Meses depois

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Nathan passou a amar o Ravi. Ainda não contamos a verdade. A psicóloga pediu que esperássemos mais um pouco. 

As únicas pessoas que sabiam, além de nós dois, era meu pai e a Luna. Meu pai disse que já havia notado muita semelhança entre os dois, mas que achou que era coisa da sua cabeça. Ambos respeitavam nossa decisão de manter isso em segredo e nunca tocavam nesse assunto. 

Ele estava sempre lá em casa, almoçando ou jantando. Levava Nate na escola de vez em quando, levava no parque, pra tomar sorvete. Viraram grandes amigos. Pra Nate, Ravi era um grande amigo da mamãe. 

Eu estava feliz com a proximidade dos dois, com o que eles vinham construindo. Evitava pensar em como contaríamos a verdade pra ele, porque um dia precisaria acontecer. Mas tentava viver um dia de cada vez sem me sentir sufocada. 

Eu e Ravi mantínhamos distância. Vivíamos como amigos mesmo. O único assunto que tínhamos era sobre Nate. Mas eu via a forma como ele me olhava as vezes. Sabia que ele também sentia um leve "choque" quando sem querer nos esbarrávamos com força. Era tentador estar vivendo tanto com ele sem poder toca-lo. 

A festa de aniversário de Nate se aproximava. E junto com ela o primeiro ano da morte de Marcus. 

- Já combinei tudo com a decoradora... - Ravi me chamou enquanto eu terminava o jantar

- Que bom - falei - geralmente eu gosto de ficar responsável por tudo, mas dessa vez não tenho cabeça... 

- Também queria falar sobre algo com você... 

- Sim? 

- Você se importa se eu trouxer uma pessoa? - Ravi perguntou

Meu coração acelerou. Quem seria essa pessoa? sua mãe? seu pai? uma... NAMORADA? 

- Uma pessoa? 

- Eu é... estou conhecendo alguém. Por enquanto não é nada tão sério, mas em breve será. E quero que Nate a conheça, que faça parte disso, sabe? 

- Eu conheço ela? - perguntei fingindo estar calma

- Não conhece... mas olha, se achar melhor não trazer, eu vou entender, juro mesmo... é só que tudo está fluindo tão bem que eu gostaria de inclui-la nessa parte da minha vida - falou sorrindo fraco

- Ah sim, claro, pode trazer. Você também está bancando a festa, tem direito de trazer quem achar que deve trazer - falei me virando e mexendo na comida 

- Então ta bom. Maria, ela se chama Maria...

- Legal - murmurei

Era normal ter ciúmes? Porque eu me sentia com um extremo ciúmes nesse momento. Ravi não era nada além de pai do Nathan. Eu era uma viúva e ainda considerava cedo para me envolver com alguém. Na verdade eu nem sentia vontade, pra ser sincera. Mas não posso negar que imaginei a gente vivendo como uma família no futuro. Não sabia se Ravi mantinha sentimentos por mim, mas parecia certo a gente ser uma família um dia. 

- Lídia, ta queimando... - falou me tirando dos meus pensamentos

- Cacete... 

- Você ta bem? é porque eu falei que estou com alguém? - me olhou confuso

- O que? ta louco? não... você é livre, Ravi. É solteiro, pode ficar com quem quiser. Eu só estava pensando em umas pendências que tenho pra resolver e acabei me distraindo... 

- Hum...

- O que? não acredita em mim? acha que eu to com o que? ciúmes? - falei furiosa

- Eu não falei nada. Não pensei que você estava com ciúmes, mas agora estou pensando. Porque é exatamente essa carinha que você faz - falou rindo de mim 

Fechei os olhos e suspirei fundo. 

- Não tenho ciúmes de você. Você agora é só o pai do Nathan - falei séria o encarando

Vi quando seu sorriso sumiu do rosto. 

- Claro, eu sei!

- Vou chamar ele pra jantar... - falei saindo da cozinha


O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora