Exame

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Uma semana depois estávamos no laboratório aguardando o resultado do exame. Nate estava com meu pai, preferi manter ele longe de tudo isso. Se Ravi fosse de fato seu pai, não seria o momento ideal pra contar pra ele. 

- Lídia... posso falar com você rapidinho lá fora? - Ravi me chamou quebrando o silêncio ensurdecedor 

- Sim... - falei saindo do transe

Eu precisava de ar. Aquela ansiedade estava me matando. 

- Você está nervosa, não é? - ele perguntou e eu apenas balancei a cabeça dizendo que sim - vem cá - disse me puxando pra um abraço

Me aninhei em seus braços, mesmo estando com muita mágoa e confusão dentro do meu coração. Suspirei fundo e enxuguei rapidamente algumas lágrimas que teimaram em cair. Alguns segundos depois nos afastamos e ele segurou meu rosto com as mãos. 

- Eu tenho medo de não ser um bom pai - falou rápido, como se estivesse guardando aquilo por muito tempo - quero dizer, independente do resultado do exame... a ideia de ter que criar uma outra pessoa e ser exemplo pra ela me deixa apavorado. Porque não sou exemplo pra ninguém. Custo dar conta de mim. Quando pensamos que você estava grávida, quando estávamos juntos, eu entrei em desespero. Com certeza iria amar um filho com toda a minha força, mas não sei como lidar, entende? E... se Nathan for meu filho, eu perdi tudo - nesse momento seus olhos marejaram - sei que ele considera Marcus o pai e isso nunca vai mudar. E isso me deixa mais desesperado ainda. Tenho medo que ele me rejeite. Mas, de qualquer forma, preciso que saiba que se ele for meu filho, farei o impossível por ele. E também que se ele for meu filho, ainda bem que é você a mãe - meus olhos que antes encaravam o chão se encontraram com os dele

A secretária da clínica veio nos chamar, avisando que o resultado estava pronto.

- Me espera aqui fora. Vou lá buscar e já volto. Abriremos juntos... - Ravi falou

Aqueles segundos pareceram uma eternidade. Quando vi Ravi com o envelope em mãos achei que fosse desmaiar ali mesmo. Podia ouvir as batidas aceleradas do meu coração. 

- Vamos entrar no carro pra abrir, pode ser? aqui passa gente toda hora - falou

Fomos pro carro dele. Ficamos em silêncio. Ravi permanecia com o envelope nas mãos, que tremiam visivelmente. 

- Abre você - disse me entregando o envelope

Respirei fundo e abri. 

Nate era filho do Ravi. 

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora