Amigos

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Ravi definitivamente é o amor da minha vida. Nunca senti e duvido que algum dia eu vá sentir com alguém tudo que sinto com ele.

Não é só o lance do namoro. Somos amigos. Conversamos sobre tudo, e tudo flui muito bem.

Porém, após eu descobrir sobre a maconha e de tudo que vivemos nos últimos tempos, eu questionei se o nosso namoro valeria a minha sanidade mental.

- Posso entrar? - Ravi escorou na porta do meu quarto

Era a primeira vez que estávamos sozinhos depois do lance da lanchonete.

- Claro, entra aí

Ravi caminhou até onde eu estava e sentou ao meu lado. Estávamos os dois com o coração partido, isso era nítido.

- Como você está? Tem pensado na gente?

- É só o que penso o tempo todo - disse encarando seus olhos, que estavam mais lindos que o normal

Droga.

- E chegou a alguma conclusão?

- Na verdade nunca vou chegar. Eu te amo tanto que chega a doer. Mas sinceramente não estou preparada pra viver um relacionamento como você quer. Me conheço o suficiente pra saber que vou sofrer diariamente...

- Eu imaginei que falaria isso... e eu também preciso te falar uma coisa...

- O que?

Ravi desviou o olhar e encarou meu guarda-roupa.

- Recebi um convite de um velho amigo do meu pai. Ele me chamou pra trabalhar na empresa dele quando a escola acabar. Ele sabe que não pretendo fazer faculdade por agora e me ofereceu uma oportunidade. Ele tem uma empresa grande de motos, algo que é uma das minhas paixões inclusive - voltou a me encarar

- Você tem paixões por motos? Eu nem sabia - fingi estar calma

- Sim... depois do acidente da Luísa nunca mais me interessei, foi algo que ficou adormecido. Mas meu pai só está esperando eu fazer 18 anos pra me dar uma... sempre íamos a campeonatos, corridas, etc...

- Uau... quer dizer, é uma boa oportunidade...

- Sim... ele vende motos para colecionadores, pessoas que realmente são apaixonadas. Na verdade a empresa também assessora os campeonatos, enfim, tudo que envolva motos. É um trabalho bem legal, uma oportunidade única.

- É na sua antiga cidade, né?

- Sim...

- Então acho que você deve ir. Vai ser muito bom pra você... - falei sorrindo sem graça

- E a gente?

- Continuamos amigos, pode ser? - o encarei com os olhos marejados

- Também imaginei que falaria isso - deixou uma lágrima cair - não quero que esqueça da nossa história, Lídia. Não quero que esqueça do quanto foi e é amada por mim - segurou minha mão

- Não vou esquecer. Você é o amor da minha vida, Ravi. Só somos muito diferentes e estamos em fases diferentes da nossa vida...

- O que eu mais quero é que você seja feliz. Não quero te ver sofrer...

- Vai doer mas vou superar...

Ravi me encarou sério e me beijou. Sem me avisar. Só iniciou um beijo calmo, cheio de desejo. Um beijo de despedida.

Só paramos por falta de ar.

- Não sei se consigo ser só seu amigo... gosto tanto de beijar sua boca - riu sem graça

- Podemos nos beijar de vez em quando, quem sabe - falei brincando com ele

- Eu te amo, ta? - disse colando nossas testas

- Eu te amo!

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora