Seis anos

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Seis anos e alguns meses depois.

Não sei nem como começar a contar pra vocês, mas hoje é o aniversário de seis anos do meu filho, Nathan. 

Alguns meses depois de tudo aquilo que aconteceu no bar, eu e Marcus descobrimos que estávamos grávidos. Ficamos muito surpresos, porém muito felizes. É como se tudo tivesse um propósito. 

Nos casamos no mês seguinte. Queríamos que quando nosso bebê nascesse já estivéssemos juntos oficialmente e na nossa casa. Marcus era muito correto e muito família, não poderia ter sido diferente. 

A felicidade dele quando soube da notícia foi uma das coisas mais lindas que já vi na vida. Só perde pro dia do nascimento de Nate. 

Eu era muito sortuda por ter encontrado um cara tão maravilhoso. Nos dávamos muito bem, raramente discutíamos. Nate era apaixonado pelo pai, as vezes me dava até raiva, porque ele parecia amar mais o pai do que a mim. Sei que é coisa da minha cabeça, que ele também me ama muito, mas era coisa de outro mundo a conexão dos dois. Era coisa de alma.  

Bom, nunca mais vi o Ravi. Ele nunca veio atrás de mim, cumpriu sua promessa, e foi melhor assim. Não sei absolutamente nada da sua vida, porque não tenho mais redes sociais. Preferi me manter afastada. 

Quando Nate tinha dois anos voltamos a morar no Brasil. Queria que meu filho crescesse pertinho do meu pai, porque sabia que uma criança seria tudo pra ele naquele momento. Ele nunca superou a morte da minha mãe e vivia sempre sozinho. E de fato, Nate preencheu os dias do meu pai com muito amor e muitos sorrisos. Aquilo me fazia sentir realizada. 

- Vem, filho, vamos cantar parabéns... 

Nate convidou alguns amiguinhos  da escola, entre eles Nic, "seu melhor amigo", segundo ele mesmo. Era um fofo. 

Nos reunimos em volta da mesa e cantamos parabéns. Nate apagou as velinhas e logo abraçou o pai. A festa rolou normalmente e quando todos foram embora eu já estava exausta. 

- Não sinto meus pés - falei me deitando ao lado de Marcus. Estávamos prontos pra dormir.

- Precisa descansar, amor. Falei pra você contratar uma decoradora... - falou me puxando pro seu peito

- Você sabe que eu amo fazer  tudo sozinha, cuidar de todos os detalhes... amanhã já amanheço descansada  - falei roçando meu nariz em seu pescoço

- Amanhã vou precisar sair um pouco antes, tudo bem? Tenho uma reunião importante logo no primeiro horário e antes preciso passar na casa do Rogério pra pegar uns papéis importantes. Ele está doente, não vai poder ir... 

- Tudo bem... levo Nate na escola...

- Boa noite, linda. Durma bem... e não esquece que eu te amo, sou louco por você... - falou beijando o topo da minha cabeça

- Boa noite, meu bem... eu também te amo - falei me aninhando e fechando meus olhos

...........................

Na manhã seguinte acordei como de costume. Preparei o café da manhã e fui chamar Nate...

- Acorda, meu amor... hora de ir pra escola - falei beijando a pontinha do seu nariz. Nate sorriu ainda de olhos fechados

- Bom dia, mamãe... porque o papai não veio me acordar hoje? 

- Precisou sair mais cedo pra trabalhar, mas deixou um bilhetinho perto do seu abajur, olha ai - falei me levantando 

Sempre que precisava sair antes do horário Marcus deixava um bilhetinho desejando bom dia pra Nate e dizendo o quanto o amava. Ele era o melhor pai do mundo. 

Fui até a cozinha e vi algumas ligações perdidas no meu celular. Assutei e retornei. 

- Oi, senhora Lídia? 

- Sim, sou eu... 

- Meu nome é Maria. O seu esposo sofreu um acidente e está sendo encaminhado para o hospital municipal. Seu número estava salvo nos contatos de emergência e por isso liguei pra senhora...

- É grave? ele está bem? estou indo pra lá... 

- Não sei te informar, senhora... 

- Tudo bem, obrigada!

Desliguei o celular desesperada.  Eu estava sem chão. Chamei a Luna pra levar Nate na escola e fui o mais rápido que pude para o hospital.


O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora