Chuva

126 7 0
                                    

Era véspera do aniversário de Nathan e eu e Ravi estávamos finalizando alguns detalhes em casa. Nathan tinha ido ficar na casa do meu pai. Estávamos só nós dois em casa e eu odiava isso, porque parecia que uma nuvem de tensão sexual pairava sobre a minha cabeça.

- Pode pegar um bastão de cola quente no armário da sala por favor? comprei e guardei lá... - falei concentrada

- Claro, pera ai...

Chovia forte e tivemos que mudar alguns detalhes, alugar uma tenda pra colocar no jardim, dispensar alguns brinquedos infláveis... De repente um raio forte caiu e a energia acabou. Levei um susto, eu odiava chuvas fortes, raios e trovões. 

- Ravi? - levantei e fui procurar meu celular pra ligar a lanterna, mas não encontrei

- Oi, estou aqui... - Ravi falou 

Caminhei em sua direção, mesmo no escuro, e dei de topa com seu peitoral gostoso. Quer dizer, malhado. 

- Tenho medo - falei um pouco baixo - não encontrei meu celular pra ligar a lanterna

- Fica calma, tô aqui com você - falou  me abraçando

Começaram a dar mais trovões fortes e eu me assustava cada vez que acontecia, apertando ainda mais o abraço. 

- Vamos fazer assim... vou cantar pra você, se concentra em mim... 

Ravi começou a cantarolar uma música em inglês. Ele não era nenhum cantor profissional, mas se saia muito bem. 

Me concentrei em sua voz e fui me acalmando aos poucos. Meu corpo foi relaxando e eu me aninhei no seu peito. Ravi passava levemente suas mãos pelas minhas costas. Sem ao menos perceber eu estava com uma mão na nuca dele, também acariciando. Foi tão natural que quando me dei conta eu parei o movimento, envergonhada. 

- Não para, continua, por favor - ele pediu baixinho

Desencostei do seu peito e nossas testas se encostaram. Estava escuro mas os clarões no céu vez ou outra nos iluminava. Ravi continuou cantando, mas dessa vez levou suas mãos até minha cintura, dando um leve apertão. Eu não podia arfar, gemer, ou o que quer que seja, porque podia parecer que eu queria muito que ele me beijasse. Eu queria, obviamente, mas não queria que ele soubesse. E também ele tinha alguém na vida dele, não era justo. 

Ravi beijou suavemente a minha bochecha e depois começou a cantar sussurrando no meu ouvido. Eu estava excitada, embora fosse muito errado. Já sentia minha calcinha molhar. Não resisti e puxei levemente seus cabelos. Ele também apertou levemente minha cintura. 

- Sei que é errado - falou - mas eu queria muito te beijar agora

Quando ele falou isso eu arfei, não resisti. E ele sabia que eu também queria. Na verdade ele sabia que eu queria muito mais que um beijo. Todos os pelos do meu corpo estavam arrepiados com o toque das suas mãos. 

- Mas também queria muito tirar a sua roupa e beijar cada pedacinho de você, amor - falou com a voz rouca 

A luz voltou. Sim, a luz voltou. 

Me afastei rapidamente dele e o encarei confusa. Ele passou a mão pelo rosto, não conseguia me encarar. 

- Não posso fazer isso com a Maria - falou ainda sem me encarar - desculpa... 

- Nãoo, quer dizer, sim, você está certo... onde já se viu, o que estávamos pensando? somos amigos, nada a ver... - falei brincando tentando quebrar o clima

- Na verdade tem tudo a ver - falou dessa vez me encarando sério - até quando vamos fingir que não sentimos nada um pelo outro? 

- Ravi, não daria certo. Nunca deu. Esquece, ta? foi uma recaída, não vai voltar acontecer! - falei firme 

Ravi suspirou e voltou a fazer o que fazia. 

Logo terminamos, ainda em silêncio. Ravi se despediu e seguiu pra casa. 

Eu fui até a cozinha e abri uma garrafa de vinho. 


O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora