Mais um dia no acampamento

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No dia seguinte acordei antes de todo mundo. O sol ainda estava nascendo.

Na verdade eu mal dormi. Tava difícil processar toda aquela humilhação que o Otávio fez eu passar. E também o beijo do Ravi. O maldito beijo.

Resolvi sair pra caminhar na floresta e respirar um pouco de ar fresco. A Luna dormia feito uma pedra no colchão ao meu lado. Logo os alarmes tocariam e todos se preparariam para as atividades.

Fiquei pensando se o Otávio teria se arrependido de fazer aquilo comigo. Mas quando fui passar perto da barraca dele percebi um movimento e me escondi. Então vi a Mônica saindo lá de dentro, com a roupa de ontem ainda mal colocada e com os sapatos nas mãos. Ou seja, eles passaram a madrugada juntos transando. Ele não se arrependeu. Na verdade ele só queria era transar comigo. Não que eu o ame e ver ela saindo da barraca tenha partido meu coração, mas eu achei que pelo menos consideração comigo ele teria. Tivemos bons momentos juntos e acima de tudo éramos amigos. Me senti uma idiota.

Continuei caminhando e novamente escutei um barulho. Me escondi atrás de uma árvore e pude ver o Ravi com mais algumas pessoas. Ele estava abraçado com duas garotas, uma de cada lado do seu corpo. Além deles tinham mais alguns meninos e meninas. Estavam todos aparentemente bem bêbados e com as roupas de ontem. Ou seja, nem dormir eles foram, passaram a noite bebendo e sei lá fazendo mais o que.

Eles foram vindo pra direção que eu estava e não teve como me manter escondida. Abaixei e fingi que estava amarrando o cadarço do meu tênis, mas foi em vão. Eles me viram...

- Ei, garota... - droga, porque ele me viu

Olhei pra cima e encarei seus olhos. Ele tinha olhos lindos. Na verdade tudo nele era lindo, que droga. Ele podia ser um pouco feio, ajudaria.

- Ah, oi... vocês estão bem? - perguntei olhando para os outros que estavam com ele

- Claro que estamos bem - ele sorriu malicioso custando parar em pé

Todos deram risadinhas baixas e sem nexo. Coisa de gente bêbada mesmo.

De repente ouvimos os alarmes tocarem. Todos saíram correndo com medo de serem pegos. Se algum professor vê eles naquele estado, provavelmente seriam expulsos da escola.

O Ravi não conseguiu acompanhar eles e acabou ficando pra tras.

- Ta louco? você precisa correr e se esconder. Vai pra sua barraca...

- Eu.. acho que to passando mal... - disse querendo se sentar

- Meu Deus, ótima hora pra passar mal. Vem, vamos até a minha barraca, você precisa se esconder... - falei apoiando ele em mim e indo o mais rápido que dava

Cheguei na minha barraca com ele e a Luna não estava. Provavelmente foi escovar os dentes.

Coloquei ele deitado no meu colchão e tirei suas botas.

- Achei que não queria vir pra barraca comigo - ele falou malicioso, pra variar

- Se toca meu filho... só estou tentando te ajudar. Ou você quer ser expulso? Fica ai, dorme, e quando acordar você vai pra sua barraca pra tomar um banho. Se algum professor te vê dessa forma você ta ferrado. Agora temos atividade em grupo e ninguém vai sentir a sua falta - quando olhei ele já estava dormindo, pleno - aff - resmunguei

Terminei de me arrumar e quando fui sair da barraca dei de topa com a Luna.

- Ei, o Ravi ta aqui dentro... não fala pra ninguém - sussurrei

- Vocês transaram? Meu Deus eu sai faz alguns minutos...

- Larga de ser ridícula, Luna. Encontrei ele passando mal na floresta e só ajudei ele vir até aqui pra não ser pego pelos professores. Não sei onde é a barraca dele...

- Hahaha, podiam ter transado, eu apoiaria - ela disse dando mais uma conferida nele

Saímos e fomos fazer as atividades.

Já era hora do almoço e voltei pra minha barraca pra ver se ele estava bem. Mas ele já não estava mais lá. Só tinha um recado em um papel em cima do meu colchão. O bonito mexeu no meu caderno de anotações e arrancou uma folha.

"Valeu pela ajuda, gostosa. Beijo, R."

Senti uma palpitação em ler esse bilhete ridículo. Eu com certeza vou guardar essa merda.

Depois disso não fiquei mais as sós com ele. Ele me olhava de longe e sorria, ou acenava, mas não vinha falar nada. No dia seguinte fomos embora.

O garoto que me fez perder a linhaOnde histórias criam vida. Descubra agora