria. Só de pensar em Cora pesquisando a história de Swan, e encaixá-la na campanha de alguma maneira apelativa para criar uma empatia com o eleitor, já me dava um nervosismo imenso. Só Deus sabe o que mais minha mãe seria capaz de descobrir.
— Regina, você não pode perder uma chance dessas. — falou já se exaltando por causa da minha negação.
— Ninguém vai envolver o pessoal do vôlei nisso! — repeti, e dessa vez, fui mais enfática.
— Você não sabe mais fazer política! — jogou os papéis sobre os quais ia falar em minha mesa. — Tem um evento importante semana que vem. Espero que não vá com a roupa amassada dessa vez.
Saiu. Victoria a seguiu.
***
Cheguei à casa de Swan um pouco depois das sete da noite. Meu filho me mandou mensagem para buscá-lo. Na verdade, tinha planejado vir mais cedo, mas Henry mandou uma mensagem falando que demoraram para sair do ginásio. Então, o tempo para jogar videogame tinha diminuído. A ideia em nada me agradou, mas ele já estava aqui. Eu não tinha o que fazer. Em plena segunda, Henry até essa hora na rua. Balancei a cabeça em negação. Estava irritada. Conversaria seriamente com ele, para restringir as suas saídas.
Respirei fundo antes de tocar a campainha. Senti aquele frio na barriga que sempre me acometia toda vez que iria encontrá-la. O fato de já tê-la visto hoje, não mudava nada. Estava acima das minhas forças ser indiferente.
Swan abriu a porta. E aquele sorriso iluminou a minha noite. Estava linda. Com os cabelos soltos e levemente úmidos, usava uma camiseta preta, parecia ser de alguma banda, eu não conhecia. Um shorts jeans, curto, que deixava bem à mostra as suas coxas definidas. Meias pretas com vários desenhos coloridos, sorri com esse detalhe.
— Oi de novo! — falou levemente corada, ao me ver olhando cada parte de seu corpo.
— Oi, Swan. — sorri sem jeito por não conseguir observá-la de uma maneira mais discreta.
— Entra! — me deu passagem.
Ao olhar para aquela sala, foi inevitável não lembrar dos momentos que estivemos juntas ali. Senti um arrepio passar pelo meu corpo.
— Henry está na cozinha. Vem! — a segui, lutando contra os meus devaneios.
— Mamãe, nós pedimos pizza! — Henry praticamente gritou quando entrei. Apontou para duas caixas enormes de pizza em cima do balcão. Franzi o cenho na hora.
— E quem disse que você pode comer pizza hoje, Henry? — perguntei irritada.
O sorriso no rosto dele morreu, abaixou a cabeça.
— Não brigue com ele. — Swan disse, se aproximando de mim — A ideia foi minha. Como não sei cozinhar, pedi as pizzas. Mas o foco na verdade é outro. — deu um sorriso tímido. E eu fiz uma expressão confusa — Ei garoto, mostra a surpresa pra sua mãe! — fez sinal com a mão para Henry. Meu filho a olhou, e voltou a sorrir.
Correu animado em direção à mesa. Me virei o acompanhando com o olhar. Ele subiu em uma das cadeiras, ficou de joelhos, e tirou a tampa de uma travessa que estava sobre a mesa.
— Nós fizemos torta de maçã pra você, mamãe! — sorriu orgulhoso.
Alternei o meu olhar entre meu filho e Swan com uma expressão de completa surpresa. Fiquei alguns segundos sem reação. Não sabia qual dos dois tinha o sorriso mais largo.
— E como isso surgiu? — perguntei depois de voltar ao meu estado normal.
— Bom, eu não queria que você ficasse brava comigo por ter sido uma aluna ruim. — ergueu ambas as sobrancelhas e falou em um tom teatral — O Henry viu como você saiu brava comigo aquele dia no Granny’s. — disse irônica. E eu entendi que ela tinha inventado uma desculpa para meu filho. Meneei a cabeça em um sinal de entendimento — Então eu pedi a ajuda de Henry para fazer uma surpresa pra você. E ele me contou que torta de maçã é a sua sobremesa favorita.
— É, eu peguei a sua receita na gaveta da cozinha, tirei uma foto e mandei pra Emma.— arregalei os olhos.
— Ah, então vocês são amigos de WhatsApp agora? — perguntei ainda mais surpresa.
— Claro né, mamãe! Agora que eu sou um atleta também, tenho que falar com a Emma no WhatsApp. — falou como se fosse óbvio.
Meu queixo caiu. — Atleta? — repeti lentamente, para ver se tinha entendido o tamanho da ousadia de meu filho.
— É! — disse simplesmente meneando a cabeça.
Swan e eu nos entreolhamos, vi um sorriso surgir no canto dos seus lábios. Ao mesmo tempo em que surgia nos meus. Sorrimos. Meu filho era surpreendente.
— Então vamos comer? — Swan perguntou no meio do riso.
— Vamos, né. Vocês venceram! — falei fingindo uma irritação na voz.
— Tem que experimentar a torta primeiro. — falou
— Que medo! — franzi o cenho receosa.
— Sem preconceito com a minha torta. A receita é sua. — fingiu estar ofendida.
— Tudo bem! — ergui mãos em sinal de rendição. — pelo menos a aparência da torta, está boa. — falei debochada e Swan fechou levemente os olhos, percebendo a minha provocação. Deus, como era linda!
Nos aproximamos mais da mesa. Emma pegou os pratos de sobremesa e os talheres.
— Espera! — meu filho falou alto, tirando o celular do bolso. Precisamos de uma foto!
— Ah Henry, você sabe que não gosto. — reclamei.
— Só uma. — fez aquela carinha que só ele sabia fazer. Revirei os olhos.
— Ok! Vocês estão impossíveis hoje. — cedi mais uma vez. Eu estava perdida com esses dois.
Meu filho se posicionou na cadeira de uma maneira que conseguia enquadrar nós três. Tive que me aproximar um pouco mais de Swan para a torta também aparecer na foto. E nessa hora, o seu cheiro invadiu os meus sentidos. Henry bateu a foto.
— Dá aqui, garoto. — Swan falou assim que ele terminou de bater a foto — Eu tiro uma foto de vocês.
Meu filho desceu da cadeira, correu, e se encostou em mim. Eu o abracei por trás, ele ficou com a cabeça na altura de meu peito. Sorrimos, Swan bateu a foto.
— Deixa eu ver como ficou? — pedi. Swan se aproximou de mim, e me virou a tela do celular — Estou horrível! Apaga! — falei erguendo a mão para pegar o aparelho. Mas ela levantou o braço.
— O quê? — falou balançando o braço para o lado oposto — A foto ficou perfeita.
— Swan! — segurei no seu braço que estava para baixo, e levantei os pés para tentar alcançá-la — A foto ficou péssima! — mesmo estando de salto, e assim, ficar na mesma altura que ela, não conseguia pegar o celular. Swan era rápida, eu odiava isso. — EMMA! — falei irritada — Fiquei feia! — ela empurrou o meu braço com sua mão livre.
— Você está linda! — falou desviando, e rindo. Estava adorando me provocar — Linda! — segurou meu braço com mais força, aproximou o seu rosto do meu, me olhou nos olhos — Lin-da ! — repetiu pausadamente, e sorriu mais. Também sorri. Era muito boba mesmo! Deu alguns passos rápidos, se afastando. — Garoto, depois manda as fotos pra mim. — entregou o celular a Henry que assistia em silêncio nossa interação.
Fiquei séria. Meu filho pegou o celular e colocou no bolso.
— Vamos comer? — falou animado, passando a mão na barriga.
Swan cortou, e serviu três pedaços. Ficaram na expectativa, esperando eu provar. O fiz.
— Por incrível que pareça... — mastiguei com calma — Está muito boa! — falei sincera.
— Yesss! — Henry praticamente gritou, e deu um tapa estalado na mão de Swan. Sorri ao ver a cena. Era impressionante como se davam bem.
— AGORA VAMOS JOGAR! — Deus, não sei de onde vinha tanta energia.
Pegamos tudo o que iríamos precisar, levamos à sala. Eles se jogaram no tapete. Já separando os controles do videogame. Balancei a cabeça em negação, até isso tinham em comum. Retirei os saltos, e me juntei a eles. Sentei no chão ao lado de Swan. Ela sorriu ao me ver fazer isso.
— Como foi o treino, filho? — perguntei comendo mais de minha torta. Swan já atacava um pedaço de pizza.
— Gostei muito! — contou animado, enquanto escolhia o jogo — Emma e Kurt me ensinaram as posições dentro da quadra, foi muito legal! — era tão bom vê-lo feliz assim.
Desviei os olhos na direção de Swan, ela me olhava. Me lançou um olhar tão profundo, que mesmo se eu quisesse, não conseguiria quebrar o contato visual. Henry, alheio à situação, continuava a sua procura.
— Então você quer continuar a treinar? — perguntei ainda presa naquelas orbes verdes.
— Claro, mamãe! Emma é a melhor! — vi um sorriso surgir no rosto de Swan ao escutar meu filho falar. Espelhei o seu riso. Não tinha como não admirar. Swan era encantadora! — Um dia eu vou ser tão bom quanto ela.
Pude ler nos lábios de Swan “Emma é a melhor!”. Repetiu a fala de meu filho de forma inaudível. E ergueu o queixo, se fazendo de superior. Balancei a cabeça em negação. Sorrimos, cúmplices. “Convencida”, falei também sem produzir som. Ela colocou a mão no peito, fez uma expressão de ofendida. Ambas rimos silenciosamente.
— Vai Emma, começa! — meu filho interrompeu aquela conversa muda entre nós duas. Eles começaram a jogar.
Se entupiram de pizza e torta até não aguentarem mais.
— Ahhhh, ganhei, garoto! — pela primeira vez na noite Swan comemorou uma vitória no jogo. Sorriu satisfeita. Nos entreolhamos, curiosas ao perceber que Henry nada disse. Swan levantou, e foi até ele. Meu filho estava de costas para nós, de frente para a tv, deitado no tapete. E assim dormiu, com o controle na mão.
— Ah, legal! Eu nunca ganho. E quando consigo, é porque ele dormiu. — Swan falou indignada. Colocando as mãos na cintura. Eu ri alto. Não consegui segurar.
— É, não foi dessa, vez Emma! — falei no meio do riso.
— Vou colocá-lo em um quarto. — disse, já se abaixando.
— Não! Eu vou acordá-lo para irmos embora. — falei, negando com a cabeça.
— Está cedo. E nós nem conversamos ainda. — fiz uma expressão meio receosa, já sabendo sobre o que ela queria falar.
— Você prometeu. — falou percebendo o meu hesitar.
— Está bem! — disse vencida — leve-o.
Henry não era mais nenhum bebê, pensei que ela o levaria andando, mesmo que sonolento, mas Swan o pegou no colo, e subiu escada acima.
Em alguns minutos estava de volta, com uma garrafa de vinho branco e duas traças.
— Eu não disse que iria beber. — falei séria.
— Também não disse que não iria. — respondeu já enchendo as taças.
Balancei a cabeça, Swan era impossível. Me entregou uma taça, e sentou mais próxima a mim, se encostou no sofá.
— Diga, Swan. — falei passando o dedo na borda, sem tomar o líquido.
Ela levantou a mão, brindamos. Dei um gole, ela também.
— Ok... — fez uma pausa, parecia organizar os pensamentos — Comecei a jogar vôlei na escola. Meu professor de Educação física viu a facilidade que eu tinha comparada às outras meninas de minha idade. Indicou um núcleo de formação para minha mãe. Ela fez o que ele sugeriu, e eu simplesmente me apaixonei pelo esporte. Quando não estava jogando, estava pesquisando sobre vôlei. Conhecendo atletas pelos vídeos na internet, assistindo partidas históricas no YouTube. — ela falava calmamente. E eu tentava entender aonde queria chegar me contando aquilo — Depois que já estava na adolescência, e tinha acabado de subir precocemente para o time adulto da equipe em que jogava, comecei a ouvir falar sobre uma nova jogadora, com uma carreira promissora. A Liga Italiana estava em alvoroço. Os times dos outros países saíram em disputa para comprar o seu passe. — revirei os olhos já sabendo de quem ela falava.
— É sério, Swan? — apoiei minha mão no chão, fazendo menção de levantar. Não ia ficar ali escutando ela falar como a italiana era fantástica.
— Espera! — ela segurou em meu braço — Deixa eu terminar de falar.
Bufei! Mas fiz o que ela pedia, me ajeitei no tapete novamente.
— Acompanhei cada detalhe da carreira de Kathryn. Ela foi convocada para a Seleção da Itália. E na primeira Olimpíada que jogou, foi titular. Ganharam a medalha de ouro. Ela foi destaque individual. — contou tudo em um tom de admiração. E eu xinguei internamente a cada palavra. Ótimo! Conhecer a história da carreira da italiana. Realmente não imaginei nada melhor para a minha noite.
— E hoje você joga com a mulher dos sonhos! — disse irônica, e totalmente sem paciência — Eu já entendi, Swan!
— Não! — me interrompeu rapidamente — Jogo com uma das melhores atletas da atualidade. É um ídolo pra mim. Ela faz algumas jogadas nos treinos e nos jogos, que simplesmente me deixam de boca aberta. Piccinini é uma jogadora completa, como eu treino todos os dias para ser. Se não fosse o escândalo do seu divórcio, Kathryn não passaria nem perto de Storybrooke.
— Tá! E aonde você quer chegar com isso? — tentei resumir para acabar logo com aquela conversa.
— Dizer que Kathryn é alguém que admiro, e com quem aprendo diariamente. Nada mais. — falou séria, fixando o seu olhar no meu.
— Então vai me dizer que não percebe as investidas dela? — perguntei debochada — Ou que não sabe por que ela toca em você quando fala? — aumentei levemente meu tom de voz — Ou que não percebeu que ela só convidou você para ir à piscina? E nem que ela olha para a sua bunda? — disse sem respirar, e ao terminar estava alterada, principalmente pelo riso que surgiu no canto de seus lábios. — Está achando graça no que, Swan? — perguntei me mexendo nervosamente no tapete.
— Sinceramente... — levantou a sua mão livre, fazendo um sinal de desentendimento — Eu não sei até onde é brincadeira. No começo, ficava com receio. Agora, no máximo, fico sem jeito. E às vezes nem percebo. Essa história aí... — apontou o dedo em riste para mim — De olhar pra minha bunda, eu não sabia.
— Não se faça de desentendida. Eu te falei no dia do vestiário. — se ela soubesse como aquele ar de riso me irritava.
— Você falou partes do corpo, não, minha bunda. — fechei ainda mais o cenho. Como se fizesse diferença!
— Ah, que inocente você, Swan!— usei o meu melhor tom de ironia — Vira essa bunda, com uma calcinha minúscula para o lado dela, e acha que ela vai olhar para onde? — bati a mão na minha própria perna. Ela riu ainda mais.
— Eu não tenho o que fazer ... — falou indignada — Eu preciso tomar banho.
— E ainda tem as outras que te acham “gostosa”. — fiz aspas com os dedos, ao usar a sua expressão ao me contar.
— É! Tem sim. — confirmou, e eu revirei os olhos — Mas já contei que não me interesso por nenhuma delas.
— Isso não é da minha conta! — me fiz de desinteressada, coloquei minha taça na mesa de centro. Essa conversa já estava durando muito — Henry e eu precisamos ir. — Tentei me levantar, mas ela me impediu mais uma vez.
— Ainda não terminei. — perfeito! O que mais Swan queria? Colocou a sua taça calmante junto da minha — Naquele dia no Granny’s ... — começou a falar e parecia receosa — Não gostei da maneira como nos desentendemos. Realmente me chateou. Tivemos uma noite maravilhosa, e uma manhã incrível. Pra depois acontecer aquilo? Sei que não temos nada sério, mas não foi legal. — apertou os lábios, e fez uma expressão apreensiva, esperando que eu falasse algo.
Respirei fundo, tentando ser sensata. A mirei por alguns instantes em silêncio. Lutei contra o meu orgulho interior, que gritava. Ela estava certa!
— Swan, eu não tenho direito algum de me irritar com suas amigas, companheiras de equipe, ou quem quer que seja que dê em cima de você. — fui sincera. Eu sabia que tinha agido errado — Mas não vou negar. Não gostei! — fiz uma pausa, hesitando em escolher as palavras — A noite que passamos juntas foi maravilhosa para mim também. E ver toda aquela sua intimidade com a italiana, tendo me dito horas antes que queria continuar a ficar comigo, me fez questionar se realmente tinha sido importante para você.
— Regina, nada com você é sem importância! — se apressou em responder, e eu senti um frio na barriga. Se aproximou — Pra mim, foi especial! E eu quero lembrar de cada instante que passamos juntas, tanto aqui em casa, como no vestiário, com carinho, não com mágoa. Eu peço desculpas se a minha proximidade com Kathryn te passou essa impressão, porque isso não é nem de perto real. — Ao falar, ela aprofundou ainda mais os seus olhos nos meus. E aquilo derrubou as minhas defesas. Suas orbes verdes sempre seriam o meu ponto fraco. E acho que ela já sabia disso. Fiquei alguns segundos olhando para o seu rosto. Desci com o olhar para a sua boca. Ela sorriu pequeno. Provavelmente percebeu que eu reparava em seus detalhes. Seu sorriso já me encantava mais do que nos dias anteriores, me encantava mais do que hoje à tarde. E me dava um medo tão grande constatar isso. O contorno de sua boca, o tom levemente rosado de seus lábios, o gosto do seu beijo, que não saia da minha mente. Tudo nela ia ganhando um significado maior a cada instante. Vários pedacinhos seus já tinham criado uma lembrança em minha memória. Swan estava impregnando em mim. E pensar nisso, me apavorava.
— Eu também peço desculpas pela forma como agi. — disse meio sem jeito, fazendo esforço para voltar à realidade. Ela me analisava em silêncio — Não deixei você falar naquele dia.
— É, você é um pouco estourada. — respondeu em um tom brincalhão.
— Quase nada. — entrei na brincadeira. Sorrimos. — Mesmo estando chateada pela maneira como agi, você inventou uma desculpa para Henry, e teve a ideia da surpresa de hoje. Obrigada! — continuei. Vi seu sorriso aumentar ao escutar minhas palavras. Conseguiu ficar ainda mais linda.
— Minha mãe costumava dizer que por falta de diálogo, às vezes perdemos pessoas especiais.
— É a sua forma de dizer que sou especial, Miss Swan? — mantive o tom de brincadeira, mas estava curiosa por sua reposta.
— Essa é minha forma de dizer que você vale o esforço de tentar resolver qualquer mal entendido. — voltou a usar um tom sério — E se ainda não consegui deixar isso claro... — balançou a cabeça em afirmação — Sim! Você é especial pra mim! — foi a minha vez de sorrir abertamente. Desviei o olhar para o chão, totalmente sem jeito.
— Sabe... — depois de alguns instantes levantei o olhar, voltei a analisar com calma sua expressão. Levei a mão direita ao seu rosto. Fiz um carinho suave em sua bochecha. Ela fechou os olhos sentindo o meu toque, logo em seguida, voltou a abri-los. — Às vezes fico me perguntando aonde está aquela garota que conheci jogando giz nos seus colegas de turma. — ela sorriu, e meneou a cabeça.
— Deus, que vergonha! — vi seu rosto ficar levemente vermelho. Dei risada do seu constrangimento. — Já passaram alguns meses, tantas coisas aconteceram — continuou a falar — Estou tentando ser uma pessoa melhor a cada dia. Aprendi com o tempo que não adianta me revoltar com o mundo. Revolta nenhuma vai trazer minha mãe de volta. Ou trazer os anos que meu pai não esteve comigo. Não fará o meu tratamento no joelho ser menos doloso. Não vai fazer o Kill voltar. — dei um sorriso compreensivo, e voltei a fazer um carinho com minha mão que estava em seu rosto. — Ela também sorriu — Revolta nenhuma vai fazer você me notar. — senti um aperto no peito, e engoli seco.
Com a ponta dos dedos, levei alguns fios de cabelo que estavam ali, para atrás de sua orelha.
— Eu noto você, Emma . Eu sempre notei! E era exatamente por isso que você me irritava tanto. — respirei fundo — Se eu fosse um pouco mais jovem... — balancei a cabeça em negação, hesitei por um instante, aquela conversa estava me deixando insegura, continuei a falar — Se minha vida não fosse tão complicada. — lamentei, e aquela realidade pela primeira vez, me doeu.
Ela virou o rosto, e beijou carinhosamente a palma de minha mão. Logo em seguida, voltou a me olhar nos olhos. — Então eu teria uma chance ? — perguntou baixo.
Dei um sorriso contido, tentando disfarçar o nervosismo que estava se apossando de mim a cada fala. Fiz novamente um carinho com o polegar em seu rosto. — Todas as chances, Emma! — falei, e minha voz saiu trêmula, eu não estava preparada para admitir algo assim. Não em voz alta, não para ela. Assisti um sorriso modesto, porém satisfeito, surgir em seus lábios.
— É reconfortante saber disso. — falou envergonhada.
Nada respondi, apenas espelhei o seu sorriso, e senti minhas bochechas corarem. Retirei a mão de seu rosto, a repousei no sofá. Estava ficando cada vez mais difícil tê-la tão perto, e não fazer uma besteira. Ela observou meu movimento.
— Eu tive uma aula semana passada... — repousou sua mão sobre a minha. Passou o dedo indicador desenhado o seu contorno. Senti um arrepio, com o calor de seu toque. — Nessa aula, fui apresentada a um poema que dizia que os opostos se distraem. Enquanto os dispostos se atraem. — usou um leve tom de brincadeira novamente.
— Suponho que sua professora seja muito boa. — também brinquei.
— A melhor! — falou voltando a ficar séria. Sorri, com sua resposta.
— E o que mais? — levantei uma sobrancelha.
— É a mulher mais atraente que já vi. — desviei o olhar outra vez, Swan tinha reposta para tudo, e estava conseguindo me deixar sem graça a cada momento.
— Então agora você está me seduzindo? — falei, e fingi um falso espanto. Tentei não demonstrar o abalo que aquela conversa estava causando em mim.
— E está funcionando? — apertou um pouco os olhos. Fingiu me analisar mais de perto.
— Não! — me apressei em responder — qualquer coisa a culpa é do vinho. — sorri debochada.
— Você só tomou um gole. — fez uma expressão desconfiada.
— Swan, a resposta é minha. Eu escolho o que falar! — ela riu alto com a minha negação.
— Como pode ser assim? — balançou a cabeça, desacreditada. Ela sabia o quanto aquela proximidade, e olhares intensos mexiam comigo. Meu corpo falava por mim. Só não iria admitir isso em voz alta. Já tinha dito coisas que não deveria.
— Mesmo eu sendo atraente para você. — voltei ao assunto — Não muda o fato de ser exatamente o oposto.
— Mas também não muda o fato de eu estar disposta! — falou convicta — Só queria que você também estivesse. — senti minha insegurança aumentar, dificilmente me sentia assim. Com a mão que estava sobre a minha, fez um movimento, e entrelaçou os dedos aos meus. Virei o rosto para olhar nossas mãos juntas sobre o sofá. Ela vez o mesmo. Ficamos em silêncio, apenas aproveitando o contato. Ela levantou o seu polegar, e me fez um carinho suave. Sorri, sentindo aquele toque tão simples e bom.
— Mamãe? — escutamos a voz de Henry. E pela distância, meu filho estava descendo a escada.
— Já acordou, meu amor? — perguntei soltando rapidamente a mão de Swan. Ela endireitou a postura.
Levantei e fui ao encontro de Henry. Ele estava sonolento.
Segurei meu filho, e o ajudei a sentar no sofá. Swan levantou do chão.
— É melhor irmos, Emma. Henry está caindo de sono. — ela balançou a cabeça, concordando.
— Eu ajudo a levá-lo para o carro. — falou já se aproximando.
Coloquei meus saltos. Peguei meu celular e a mochila de meu filho. Ele estava mais dormindo que acordado, foi caminhando, mas apoiado à Swan até a porta.
Meu carro não estava longe de sua porta. O abri, ela cuidadosamente ajudou Henry a deitar no banco de trás. Meu filho, já entrou no carro dormindo profundamente.
Ela fechou a porta. Fitei o céu. A noite estava linda. O clima agradável. Voltei a olhá-la.
— Obrigada pela torta. Eu realmente adorei a surpresa! — sorri, e coloquei os cabelos para trás da orelha, me encostei na porta do carro.
— Eu que agradeço pela companhia. — se aproximou, ficando a poucos centímetros de mim, e lá estava aquele olhar de novo. Minhas pernas vacilaram. — Obrigada por me escutar. — devolveu o sorriso.
— Eu devia isso a você, Emma. Não fui justa naquele dia. Você merecia essa conversa. — fui sincera.
— Eu acho que mereço outra coisa também. — falou baixo, e se aproximou ainda mais.
— O quê? — perguntei usando o mesmo tom, já sentindo minha respiração ficar descompassada, por tê-la tão perto.
— Um beijo. — desviou o seu olhar para a minha boca. E eu senti um calor passar pelo meu corpo inteiro.
— Estamos no meio da rua. — disse, e também abaixei o olhar para a sua boca. A vontade que eu tinha de beijá-la naquele momento era imensa.
— Uma pena! — lamentou e mordeu o próprio lábio inferior. Engoli seco. Será que ela não sabia o quão sexy ficava fazendo isso?
— Uma pena! — concordei, ainda hipnotizada, com o olhar fixo em seus lábios.
— Não faz isso! — respirou fundo, parecia tentar se controlar — Sou capaz de te agarrar aqui mesmo. — vi um sorriso safado surgir em seus lábios.
— Você não faria isso. — disse, voltando a olhar em seus olhos, lançando a ela um sorriso tão safado quanto.
— E por isso se aproveita, né? Gosta de provocar. — meneou a cabeça.
— Gosto de provocar sim! — levei um dedo ao passante do shorts jeans que usava. Puxei. Seu corpo balançou levemente, por causa do meu movimento ali — Mas isso não é só provocação. Talvez, hoje você tenha merecido! — minha voz saiu mais rouca que o normal.
— Vou me lembrar disso. — me respondeu com desejo na voz. Parecia estar ficando excitada, e comigo não era diferente. Tamanha era a intensidade de nossa troca de olhares. Fora o seu cheiro, que já afetava o meu juízo.
— Eu preciso ir. — falei, fazendo um esforço enorme para me afastar e quebrar o contato visual. Aquilo já estava perigoso. Mais um pouco, e eu não respondia por mim. — Até amanhã, Emma.
— Até amanhã, Regina! — acompanhou com o olhar eu entrando no carro.
Da calçada, ela me mandou um beijo no ar, que eu recebi com o sorriso tão largo quando o dela.
Fui para casa já sabendo que ia repassar em minha mente cada palavra de nossa conversa durante a madrugada inteira.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cinza das Horas (Swanqueen)
FanficRegina Mills é ex-prefeita de Storybrooke, volta a lecionar Literatura na escola da cidade depois de dois mandatos bem-sucedidos. No seu primeiro dia de aula, conhece Emma Swan, uma jovem atleta, que será sua aluna. Emma não pretende ficar muito tem...