O pior dia da minha vida

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Durante o café da manhã foi difícil encarar o Gael. Ele não merecia se apaixonar por uma pessoa como eu. Fiquei me culpando internamente.

Olhei pra mesa ao lado e vi Ravi comendo ao lado da Aurora. Meu coração acelerou quando lembrei do que ele disse na ligação de vídeo. Ele me olhou de relance e sorriu malicioso, sabia que era isso que eu estava pensando.

- O que acha, Li? - Gael me tirou do transe apertando meu joelho por baixo da mesa

- Han? Oi? Desculpa, estava com a cabeça longe - disse sem graça

- Os gêmeos nos chamaram pra um passeio cultural...

- Claro, pode ser! - sorri pra ele

Sei como funciona esse lance de adolescentes, mas definitivamente não era isso que esperava pra minha vida. Sou a vadia vilã que ilude o mocinho.

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Estávamos de volta em casa. O restante da viagem seguir normalmente. Ravi me mandava mensagens aleatórias vez ou outra, e até nos pegamos uma vez nas escadas depois que todos foram dormir.

Mas agora eu tinha um dilema. Ir ou não com ele ao baile.

- O que o seu coração quer? - Luna perguntou pausando o filme pela milésima vez...

- Meu coração é burro, você sabe. É óbvio que quero ir com ele...

- Então vai, pi. Só se vive uma vez. Vai partir o coração do Gael, mas não é justo você não aceitar somente por pena dele. É a sua vida, não a dele.

- Você é muito insensível - disse jogando uma almofada na cara dela - a questão é, não ficarei com o Ravi depois disso. Mas o Gael vai permanecer aqui, entende? Se eu for com o Ravi no baile já era alguma chance de isso entre eu e o Gael dar certo...

- Mas você disse que não quer um relacionamento...

- Não quero mesmo, agora. Mas ano que vem, quando eu não ver mais o Ravi, talvez as coisas mudem. Talvez eu me apaixone pelo Gael, sei lá... não sei se vale trocar um possível futuro por uma noite de baile...

- Você precisa se decidir... temos exatas quatro semanas até o baile...

- Sim. Eu sei!

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Dois dias depois

Cheguei da escola muito cansada e resolvi tirar uma soneca. Acordei com meus pais me chamando pra conversar.

Quando sentei no sofá meu pai estava com os olhos inchados de tanto chorar. Minha mãe não chorava, mas era notável que ela estava abalada. Senti um medo muito grande sem ao menos saber o que estava acontecendo.

- Mãe? Pai? O que foi - disse me levantando do sofá preocupada

- Lídia... não tem um jeito mais fácil de te falar o que precisamos te falar - minha mãe disse segurando o choro, e nesse momento meu pai começou a chorar muito

- Então diz, pelo amor de Deus. Estou preocupada...

- Filha... fui diagnosticada com câncer de mama - minha mãe disse deixando algumas lágrimas caírem

Senti como se tivesse levado um soco no estômago. Fiquei sem reação. Me sentei no sofá e olhei pra ela com desespero.

- Como? Quando? Tem cura não tem?

- Vamos iniciar o tratamento o quanto antes, mas já está em estágio muito avançado. As chances são mínimas - nesse momento minha mae desabou, e eu só consegui ir até ela e abraçar com todas as minhas forças

- Papai, ela vai ficar bem, não vai? - olhei para o meu pai com um pedido de socorro

- Eu não sei, filha. Eu não sei - disse se levantando chorando de soluçar

Achei que minha cabeça fosse explodir. Esse era o pior dia da minha vida.

- Estamos indo amanhã pro exterior. Vamos buscar o melhor tratamento possível. Precisamos que você fique, termine esse ano letivo e cuide de tudo aqui pra gente... - meu pai falou um pouco mais calmo

- Eu quero ir junto!

- Filha, por favor, preciso que entenda. Precisamos que fique... você ir só vai te atrapalhar!

Depois de um tempo na sala chorando e conversando, fui para o meu quarto. Tomei um banho demorado e deitei na minha cama. Fechei os olhos bem forte torcendo para que aquilo fosse um pesadelo e que eu acordasse o mais rápido possível.

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora