Seis meses

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Depois que Ravi foi embora nós continuamos nos falando. Por um mês mais ou menos nos falávamos praticamente todos os dias. Por mensagem ou até mesmo ligação de vídeo. Mantínhamos uma amizade e algumas vezes rolava algo a mais pelo telefone, mas nunca mais nos vimos pessoalmente. Ele dizia que me avisaria quando fosse vir.

Aos poucos fomos nos afastando. Não aconteceu nada, nós simplesmente fomos nos falando menos. Talvez a correria do dia a dia e até mesmo a doença da minha mãe me afastava do celular. Quando minha mãe morreu eu não falava com ele há dias, muitos dias. E depois que ignorei e pedi que ele respeitasse o meu luto nunca mais trocamos mensagens, nenhuma.

A morte da minha mãe trouxe depressão e ansiedade pra minha vida. Não foi só o fato dela ter morrido, mas sim em ver como meu pai ficou. Minha madrinha se desdobrav pra cuidar da gente e nos obrigou a ir em médicos e fazer terapia. Ajuda, é claro, mas eu queria achar um jeito de sentir dor. Então comecei a me tatuar. Já são dezenove tatuagens, vinte com aquela que fiz pro Ravi. Também pintei os meus cabelos de preto e emagreci muito. Então quando digo que não me reconheço no espelho é sobre isso que estou falando. Aquela Lídia meiga e delicada, tímida e que sempre passava despercebida não existe mais. Agora por onde eu passo todos me olham. E isso não me intimida. Na verdade não me importa o que os outros pensam. Não me importa o que ninguém pensa.

Eu e Gael somos praticamente namorados. Não gosto de rotular, mas é o que todos dizem sobre a gente. Transamos pela primeira vez, finalmente, há poucas semanas, em um deposito de um bar clandestino que vendia bebidas para menores de idade. Estávamos bêbados, obviamente, e no outro dia ele se sentiu péssimo. Eu não. Eu queria, ele também, e tava tudo certo. Aliás, já tinha passado da hora. Mas ele tem aquele lance de gostar de mim e ser certinho demais, então me mandou flores e chocolate no outro dia. Tadinho.

Atualmente

- A Luna chamou a gente pro Grils, você quer ir? - Gael me perguntou deitado na minha cama

Eu tinha acabado de tomar banho e estava com a toalha enrolada no corpo, e com uma outra secava meu cabelo.

- Pode ser, to com fome mesmo... - falei dando de ombros

Em menos de trinta minutos chegamos no Grils. Luna e Mike já nos esperavam na mesa de sempre, a mesa que dá visão para a entrada da lanchonete.

- Oi pi, oi Gael... como estão? - Luna perguntou

- A mesma merda de sempre - falei me sentando e sorrindo sem mostrar os dentes

- Quando será que essa fase dark vai passar? - Luna disse revirando os olhos

- Não é uma fase dark. Eu só mudei, ué. Não sou a mesma Lídia de sempre. Não consigo mais ser aquela garota de antes, só isso...

- Já pedimos batata, deve estar pra chegar - disse Mike tentando quebrar o clima

Ficamos conversando sobre coisas aleatórias quando de repente ouvimos a porta abrir e conversinhas pela lanchonete. Olhei pra porta e era ele. Ravi.

Ele estava diferente, mais forte, com certeza malhou. Idiota, achei que não tinha como ficar mais gostoso. Com ele estavam mais duas garotas e três garotos. Uma das garotas me chamou a atenção e senti meu coração sair do corpo. Era ela, Luísa.

Os olhos do Ravi se encontraram com os meus e eu até prendi a respiração. Seis meses. Seis meses que eu não via esses olhos pessoalmente. Seis meses que eu não sentia meu corpo se arrepiar e meu coração acelerar daquela forma. Quase engasguei com a batata, até ser tirada do transe pela Luna.

- Respira, ta tudo bem...

- Já volto, preciso ir no banheiro - falei me levantando depressa e quase correndo para o banheiro

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Oi gente... como dói matar um personagem 🥺 ainda mais minha Ísis.

Mas essa história aqui tem muita coisa pra acontecer e eu precisava de um boom pra dar uma mexida.

Espero que estejam gostando. Sei que a gente sempre torce pra tudo dar certo, mas uma boa história precisa de dramas e reviravoltas.

Continuem lendo porque MUITA coisa ainda vai acontecer ❤️

Ah... posso fazer um bônus, um capítulo do Lucca se despedindo da Isis o que acham? querem?

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora