Indiferença

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Meu pai batia na porta há alguns segundos e eu entrei em desespero.

Lá estávamos nós, pela segunda vez, acordando de conchinha sem sequer termos nos beijado.

- Ravi acorda, pelo amor de Deus - falei bem baixinho

- Ah não, vem aqui...  disse me puxando pra mais perto dele

- É sério, garoto, meu pai vai me matar e te matar depois. Acorda...

Ele sentou calmamente na cama, processando o que estava acontecendo.

- Pai, já estou indo. Só um minuto por favor - berrei

- Eu acho que só faço merda quando estou bêbado - falou passando as mãos pelo rosto

- Sim, é isso ai. Agora coloca seu tênis e pula a janela!

- Pular a janela? Eu não posso só sair pela porta da frente?

- E eu vou falar o que para os meus pais?

- Tem razão...

- Então anda... Assim que eu sair e começar a conversar com eles lá embaixo você vai, sem fazer barulho!

- Lídia... - ele me segurou pela mão

- Oi...

- Sobre ontem...

- Ta tudo bem, Ravi. Você estava bêbado, não aconteceu nada. Você só queria companhia pra dormir, certo?

- É... certo!

- Então tchau. Te mando mensagem mais tarde!

Sai pela porta e olhei mais uma vez pra trás memorizando o quanto ele fica lindo com cara de sono. Como eu queria que ele tivesse dormido ali sóbrio, sabendo o porquê de estar fazendo aquilo.

Meus pais me esperavam já comendo. Tomamos o café e depois fomos ver tv.

Eu achei melhor esperar ele me mandar mensagem. Mas ele não mandou.

No outro dia na escola ele parecia distante quando me viu chegar. Só acenou e sorriu de longe, não veio até mim.

Contei tudo pra Luna e ela já veio cheia das teorias.

- Ele gosta de você, é isso. Não aceitou ver você saindo com outro e foi encher a cara. Meu Deus, pi, ele te ama!

- Me ama? Qual é, Luna. Não vou cair nesse papo. Não agora que estou abrindo meu coração pra outra pessoa...

- Escuta o que to te dizendo... quando ele souber que você vai transar com o Artur ele vai surtar...

- Eu não sei se vou transar com o Artur...

- Ai meu Deus, desisto de você, garota!

O sinal bateu e voltamos pra aula. Ele também não passou o intervalo com a gente.

Chequei meu celular algumas vezes, mas nada dele mandar mensagem.

Mais tarde eu já estava a beira de um ataque de nervos. Peguei meu celular e digitei uma mensagem

- Ravi... podemos conversar?

Ele visualizou e não respondeu.

Depois de uns 20 minutos meu celular vibrou...

- Claro, ta tudo bem?

- Eu que te pergunto... você mal me olhou na escola. Não veio sentar com a gente como de costume...

- Eu só... estou sem graça com o que fiz sábado, Lídia. Me desculpa!

- Podemos falar sobre isso?

- Não sei se podemos... não temos muito o que falar

- Porque você veio até minha casa?

- Porque...

...

...

...

- Porque eu estava bêbado!

- Ah...

- Eu não costumo pensar direito quando estou bêbado...

- Tudo bem, Ravi. Continuamos amigos... esquece o que aconteceu sábado.

- Me desculpa mesmo?

- Sim, claro...

Bloqueei o celular e fui tomar banho.

No fundo eu queria que ele confessasse que veio porque gosta de mim. Porque não suporta me ver com outra pessoa. Mas não era nada disso.

Ele só veio porque estava bêbado!

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora