Festa na casa do Ravi

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E então chegou o dia da festa na casa do Ravi.

A Luna como sempre foi se arrumar na minha casa e ficou pronta primeiro. Eu estava indecisa sobre a roupa que iria usar. Acabei optando por um vestido colado e um pouco curto, com alguns bordados na frente.

- Uau... você ta linda, pi - a Luna disse dando uma rodadinha em mim

- Vamos? Meus pais saíram pra jantar e deixaram dinheiro pro uber...

- Vamos...

Chegamos um pouco atrasadas pra variar e a festa já estava lotada. Não imaginei que viria tanta gente. Entramos e encontramos alguns amigos da escola. Ficamos conversando e bebendo. Mas não vi o Ravi.

Depois de algum tempo resolvi procurar por ele pra falar um oi. Vi o que não queria ver.

Ele estava na cozinha. Tinha uma garota morena sentada no balcão e ele estava no meio das suas pernas. Eles se beijavam pra valer e ele apertava sua bunda.

Senti até uma tontura. Não que eu o amasse, mas definitivamente eu gostava dele. E não como amiga.

Quando virei pra voltar pra trás a Luna já entrava na cozinha e falou alto meu nome, fazendo com que o Ravi parasse de beijar a menina e olhasse em nossa direção.

- Oi Lídia, oi Luna... que bom que vieram - ele falou algo no ouvido da menina que saiu a seguir

Então ele veio em nossa direção. Nos cumprimentou com um beijinho no rosto e eu pude sentir seu perfume. Eu amava aquele cheiro que só ele tem.

- Oi Ravi... desculpa interromper - falei sem graça

- Nada, imagina... é uma festa - ele sorriu sem graça sem parar de olhar pra mim - vem, vou mostrar o resto da casa pra vocês - disse segurando minha mão e me arrastando pelo meio da galera

A Luna não veio atrás, claro. Ela era ótima pra sair de fininho.

Fomos pra parte externa da casa dele, onde tinha uma piscina bem bonita com uma área de churrasco...

- Fiquei feliz que você veio. Digo, você e sua prima...

- Ah, sabe... a gente não tinha outra coisa mais importante pra fazer... - disse ironicamente

- Engraçadinha... - ele disse se aproximando e colocando uma mexa de cabelo atrás da minha orelha

Porque ele fez isso meu Deus? Não seríamos só amigos? Isso dificulta, é muito.

- Eu, ah... vou procurar a Luna... a gente se vê por ai... - falei saindo em seguida

- Ah, ta... - ele falou sem graça

Depois disso vi ele mais algumas vezes, já com outra garota... Me senti mal de ter vindo nessa festa. Mas, se eu ia ver ele sempre, estudávamos na mesma escola, frequentaríamos as mesmas festas, eu teria que me acostumar a ver ele com outras garotas. Éramos só amigos, e não seríamos nada além disso.

Depois de um tempo a festa foi chegando ao fim e eu já estava exausta. A Luna veio até mim junto com um gatinho que ela tava ficando.

- Pi... eu vou subir com ele rapidinho, ta? Você me espera? - falou piscando pra mim

Meu Deus, que vadia.

- Luna, pelo amor de Deus. A festa já praticamente acabou. Não podemos ir embora?

- Não, não podemos. É rápido, me espera aqui, sentadinha no sofá. Ou no quarto do Ravi - falou me provocando

- Vai se fuder garota

- Love you - ela falou saindo agarrada no menino

Que droga, sempre era assim. Pelo menos antes eu tinha o Otávio pra me fazer companhia.

Depois de um tempo, com a casa ainda mais vazia, eu escutei um barulho de algo quebrando vindo da cozinha. Fui ver o que era e encontrei o Ravi juntando alguns cacos. Tinha sangue nas mãos dele.

- Ei, o que aconteceu? Espera, eu te ajudo - disse indo em sua direção e pegando um pano pra limpar o sangue

- Não é nada, gata. Só deixei um copo cair e cortei a mão - ele estava bastante alterado, custando parar em pé

- Meu Deus, não para de sair sangue... você tem uma caixinha de curativos?

- Sim, mas ta lá em cima em um dos banheiros...

- Vou subir e pegar então, você me espera aqui?

- Eu acho que prefiro ir pro meu quarto, não to muito bem - disse querendo vomitar

- Vem, eu te ajudo...

Apoiei ele em mim e subimos as escadas. Chegamos até o seu quarto. Era um quarto comum, ainda pouco decorado. Tinham algumas caixas pelo chão com alguns objetos.

Ajudei ele a tirar o tênis e a roupa que estava com bebidas derramadas. Ele ficou ali sentado na minha frente, só de box preta. Gelei na hora. Ele era terrivelmente maravilhoso.

Ajudei ele a se deitar e fui até o banheiro procurar a caixinha de primeiros socorros. Voltei, limpei seu machucado e coloquei um band-aid. Ele já estava quase dormindo.

- Pega por favor um remédio de dor de cabeça? - pediu

- Claro... - ajudei ele a tomar o remédio e ele foi se acomodando pra dormir

- Não vai embora, fica aqui... por favor? - ele pediu segurando a minha mão

- Você acha que seria uma boa ideia?

- Sim, amigos cuidam um do outro - ele riu fraco de olhos fechados

Achei que ele ia dormir, mas o garoto começou a fazer ânsia de vômito. Ajudei ele a chegar ao banheiro e depois a se limpar. Ta ai uma intimidade que só "grandes amigos" tem.

- Eu vou ficar... sem condições deixar você aqui sozinho assim... onde seus pais estão?

- Viajaram pra resolver umas coisas onde morávamos... só voltam na segunda... - falou fechando os olhos e adormecendo

Fiquei ali, estática, sem saber o que fazer. Eu deveria me deitar ao lado dele na cama?

Meu celular vibrou, era a Luna. Expliquei tudo que aconteceu e ela disse que iria pra casa sozinha então.

Enviei uma mensagem pra minha mãe falando tudo que tinha acontecido, sem mentir, e ela pediu que eu tomasse cuidado e qualquer coisa ligasse, ela ficaria com o celular ligado.

Depois de um tempinho tomei coragem e me deitei ao lado dele. Ele dormia feito uma pedra, provavelmente amanhã não se lembraria de nada. Pelo menos ele parou de passar mal.

Comecei a observa-lo e vi que ele tinha uma tatuagem bem bonita na barriga. Instintivamente trilhei meus dedos por cima da tatuagem. Por um momento imaginei se ele fosse meu, o meu garoto. Imaginei como seria bom ter ele me abraçando e me beijando sempre. Poder sentir seu cheiro, seus dedos, sua lingua.

Aff, burra, chega. Tirei minha mão da sua barriga e fechei os olhos. Mas não consegui dormir.

Estava muito calor e minha roupa incomodava muito. Relutei até decidir tirá-la ficando só de calcinha e sutiã. Amanhã eu acordaria antes dele, vestiria minha roupa e iria embora. Ninguém entraria no quarto dele mesmo.

Me senti mais confortável e consegui pegar no sono...

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora