Verdade ou consequência

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Depois do dia da festa não vi mais o Ravi. Na verdade eu vi, na escola, mas não falei mais com ele. Na verdade é como se eu não existisse, porque ele não olha pra mim. Não que eu tenha visto.

Todos os anos rola um acampamento do ensino médio. É uma tradição do colégio e pra falar a verdade o que mais rola é gente se pegando. Imagina, um bando de adolescentes com os hormônios a flor da pele no meio do mato.

O colégio prepara várias atividades, provas, e etc.Mas no horário vago, depois que escurece, o bicho pega.

Esse é o segundo ano que vou. No acampamento do ano passado foi quando eu fiquei com o Otávio pela primeira vez. Ou seja, teoricamente estaríamos comemorando um ano do nosso quase namoro. Nunca oficializamos, e nem sei se quero.

Estávamos com as mochilas prontas quando meu pai chegou do plantão e disse que nos levaria.

- Ei, lindas. Por favor, tenham juízo. Qualquer coisa me liguem que vou correndo buscar vocês. É sério...

- Relaxa pai... sabemos nos cuidar...

- Eu sei... mas já tive a idade de vocês e sei como são esses acampamentos - disse passando as mãos pelos cabelos nervoso

- Eiii... ta tudo bem. Você sabe que pode confiar em mim - eu disse abraçando ele

- Eu sei... te amo filha! - disse me abraçando de volta e dando um beijo no topo da minha cabeça

Meu pai nos levou até a escola. De lá iríamos de ônibus. 

Quando entrei no ônibus o Otávio já guardava um lugar pra mim. Eu queria ir com a Luna, como no ano passado, mas não queria chateá-lo. Não depois de ter ido a uma festa sem ele. 

- Ei, vem cá - disse me puxando pra mais perto logo que sentei

Aninhei minha cabeça em seu ombro, mas em seguida todos pararam pra olhar o grupinho que chegou. Era o grupinho do Ravi. 

Eles conversavam animados, cantarolavam alguma coisa e davam risada. Ele já estava enturmado com os mais populares do colégio. 

- Não sei o que viram nesse novato - Otávio disse dando de ombros

Bom, eles eu não sei. Mas eu vi o garoto mais lindo da face da terra. E mais cheiroso também. Me perdi em pensamentos mas logo voltei pra vida real. 

Quando passaram pelo nosso banco o Ravi me olhou. Seus olhos encontraram os meus, e ele sorriu de lado. Novamente senti meu corpo formigar. Não sei descrever o que esse garoto me causa sem ao menos me tocar. O Otávio estava distraído com alguma coisa e nem notou. Menos mal. 

Seguimos viagem e foi impossível tirar um cochilo. Ravi e seus colegas foram badernando o caminho todo. 

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Chegamos no acampamento, montamos nossas barracas e fomos pra fogueira, onde os professores passariam as orientações e faríamos uma festa de boas-vindas.

Depois de tudo explicado fomos comer e beber. Era óbvio que não tinha bebida alcoólica, mas a galera sempre dava um jeito de trazer pra mais tarde.

Depois de um tempo o Otávio me chamou pra barraca dele. Eu estava com receio do que poderia acontecer, mas fui.

No fundo eu sabia que ele queria transar comigo. Há tempos estávamos nos pegando mais intensamente e quase chegávamos nos finalmentes. Mas algo me bloqueava, e eu não sabia o que era.

- Li... senta aqui... - me chamou pra perto dele no colchão - lembra que foi nesse acampamento que a nossa história começou?

- Um beijo de desafio no verdade ou consequência - falei rindo e sentando ao lado dele

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora