Fim?

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O filho da mãe estava me fodendo de todas as formas possíveis há algumas horas e agora está fodendo com o meu psicológico.

Ele tirou as mãos da mesa e encostou suas costas no banco. Seu olhar se desviou do meu e ele olhou pela janela da lanchonete.

Era minha hora de falar.

- Você disse que seu amor era meu... algumas horas atrás - o encarei  - sinceramente não tenho muito o que dizer. Quer dizer... sermos mais leves seria você poder livremente fumar maconha com a Aurora, por exemplo?

- Eu não menti. Meu amor é todo seu, Lídia. Desculpa se não sei me expressar. Não estou terminando com você. E sobre a Aurora, sim. Mas não só isso. Não isso especificamente. Linda, vou ser bem sincero com você. Eu não tinha intenção de me apaixonar. Mas estou apaixonado por você. Mas mesmo assim os meus planos de viver intensamente não mudaram. Quero você inclusa neles, mas não quero ter que dar satisfação de cada passo que eu der. Não quero me sentir culpado de estar fazendo algo que quero no momento, desde que isso não inclua te trair, obviamente.

- Ta tudo muito confuso, Ravi. Não sei o que realmente espera de mim. Você quer um namoro aberto?

- Não sei o que entende como namoro aberto. Não quero ficar com outras pessoas, Lídia. Eu só quero você. Mas quero poder ter amigas, sim, de estar com elas sem que você pense que tenho segundas intenções. Quero que confie em mim como confio em você. Quero um namoro leve, sem cobranças. Somos livres, somos jovens, não precisamos levar tudo tão a sério.

- Somos muito diferentes, Ravi - falei com os olhos cheios de lágrimas

- Ei, não chora... vem cá - suas mãos voltaram pra mesa e procuraram novamente as minhas

- Não, ta tudo bem. Eu só não vejo uma saída pra tudo isso a não ser a gente terminar o namoro... é tudo tão confuso, não te entendo, nem sei se quero entender... - falei tirando minhas mãos e limpando algumas lágrimas que cairam

- Você pode pensar com carinho? Não termina comigo agora, por favor... vamos esfriar a cabeça, pode ser? - me olhou com os olhos cheio de água

- Tudo bem. Vamos pagar e ir embora, quero ir pra casa - o olhei séria

- Ta bem!

Voltamos pra casa da Luna em silencio. Precisava pegar minhas coisas antes de ir pra casa.

- Não quer mesmo que te deixe na sua casa? Posso esperar você pegar suas coisas...

- Não, tudo bem. Eu vou ver como a Luna está e se precisa de algo. Depois ligo pra minha mãe me buscar. Pode ir pra casa!

- Então ta... mais tarde te ligo, pode ser? - me olhou sem graça

- Pode... tchau - me curvei pra dar um beijo na sua bochecha, mas ele virou o rosto e me beijou na boca

- Tchau!

Sai do carro bem confusa. Como é esse lance de amar alguém mas querer ser livre? Viver intensamente sem dar satisfações pra pessoa que você se relaciona?

Eu nunca quis que nosso relacionamento fosse uma prisão. Mas não tenho maturidade pra certas liberdades que o Ravi tanto quer.

Entrei e procurei a Luna, encontrei ela recolhendo alguns lixos que estavam próximos a piscina.

- Pi, graças a Deus você ta bem - abracei ela por tras

- Haham, tô otima! - disse se virando pra mim

Luna estava de óculos de sol e nitidamente com uma ressaca nunca vista antes.

- Caramba, ein - segurei o riso

- Isso, pode rir das desgraças alheias - disse voltando a recolher o lixo

- Você precisa de ajuda? - perguntei

- Não, já to terminando. O Gael ta te procurando. Disse pra ele subir as escadas e te procurar lá em cima!

- O Gael? O que ele quer?

- Sei lá - disse dando de ombros e voltando a recolher a bagunça.

Entrei dentro da casa e quando ia subir as escadas Gael surgiu no topo dela.

- Ei você... estava te procurando... - falou

- A Luna me disse... aconteceu alguma coisa? ta tudo bem?

- Sim, ta sim. Só vim ver se você estava bem. Você sumiu ontem da festa... e também pra te chamar pra almoçar...

- Eu to bem sim, Gael. Quer dizer... - suspirei - eu já almocei, mas posso te fazer companhia...

- Ta bem, vou pedir um uber!

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- Uau, Li... nem sei o que dizer - Gael disse colocando algumas batatas fritas na boca após eu contar todo o meu dilema.

- Você acha que daria certo? Um namoro assim?

- Sinceramente não sei, isso é muito pessoal. Mas pode ser que dê... você só vai saber se tentar. E já que você ama tanto ele, acho que vale a pena tentar...

- Não sei se tô afim de tentar - disse descansando minhas costas na cadeira

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora